• Carregando...
governadores do Nordeste
Os governadores Wellington Dias (PI), Camilo Santana (CE), Rui Costa (BA), Flávio Dino (MA) e Paulo Câmara (PE), durante o lançamento do Consórcio Nordeste, em 2019: todos não podem concorrer à reeleição.| Foto: Reprodução JMTV/G1

Dos oito governadores de estado que atualmente cumprem o segundo mandato e não podem se candidatar à reeleição, quatro devem permanecer na função até o fim do ano. Se efetivamente ficarem em seus cargos, não poderão disputar eleições em 2022 – com isso, vão na contramão da "tradição" política brasileira, que é a busca por uma vaga no Senado. Três, porém, devem manter o roteiro tradicional, deixando os cargos antes do fim do mandato para tentar uma vaga de senador, conforme exige a lei eleitoral. E a situação de um governador que não pode tentar a reeleição ainda é uma incógnita.

Os governadores que estão em segundo mandato e devem permanecer no cargo são os de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); da Bahia, Rui Costa (PT); do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB); e do Amapá, Waldez Góes (PDT). Em geral, essa decisão de não disputar as eleições têm relação com acertos regionais para fortalecer alianças para a disputa presidencial.

Já os governadores que vão concorrer ao Senado são os do Piauí, Wellington Dias (PT); do Ceará, Camilo Santana (PT); e do Maranhão, Flávio Dino (PSB). O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), ainda não sabe se disputa uma vaga ao Senado ou se completa o mandato.

"Desistências" do Senado por governadores tem relação com alianças nacionais

A decisão do pernambucano Paulo Câmara e do baiano Rui Costa de permanecer no governo do estado até o fim da gestão tem relação direta as eleições para a Presidência da República. O PT de Costa lançará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato e busca, no atual momento, compor uma coligação com diferentes partidos. Entre eles o PSB, de Câmara. Os dois governadores se posicionaram como articuladores políticos em seus estados – na terça-feira (15) Costa participou de uma reunião com a cúpula do PT, na qual estiveram Lula, a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR) e o senador Jaques Wagner (PT-BA). O parlamentar é pré-candidato ao governo da Bahia. Ele busca voltar ao cargo que ocupou entre 2007 e 2014.

Após a reunião, Wagner escreveu em suas redes sociais que mantinha a sua pré-candidatura ao governo e que sua chapa tem, atualmente, dois pré-candidatos ao Senado: o vice-governador João Leão (PP) e o atual senador Otto Alencar (PSD). Na eleição de 2022 estará em disputa apenas uma vaga no Senado por estado, o que exigirá uma decisão entre Leão e Alencar. Portanto, se o governador também quisesse disputar a cadeira, as alianças em favor de Lula na Bahia poderiam ser comprometidas, já que em 2022 apenas uma cadeira ao Senado estará em disputa em cada estado. Desse modo, Rui Costa segue no cargo até dezembro.

Em Pernambuco, a decisão de Paulo Câmara de continuar no governo e não disputar um posto no Senado também faz parte de uma aliança eleitoral no estado – no caso, entre entre PT e PSB. Os dois partidos, que firmaram uma árdua disputa pela prefeitura do Recife em 2020, se reaproximaram, o que levou o senador Humberto Costa (PT) a retirar sua pré-candidatura ao governo. O deputado federal Danilo Cabral (PSB) será o candidato a governador, representando a aliança entre os partidos, e a vaga no Senado deverá ser entregue ao PT – e com isso, Câmara, que é do PSB, não vai disputar essa vaga. A deputada federal petista Marília Arraes é cotada para ser a candidata a senadora pela aliança.

No Mato Grosso do Sul, o posicionamento de Reinaldo Azambuja (PSDB) de também ficar no cargo igualmente se vincula com a eleição presidencial, mas sob a ótica da direita.

O governador lançará para a sua sucessão o secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel, também filiado ao PSDB. Ele deseja que a chapa tenha como nome para o Senado a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que atualmente está filiada ao União Brasil, mas que negocia a ida ao PP. A ministra, porém, é também cotada para concorrer como vice do presidente Jair Bolsonaro. Apesar do atual posicionamento, Azambuja deixa no ar a possibilidade de rever a decisão de não disputar o Senado "se o momento político exigir sacrifícios".

Já no Amapá, a situação envolve uma briga local. O governador Waldez Góes (PDT) indicou que deve ficar até o término do mandato para apoiar na disputa para o governo o ex-prefeito de Macapá Clécio Luis (sem partido). O governador rompeu com seu vice, Jaime Nunes (Pros), que é pré-candidato ao governo. E, se Góes renunciar para disputar outro cargo, Nunes assumiria o governo, podendo ser o candidato à reeleição com a máquina do estado na mão – a lei eleitoral permite que governadores que tentam a reeleição fiquem no cargo.

A eleição no Amapá aguarda também uma definição que envolve o senador Randolfe Rodrigues (Rede). O parlamentar também mostrou interesse em disputar o governo, mas foi convidado pelo ex-presidente Lula para coordenar sua campanha e, por isso, se declara "dividido" entre as hipóteses.

"Tradição" de governadores será mantida em três estados

Em pelo menos três estados (Piauí, Ceará e Maranhão), a tradição de governadores que não podem disputar a reeleição será mantida: disputar o Senado.

Wellington Dias (PT) foi eleito governador do Piauí em 2002 e reeleito em 2006. Em 2010, deixou o segundo mandato antes do término para concorrer a uma vaga no Senado. Venceu e ficou no Congresso até 2014, quando deixou o Legislativo para novamente ser candidato ao governo do Piauí. Foi eleito e, em 2018, se reelegeu.

Agora, 20 anos depois do início do "ciclo", o petista tentará repetir a trajetória, com uma nova candidatura ao Senado. Ele deixará o cargo em março, e vai entregar o governo a Regina Sousa (PT) – que não deverá disputar a reeleição, já que o pré-candidato do PT é Rafael Fonteles, atual secretário estadual da Fazenda.

Em dois estados vizinhos do Piauí, Ceará e Maranhão, os governadores também devem disputar uma vaga no Senado. O cearense Camilo Santana (PT-CE) ainda não confirmou a candidatura a senador, mas essa é a tendência.

Já com Flávio Dino (PSB) o quadro é distinto. Ele é pré-candidato ao Senado e sua candidatura também faz parte das negociações que aproximaram PT e PSB no plano federal. Uma hipótese que ronda seu projeto para 2022 é o de ter a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) como sua suplente. A ideia, divulgada pelo portal Metrópoles, é a de esperar que Dino ocupe um ministério durante uma eventual gestão de Lula e que, assim, abra a vaga no Senado para Dilma. O governador e a ex-presidente, em público, negam a especulação.

Renan Filho: a indefinição em Alagoas

O outro governador que encerra a sua passagem no comando do estado em 2022 é Renan Filho (MDB), de Alagoas. E seu futuro político é uma incógnita. Ele ainda não definiu se disputa o Senado ou se encerra o mandato.

O emedebista é visto como favorito caso realmente concorra a uma vaga no Congresso. Dois fatores, porém, inibem a confirmação agora da pré-candidatura. O primeiro é que ele teria como adversário nas urnas o ex-presidente Fernando Collor (Pros), cujo mandato no Senado se encerra em 2022, e que é, historicamente, um campeão de votos no estado.

Outro fator é a definição do sucessor imediato de Renan Filho no governo. O seu vice-governador Luciano Barbosa (MDB) se elegeu, em 2020, prefeito de Arapiraca, a segunda maior cidade de Alagoas. Com isso, uma renúncia de Renan Filho faria com que o governador do estado até dezembro seja alguém escolhido de modo indireto pela Assembleia Legislativa.

Mas, caso Renan Filho se candidate e vença a disputa por uma cadeira no Senado, terá como companheiro de bancada seu pai, Renan Calheiros (MDB), que exerce mandato na Casa desde 1995.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]