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MDB Simone Tebet
Presidente do MDB, Baleia Rossi, tenta viabilizar candidatura de Simone Tebet, mas diretórios começam a se rebelar| Foto: MDB/Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) observam com especial atenção a um possível esvaziamento da chamada terceira via. A aliança política entre MDB, PSDB e Cidadania visa apresentar um candidato único ao Palácio do Planalto nas eleições deste ano, mas sofreu um revés na semana passada com a saída do União Brasil das negociações.

Até o momento, a cúpula do MDB aposta no nome da senadora Simone Tebet para unir a terceira via. Dentro do partido, porém, a manutenção da candidatura dela é vista como improvável. Muitos emedebistas preferem apoiar Lula ou Bolsonaro. Por isso mesmo, os dois presidenciáveis cortejam o MDB de olho na capilaridade do partido no interior do país – são mais de 700 prefeituras administradas por emedebistas.

Lula aparenta ter mais influência dentro dos quadros do MDB. Ele conta com o apoio de diversos caciques emedebistas e já recebeu sinalização favorável de ao menos 14 dos 27 diretórios estaduais do MDB, a maioria no Nordeste. Principal aliado do petista, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem articulado internamente para levar o partido de forma oficial para a pré-candidatura de Lula.

"É uma insanidade você querer, num quadro de polarização desses, manter uma candidatura com 1% dos votos, repetindo o que aconteceu com a candidatura do [Henrique] Meirelles em 2018", afirmou Calheiros em entrevista à revista Veja, em referência ao desempenho de Simone Tebet nas pesquisas de intenção de voto.

De acordo com o levantamento Ipespe, divulgado na última sexta-feira (6), a pré-candidata do MDB aparece com 1% das intenções de votos. A pesquisa mostra Lula na liderança com 44%, seguido por Bolsonaro com 31%.

Na semana passada, Calheiros se reuniu com o ex-presidente Michel Temer para pressionar contra a candidatura de Tebet. No encontro, ambos sinalizaram a necessidade de "pacificação do país" e que o MDB poderia atuar nesse campo.

Convidado para o lançamento da pré-candidatura de Lula, o senador Veneziano Vital do Rêgo (PB) diz que o diretório do MDB na Paraíba já fechou apoio ao ex-presidente. "Fomos convidados para levar o renovado abraço e o reiterado apoio que o MDB da Paraíba tem em relação a essa postulação. Nós identificamos nele [Lula] as condições para que nesse momento possamos recompor o tecido social", afirmou o parlamentar.

Sem Tebet, ala do MDB pode ter maioria para apoiar Bolsonaro 

Apesar da influência de Lula junto a caciques do MDB, a ala do partido que defende a reeleição de Jair Bolsonaro, formada por diretórios do Sul e do Sudeste, teria maioria de votos caso o apoio seja levado à discussão na convenção do partido.

De acordo com a executiva da sigla, sem a candidatura de Tebet, o grupo pró-Lula no MDB conseguiria apenas 30% dos votos, enquanto o atual presidente seria apoiado por 70%. Os cálculos foram feitos com base no quadro de delegados e na leitura do cenário político em cada região.

No Nordeste, onde Lula concentra o seu apoio, o MDB conta com 107 votos, ou 25% do total da convenção. O Sudeste também tem 107 votos; o Sul, 94; o Norte, 75; e o Centro-Oeste, 44 votos.

Aliados do presidente Bolsonaro vêm mantendo conversas frequentes com quadros do MDB. Na última semana, por exemplo, o presidente esteve ao lado de integrantes da bancada emedebista que pretendem apoiar sua reeleição. No encontro, Bolsonaro recebeu a sinalização de deputados como Osmar Terra (RS), Rogério Peninha (SC) e Otoni de Paula (RJ) de que os diretórios de estados do Sul e do Sudeste já estarim trabalham pela reeleição dele.

"Enquanto essa turma do Renan Calheiros insiste no ex-presidente Lula, lideranças do partido nas regiões Sul e Sudeste estão fechadas com Bolsonaro. Eu mesmo estou mais firme do que nunca", defende Peninha.

Cúpula do MDB insiste em viabilizar Tebet na terceira via 

Para evitar um embarque formal do partido na chapa de Bolsonaro durante a convenção partidária, a cúpula do MDB tem trabalhado para que o nome de Simone Tebet consiga atrair o apoio até de nomes que pretendem dar palanque para Lula em seus redutos eleitorais. A estratégia seria uma forma de neutralizar as duas alas dissidentes do partido durante a disputa presidencial.

"Vamos na convenção do partido votar na senadora Simone Tebet para que seja homologada candidata do partido, e vamos fazer campanha para a senadora Simone Tebet no primeiro e no segundo turno, porque tenho certeza que ela vai ganhar as eleições e ser a próxima presidente do Brasil", defendeu Gabriel Souza, deputado estadual e pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul pelo MDB.

Paralelamente, o MDB tem apresentado aos diretórios estaduais uma pesquisa qualitativa que, segundo o presidente nacional do partido, deputado Baleia Rossi, apresenta resultados promissores sobre a candidatura de Tebet.

"Os resultados são animadores. A pesquisa demonstra que há um espaço para furar esses pólos que já estão colocados. Há ainda 40% da população que busca uma alternativa equilibrada, moderada, que entregue resultados à população", afirmou Rossi.

Com o desembarque do União Brasil do grupo da terceira via, o MDB mantém as conversas com o PSDB, que tem o ex-governador João Doria como pré-candidato, e com o Cidadania. Nesta quarta-feira (11), os partidos divulgaram em comunicado conjunto que já definiram os critérios para a escolha de um candidato único à Presidência da República a ser lançado pelas três legendas. Segundo a nota, serão utilizados principalmente os resultados de pesquisas qualitativas e quantitativas.

O MDB sonha em ter Doria como vice na chapa de Tebet. "Nós estamos dialogando e temos esperança de que até o dia 18 [de maio] a gente possa convencer também o pré-candidato João Doria de que nós somos o melhor nome", afirmou a senadora.

Metodologia de pesquisa citada na reportagem

A pesquisa Ipespe foi realizada por telefone entre os dias 2 e 4 de maio de 2022, a pedido da XP Investimentos. A amostragem é de mil eleitores brasileiros, com margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos e nível de confiança é de 95,45%. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-03473/2022.

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