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Qual é a estratégia de Bolsonaro para o começo da campanha eleitoral
Bolsonaro durante discurso em Juiz de Fora (MG), em seu primeiro ato oficial da campanha eleitoral de 2022.| Foto: André Coelho/EFE

A visita de Jair Bolsonaro (PL) a Juiz de Fora (MG) na terça-feira (16) e a agenda dele nesta semana revelam a prioridade do presidente neste começo oficial da campanha: a região Sudeste, onde estão os maiores colégios eleitorais do país. Bolsonaro e o candidato a vice em sua chapa, o general Braga Netto, vão estar em pelo menos sete cidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo até o próximo sábado (20).

O roteiro traçado pelo comitê da campanha de Bolsonaro segue a estratégia de buscar novos eleitores no Sudeste. A escolha por Juiz de Fora como primeira agenda está inserida, por exemplo, dentro de um planejamento para reduzir a rejeição e ampliar a popularidade e consequente base eleitoral do presidente – além de ter o caráter simbólico de ser a cidade onde ele sofreu uma tentativa de homicídio na campanha de 2018.

Até sábado, a única agenda de campanha de Bolsonaro que não ocorrerá em algum estado do Sudeste será nesta quarta-feira (17), quando ele se reúne com um grupo de prefeitos em Brasília. Para o comitê eleitoral do presidente, é um evento significativo para a articular a reeleição, pois os prefeitos de todo o país pode se tornar cabos eleitorais. A ideia do encontro com os prefeitos é aproveitar um espaço posterior na agenda dos gestores municipais após uma reunião técnica da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), na sede da entidade.

Nesta quarta-feira (17), porém, Braga Netto estará em Ribeirão Preto (SP), na região considerada estratégica pela campanha de Bolsonaro.

Já na quinta (18), sexta-feira (19) e sábado (20), Bolsonaro e Braga Netto percorrerão municípios de São Paulo, onde o presidente participará do lançamento da campanha do ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo do estado. Também cumprirão agenda em Belo Horizonte (MG) e em municípios do estado do Rio de Janeiro.

Como é a estratégia da campanha de Bolsonaro em Minas

A agenda de Bolsonaro em Juiz de Fora, além de marcar presença no segundo estado mais populoso do país e do Sudeste, também faz parte do planejamento para construir uma imagem "emotiva" em torno do presidente. O comitê da campanha pretende que Bolsonaro adote um tom de maior sensibilidade, a fim de não transparecer uma postura mais "dura" e "bélica".

Em Juiz de Fora, Bolsonaro apostou em um discurso conservador e falou em "renascimento" após a facada de 2018. Ele também falou sobre realizações em seu governo e pediu que os eleitores façam "comparações" entre sua gestão e os quatro anos de "outro que foi presidente qualquer no passado". As falas também fazem parte estratégia para de se contrapor aos governos do PT.

As agendas de Bolsonaro em Minas Gerais também pretendem fortalecer aliados políticos como o senador Carlos Viana (PL-MG), candidato ao governo do estado Viana esteve com o presidente no comício em Juiz de Fora. Para a campanha de Bolsonaro, o presidente pode ajudar a impulsionar Viana. E Viana também pode ajudar a conquistar votos dos mineiros.

Além disso, os estrategistas de Bolsonaro também avaliam que é importante apoiar um aliado do mesmo partido pelo chamado efeito do "voto de legenda" – quando o eleitor opta por votar no partido nas eleições de deputado e não necessariamente em um nome específico. Eleger uma grande bancada de apoio na Câmara é também um dos objetivos da campanha de reeleição.

Por esse mesmo motivo Bolsonaro voltará a Minas Gerais na sexta-feira (19), quando deve cumprir atividades em Belo Horizonte, afirma o deputado federal Zé Vítor (PL-MG). O parlamentar diz que a figura do presidente no estado é "muito grande" e acredita que o cumprimento de agendas em municípios mineiros ajuda a consolidar votos e fortalecer o presidente no estado.

"Acho que Minas está respondendo às ações que o Bolsonaro tem feito aqui", diz Zé Vítor, que é vice-líder do PL na Câmara. Para Zé Vítor, Minas Gerais ainda é um estado com um sentimento do "anti-petismo". "Eu vejo que o estado ainda é de uma maioria de centro e centro-direita. Aqueles que simpatizam com o que ele [Bolsonaro] prega e mantêm o sentimento anti-PT vão apoiá-lo", aposta o parlamentar.

O núcleo político também vislumbra em Braga Netto outro importante nome para ajudar o presidente a ampliar os votos em Minas.

Quando ainda era assessor especial do gabinete pessoal do presidente da República, ele cumpriu agenda em no estado com empresários do setor da indústria e prefeitos. Nascido em Belo Horizonte, o ex-ministro da Defesa tem destacado suas origens mineiras.

O que a campanha traçou para Bolsonaro em São Paulo

O cumprimento de viagens de Bolsonaro e Braga Netto em São Paulo segue, por sua vez, uma estratégia semelhante à adotada em Minas Gerais para impulsionar a chapa à reeleição. A ideia é apoiar a candidatura de Tarcísio de Freitas ao governo paulista de modo que ambas as candidaturas possam ser beneficiadas uma da outra.

Com menos de 48 dias até o primeiro turno, Bolsonaro e seu comitê eleitoral sabem que precisam ser cirúrgicos. Por isso, vão dedicar três dias nesta primeira semana de campanha ao estado. O objetivo é alavancar a candidatura de Tarcísio e estimular os eleitores a votarem na chapa presidencial.

Com imagens nas redes sociais que o colocam lado a lado de Bolsonaro, Tarcísio anunciou o lançamento de sua campanha ao governo de São Paulo em São José dos Campos (SP), quinto maior município do estado e base de seu vice, Felicio Ramuth (PSD). O ex-ministro da Infraestrutura e o presidente participarão de uma motociata e discursarão na Arena Municipal de Esportes.

O deputado federal Coronel Tadeu (PL-SP) está otimista com o lançamento da campanha de Tarcísio acompanhado de Bolsonaro. Para ele, a agenda será importante não apenas para fortalecer ambas as candidaturas, como também para alavancar a campanha do ex-ministro da Ciência e Tecnologia Marcos Pontes (PL) ao Senado.

"Agora, podendo divulgar número e pedir voto, tenho certeza que Marcos Pontes vai subir pra caramba e acho que ele vai levar essa. Tarcísio também vai ser beneficiado e só ainda não está colado com a mesma porcentagem do presidente pois ainda está sendo conhecido. Mas isso vai mudar, tenho certeza que vai dar [Fernando] Haddad e Tarcísio [no segundo turno], e que o Tarcísio vai ganhar, porque São Paulo não quer o PT", diz o deputado.

Para a candidatura de Pontes, porém, Tadeu entende que Bolsonaro vai ter que "abraçar" o ex-ministro. "Onde vai com ele [Pontes] é muito fácil. Mas as pessoas não sabem que é candidato a senador. Porém, quando se fala em votar no Marcos Pontes ou Márcio França [candidato ao Senado pelo PSB], todo mundo fala que vai no 'astronauta' [Pontes foi o primeiro astronauta brasileiro]. É só dar tempo ao tempo e usar as redes sociais. Mas o presidente vai ter que pegar o Marcos a tira colo, levar ele para uma live e fazer o trabalho que foi feito em 2018", diz Coronel Tadeu.

O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) elogia a estratégia da campanha de Bolsonaro para o estado. "Centrar foco em São Paulo está corretíssimo. Além de ser o maior colégio eleitoral do país, tem o eleitor mais conservador do Brasil. Ou seja, temos muito potencial para crescer", diz o parlamentar, que é vice-líder do governo no Congresso e foi convidado para o lançamento da campanha de Tarcísio.

A ida de Bolsonaro a São José dos Campos, que ainda fará uma visita ao complexo do Parque Tecnológico do município, é uma estratégia que será complementada com agendas de Braga Netto em Ribeirão Preto (SP), nesta quarta-feira (17), e em Barretos (SP) e outras cidades próximas, na quinta (18). A ideia não é manter Bolsonaro e Braga Netto juntos o tempo todo para atingir o máximo de pessoas.

Qual é a estratégia da campanha no Rio de Janeiro

O núcleo eleitoral de Bolsonaro acredita que Braga Netto exercerá um papel de ainda maior destaque no Rio de Janeiro. O argumento é de que, por ter sido interventor federal na segurança pública no estado durante o governo do ex-presidente Michel Temer, o general atingiu um respeito e reconhecimento da população do estado.

Como boa parte da estratégia da campanha no estado está ancorada na agenda da segurança pública, o entendimento é de que Braga Netto será uma peça tão importante quanto Bolsonaro para obter votos.

Além da pauta centrada na segurança pública, Braga Netto e a campanha apostam em uma estratégia de aproximação com setores importantes e que alavancam a economia e as ações sociais.

No sábado, Braga Netto e Bolsonaro participam de cerimônia militar na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). A expectativa da campanha é reunir a base política no estado e, assim como em Minas Gerais e São Paulo, a meta é vincular a candidatura presidencial à campanha à reeleição do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), que deve marcar presença na agenda.

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