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Ciro Gomes
Cúpula do PDT diz que insistirá com candidatura presidencial de Ciro Gomes até o dia da eleição, afastando rumores de desistência.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O PDT vai oficializar nesta sexta-feira (21), num evento em Brasília, a pré-candidatura do ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes ao Palácio do Planalto. Para afastar pressões internas por uma eventual retirada da candidatura, o evento terá como mote o slogan: "Ciro – a rebeldia da esperança".

"A ansiedade é tanta que decidi antecipar esta logomarca para vocês. Esta frase é mais que um slogan, é o lema da minha vida! Há mais surpresas na sexta. Vamos que vamos", escreveu Ciro nas suas redes sociais.

De acordo com aliados, o evento tem como objetivo oficializar a entrada do pedetista na disputa eleitoral e afastar qualquer rumor de retirada da pré-candidatura do partido. Recentemente, integrantes da bancada do PDT passaram a pressionar a cúpula da legenda para que a candidatura fosse retirada diante da estagnação de Ciro Gomes e do crescimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última pesquisa da Quaest.

Levantamento do instituto divulgado no dia 12 de janeiro mostrou Ciro em quarto lugar na corrida presidencial, com 5% das intenções de voto, numericamente atrás do ex-ministro Sergio Moro (Podemos), que somou 9%. Ambos estão tecnicamente empatados no limite da margem de erro de dois pontos percentuais. Ainda de acordo com a pesquisa, Lula lidera com 45%, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem 23%.

O desempenho de Ciro Gomes vem sendo alvo de questionamentos por integrantes da bancada do PDT, que temem dificuldades para renovação de seus mandatos para o Congresso. Para essa ala, a liderança de Lula na pesquisa e a entrada de Moro na chamada terceira via inviabilizaram a candidatura do pedetista.

Diante disso, parte dos pedetistas defende uma adesão à candidatura de Lula ainda no primeiro turno. Mesmo assim, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, tem afirmado que a sigla vai com Ciro até outubro. Para o dirigente, a candidatura do ex-governador cearense ainda vai deslanchar.

"Nós queremos afirmar a candidatura do Ciro justamente para evitar essas fake news. Tem gente do PT alimentando isso, doida pra ver o Ciro longe da disputa”, disse Lupi.

Slogan tenta afastar fama de "destemperado" de Ciro Gomes 

Pensado pelo ex-marqueteiro do PT João Santana, o slogan da campanha também pretende afastar a fama de destemperado de Ciro Gomes adquirida em disputas anteriores. Candidato nas disputas de 1998, 2002 e 2018, o pedetista ficou conhecido por duras falas contra jornalistas e desafetos políticos.

Na campanha presidencial de 2018, por exemplo, Ciro xingou e deu um empurrão em um jornalista em Roraima. Na ocasião, ele havia iniciado uma entrevista quando foi questionado sobre um pronunciamento relacionado a moradores do município de Pacaraima, no Norte do estado, que atacaram imigrantes em situação de rua após um comerciante ter sido roubado e agredido por venezuelanos.

"Ciro, o senhor reafirma o que disse sobre os brasileiros que tiveram aquela manifestação lá na fronteira, que chamou os brasileiros de canalhas, desumanos e grosseiros", questionou o jornalista.

Irritado, Ciro acabou rebatendo o questionamento com xingamentos. "Vai pra casa do Romero Jucá, seu filho da p...", esbravejou Ciro, empurrando o jornalista e se referindo ao ex-senador do MDB. "Pode tirar esse daqui. Esse aqui é do Romero Jucá. Tira ele, tira ele, prende ele aí", completou.

Agora, aliados do pedetista pretendem dar para a campanha um tom mais "sereno" e "equilibrado" para Ciro Gomes. No vídeo, que será apresentado na oficialização da pré-candidatura, a palavra “rebelde” é repetida diversas vezes. “Sou rebelde porque quero ver mudança”, é o primeiro verso do jingle.

Com racha na Rede, Marina Silva pode ser vice de Ciro

Discutindo a possibilidade de integrar uma federação com partidos de esquerda como forma de sobrevivência, o partido Rede Sustentabilidade está divido entre declarar apoio a Ciro Gomes e ao ex-presidente Lula. Com apenas um deputado e um senador, parte da sigla passou a discutir a possibilidade de integrar a federação dos partidos de esquerda que será liderada pelo PT.

Paralelamente, a ex-ministra Marina Silva, fundadora do partido, mantém conversas com o PDT para se tornar candidata a vice na chapa do ex-governador cearense. Ciro e integrantes do PDT passaram a elogiar Marina publicamente nas últimas semana, o que seria indicativo de que uma união está próxima.

Outro empecilho para a aliança é a presença de João Santana como marqueteiro da campanha. Candidata à Presidência em 2014 pelo PSB, Marina foi alvo de propagandas negativas produzidas por Santana, responsável pela comunicação da campanha à reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT). Um dos vídeos do horário eleitoral petista falava sobre a proposta de Marina de promover a independência formal do Banco Central. No vídeo, a consequência era a retirada de comida da mesa de trabalhadores.

Apesar disso, Carlos Lupi acredita que Marina pode ser um nome viável para a chapa. "Isso não depende de mim. O Ciro tem excelente relação com Marina e podemos ajustar um programa conjunto. Gostaria muito", afirmou o presidente do PDT.

Caso haja acordo com Marina, a composição só deve acontecer em maio ou junho, próximo aos prazos legais para definição da chapa. No entanto, a expectativa é de que a Rede libere que nomes como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o deputado Túlio Gadelha (PE), que vai trocar o PDT pela Rede, apoiem o nome de Lula em seus redutos eleitorais.

Metodologia da pesquisa citada na reportagem

A pesquisa do Instituto Quaest, encomendada pelo Banco Genial, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00075/2022. O levantamento ouviu 2 mil eleitores entre os dias 6 e 9 de janeiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos; e o nível de confiança é de 95%.

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