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O ex-presidente Lula entre Freixo (PSB) e Ceciliano (PT): lançamento de petista do Rio de Janeiro ao Senado pode implodir aliança
O ex-presidente Lula entre Marcelo Freixo (PSB) e André Ceciliano (PT): lançamento de petista do Rio de Janeiro ao Senado pode implodir aliança com o candidato do PSB ao governo.| Foto: Reprodução/Twitter

A convenção nacional do PT confirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato do partido ao Palácio do Planalto e também o nome do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) como vice. A definição enterrou resistências que Alckmin ainda tinha dentro do PT, pelo seu passado de adversário dos petistas. Mas a pacificação não é integral na relação entre o PT e seus aliados. Em diferentes estados, os petistas têm arestas a aparar com seus possíveis aliados. E esses impasses estaduais podem impactar a campanha presidencial de Lula, pois há o risco de ele ter menos apoios e cabos eleitorais para pedir votos.

Um dos exemplos mais ruidosos é o do Rio de Janeiro, o terceiro estado mais populoso do Brasil. PT e PSB firmaram um pacto em torno do nome de Marcelo Freixo (PSB), pré-candidato ao governo do estado com o apoio de Lula. As duas legendas, porém, apresentaram nomes diferentes para o Senado: Alessandro Molon (PSB) e André Ceciliano (PT). Os dois pré-candidatos, assim como seus partidos, permanecem irredutíveis e não querem deixar a disputa pela vaga de senador. O impasse pode fazer com que o PT tire o apoio a Freixo e passe a integrar a coligação do candidato ao governo Rodrigo Neves (PDT), que já conta com o apoio do PSD, partido do prefeito carioca Eduardo Paes.

Em outro estado com grande número de eleitores, o Rio Grande do Sul, o PT também vive impasse com o PSB por causa de duas pré-candidaturas ao governo estadual. Os petistas apostam em Edegar Peretto e o PSB, em Beto Albuquerque. Os membros do PSB esperavam contar com o apoio do PT, como retribuição à decisão em São Paulo de retirar o nome de Márcio França da disputa pelo governo do estado para apoiar Fernando Haddad (PT). O constrangimento já dificultou agendas de Lula e Alckmin no Rio Grande do Sul.

Em Goiás, é possível que haja uma inusitada aliança entre o PT e o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), um antigo adversário dos petistas. O tucano quer voltar ao comando do estado e busca atrair o eleitorado de centro-esquerda, distante das pré-candidaturas de Major Vitor Hugo (PL) e do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Mas a possibilidade de uma aliança entre o PT e Perillo enfrenta a rejeição de parte da esquerda de Goiás que tradicionalmente fazia oposição ao tucano.

Em Pernambuco, há uma briga pelo uso da imagem de Lula na esquerda. O PT está coligado formalmente com o PSB, que tem como nome ao governo o deputado Danilo Cabral. A também deputada Marília Arraes (Solidariedade), igualmente candidata ao governo, busca usar o nome de Lula em sua campanha – e conta com a simpatia de setores da esquerda pernambucana.

O arranjo local pode ter um impacto direto na campanha de Lula. Uma alternativa colocada na mesa de negociações é a de a coligação composta por PT e PSB ter, em Pernambuco, Luciano Bivar (União Brasil) como candidato ao Senado. Atualmente, Bivar é candidato a presidente da República; e o o PT mantém o discurso público de que sua candidata ao Senado é Teresa Leitão. Mas composição do PT com Bivar, ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), tem potencial de enfrentar resistência dentro do PT e da esquerda do estado.

Já na Paraíba a disputa se dá em torno de dois pré-candidatos ao governo que querem ter o apoio de Lula no estado. Um é o atual governador, João Azevedo (PSB), e o outro é o senador Veneziano Vital do Rego (MDB). O PT deve indicar o vice na chapa do emedebista, mas terá que conviver com as movimentações da campanha de Azevedo, que é do mesmo partido de Geraldo Alckmin.

O Amazonas vive um quadro de descompasso entre as determinações nacionais do PT e a vontade dos dirigentes locais. O ex-presidente Lula declarou publicamente seu apoio ao senador Eduardo Braga (MDB) na disputa pelo governo estadual; e Braga foi um dos emedebistas que anunciou voto em Lula na disputa presidencial, desprezando a candidata de seu partido, Simone Tebet. Mas o PT local não confirmou adesão à candidatura de Braga. O presidente do PT no estado, Sinésio Campos, disse ao site Parintins Amazonas que a agremiação vai anunciar seu futuro apenas na convenção partidária, prevista para os próximos dias.

Em quais estados o PT rompeu aliança e onde já resolveu impasses

No Ceará, o PT não chegou a um acordo com o PDT de Ciro Gomes e uma aliança histórica no estado, que durou 16 anos, foi rompida. O PT anunciou no domingo (25) que terá candidato próprio ao governo: Elmano de Freitas, deputado estadual. A aliança entre petistas e pedetistas havia sido responsável pela eleição de Camilo Santana (PT), atual pré-candidato ao Senado, ao governo. O motivo principal para o rompimento foi o posicionamento do PDT de não indicar a atual governadora, Izolda Cela, que era vice de Santana, para a reeleição. Em seu lugar, o partido de Ciro Gomes escalou Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza e desafeto do PT.

Em alguns estados como São Paulo, Espírito Santo e Maranhão, o PT conseguiu solucionar impasses com aliados. Em São Paulo, havia Márcio França (PSB) pretendia ser candidato a governador, mas o PT não abria mão de lançar Fernando Haddad. No fim, França cedeu e aceitou ser o candidato ao Senado da aliança.

No Espírito Santo, a situação se equacionou com a retirada da pré-candidatura do senador Fabiano Contarato ao governo. O partido decidiu apoiar Renato Casagrande (PSB). Já no Maranhão a parceria com o PSB também ficou consolidada, com a indicação do vice de Carlos Brandão (PSB), que tentará a reeleição. Antes da pacificação, o PT tinha segmentos que preferiam o apoio à candidatura de Weverton Rocha (PDT).

O PT terá ainda nomes próprios a governador – e sem alto grau de conflito na formação das chapas – em outros cinco estados: Paraná, com Roberto Requião; Piauí, com Rafael Fonteles; Rio Grande do Norte, com Fátima Bezerra; Sergipe, com Rogério Carvalho; e Tocantins, com Paulo Mourão.

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