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Braga Netto, ministro da Defesa, é o nome mais cotado para ocupar o posto de vice na chapa do presidente Bolsonaro.| Foto: Marcos Correa/PR

O presidente Jair Bolsonaro indicou, na segunda-feira (21), que o ministro Braga Netto (Defesa) será o candidato a vice-presidente em sua chapa nas eleições de outubro. Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro disse que seu vice nasceu em Belo Horizonte e estudou em colégio militar, duas características que se encaixam em Braga Netto. Em outro trecho da entrevista, afirmou que busca "ter um vice que não tenha ambições de ocupar a minha cadeira".

A segunda afirmação de Bolsonaro se relaciona com o perfil do ministro e com a trajetória que o levou a ser cotado como vice-presidenciável. Braga Netto é general do Exército com longa e bem-sucedida carreira militar. Mas, desde que passou a integrar o primeiro escalão do governo Bolsonaro, também foi eficiente como burocrata. Se mostrou um leal apoiador do presidente e ajudou a apagar incêndios – muitos deles provocados por apoiadores de Bolsonaro. "Para você também, não deixa de ser mais um desafio, você sai da parte bélica e vai para a burocracia”, disse Bolsonaro a Braga Netto durante discurso na cerimônia de posse do general como ministro da Casa Civil, em fevereiro de 2020.

A Casa Civil foi a porta de entrada de Braga Netto no governo. Ele assumiu a pasta em substituição a Onyx Lorenzoni, atual ministro do Trabalho, e até então um dos braços-direitos de Bolsonaro. Lorenzoni caiu após uma série de desgastes que envolveram seu ministério, como a viagem que seu assessor Vicente Santini fez em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

Braga Netto assumiu a Casa Civil e a conduziu com discrição. Permaneceu na função até março de 2021, quando migrou para o Ministério da Defesa . Novamente, foi para o cargo na tentativa de conter uma crise. O problema instalado na pasta se deu após seu antecessor, Fernando Azevedo e Silva, se indispor com Bolsonaro por, segundo divulgado à época, se recusar a utilizar as Forças Armadas como instrumento político. Na ocasião, Bolsonaro vivia às turras com governadores e prefeitos por conta de medidas restritivas de circulação, motivadas pela pandemia de coronavírus.

Azevedo saiu, Braga Netto foi empossado e um de seus primeiros atos foi divulgar uma nota defendendo a celebração do golpe militar de 1964.

Com pouco tempo de função teve que lidar com o pedido coletivo de demissão dos comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica. Mais uma vez, a motivação para a disputa seria a discordância sobre o modo de atuação das Forças Armadas. A crise, que teve seu ápice em abril de 2021, foi citada como a maior ocorrida nas Forças Armadas desde o regime militar, mas acabou contida e não gerou muitos efeitos práticos depois disso.

Como ministro da Defesa, Braga Netto foi um pouco menos discreto do que havia sido na Casa Civil – mas ganhou pontos com Bolsonaro por se mostrar sempre leal ao presidente. Um episódio que simboliza a afinidade entre os dois ocorreu em julho do ano passado, quando ele teria se encontrado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para pressioná-lo a pautar o projeto que instituía o voto impresso no Brasil. O questionamento do sistema atual de urnas eletrônicas é uma prática corriqueira de Bolsonaro e seus apoiadores.

A afinidade de Bolsonaro com Braga Netto teve como consequência negativa ao ministro sua inclusão na extensa lista de indiciados da CPI da Covid. O ministro foi citado no texto da comissão pelo suposto crime de epidemia com resultado de morte. Segundo a CPI, a responsabilidade de Braga Netto se deu pelo fato de ele ser o titular da Casa Civil durante a aquisição de vacinas contra a Covid-19 e a tentativa de modificação da bula da cloroquina, para incluir no texto a informação de que o medicamento seria eficaz contra a doença.

Interventor no Rio, chefe da defesa na Polônia

Quando Braga Netto foi anunciado como ministro da Casa Civil, recebeu um inusitado elogio do deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), opositor do governo federal. O parlamentar disse que o general era "um sujeito de diálogo, que possui muito mais sensatez que 90% dos ministros de Bolsonaro.”

O elogio de Freixo ocorreu em função da relação que ele teve com Braga Netto quando o atual ministro exerceu a função que lhe deu a maior notoriedade até a chegada ao Palácio do Planalto. Braga Netto foi, em 2018, o interventor na segurança pública do estado do Rio de Janeiro. O cargo foi uma novidade. Embora previstas na Constituição, as intervenções em estados não haviam ocorrido no Brasil desde a redemocratização do país.

Braga Netto foi escolhido pelo então presidente Michel Temer (MDB) para o posto e, no comando da segurança do Rio, registrou resultados positivos e também controvérsias. Crimes como latrocínios e homicídios tiveram seus índices reduzidos ao longo daquele ano. Por outro lado, foi durante o período de Braga Netto que a vereadora Marielle Franco (Psol) foi assassinada, caso que permanece sem solução plena até os dias atuais. O general também foi contestado por empreender poucas medidas de combate às milícias.

A experiência como interventor não foi a primeira de importância que Braga Netto exerceu no Rio de Janeiro. Ele havia sido, entre 2013 e 2015, o coordenador-geral da assessoria especial para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio, em 2016.

Antes, também desempenhou cargos como adido de defesa e Exército nas embaixadas brasileiras na Polônia e nos EUA, e serviu em uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU) em Timor Leste, na Ásia. Quando foi chamado para a Casa Civil, ocupava o posto de chefe do Estado‐Maior do Exército.

Braga Netto é ainda formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, na turma de 1978 – um ano antes de Jair Bolsonaro concluir seu curso.

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