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propaganda eleitoral
O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro| Foto: Lula Marques/PT e Alan Santos/PR

As peças publicitárias de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) no horário eleitoral gratuito devem evitar um confronto direto entre eles, ao menos nos primeiros dias de exibição. Tanto o petista quanto o atual presidente pretendem aproveitar a cadeia nacional de rádio e tevê para mostrar suas realizações no comando do país.

"Vai ser um horário eleitoral mais de otimismo e de esperança. Vamos mais mostrar aos eleitores que o Brasil vai mudar do que fazer uma crítica ao Bolsonaro e ao governo dele", afirmou à Gazeta do Povo o secretário nacional de Comunicação do PT, o ex-deputado Jilmar Tatto.

Já a estratégia do presidente, segundo a assessoria do PL, será a de explicar aos eleitores por que Bolsonaro precisa de mais quatro anos para governar o país. A campanha se focará em entregas do atual governo nos últimos três anos e meio, como as conquistas no campo econômico e o estímulo às atividades comerciais no auge da pandemia de coronavírus.

Mas haverá, sim, espaço para críticas aos adversários, em especial ao PT e Lula – a meta dos estrategistas de Bolsonaro é a de mostrar aos brasileiros que os escândalos de corrupção em gestões petistas causam efeitos negativos ao Brasil até hoje.

Essa é a campanha das grandes articulações, diz petista

O secretário do PT aponta que a pré-campanha de Lula foi marcada pela agregação de diferentes segmentos da sociedade – o vice do ex-presidente, por exemplo, é o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), que foi por anos um adversário histórico dos petistas.

Este momento, segundo Tatto, se reflete também na escolha das mensagens do programa eleitoral. "É uma campanha para juntar amplos setores, falar com os desempregados, a classe média e a elite que quer um país desenvolvido", disse.

Segundo Tatto, porém, o horário eleitoral do PT vai também abrir espaço para comparativos da gestão Bolsonaro com os dois mandatos de Lula (2003-2010), ainda que a abordagem seja menos prioritária. "Vamos ser contundentes para denunciar o que está acontecendo. Isso do ponto de vista do Brasil e das mazelas que estão em curso. Vamos falar de economia, do povo que está sofrendo, dar uma dimensão para que o Brasil possa se reencontrar", explicou.

Quando Lula venceu sua primeira disputa presidencial, em 2002, o horário eleitoral foi citado como um dos fatores que ajudou a impulsionar o triunfo do PT. Conduzidos pelo publicitário Duda Mendonça, morto no ano passado, os anúncios enalteciam a figura do "Lulinha paz e amor" e mostravam habitualmente o então candidato próximo de outras figuras do PT e partidos aliados, de modo a indicar que as decisões do futuro governo seriam tomadas por equipes.

Para campanha de Bolsonaro, grande tempo de TV é novidade

Já Bolsonaro venceu as eleições de 2018 com o horário eleitoral dando uma contribuição muito pequena, ou quase nula. O presidente dispunha de apenas 18 segundos por dia de propaganda na televisão. Ele concorreu pelo PSL tendo como único partido coligado o PRTB do vice-presidente Hamilton Mourão. Ambas as siglas eram nanicas na ocasião, o que se convertia em pouco tempo de tevê.

O presidente calçou sua campanha na internet, e contou com uma estratégia bem sucedida desenvolvida pelo filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro. Neste ano, Carlos continuará integrando a equipe do presidente, mas dividirá espaço com figuras habituais da política, como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto e o ministro das Comunicações, Fábio Faria. O ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo federal, Fábio Wajngarten, também integra o grupo.

A equipe atual de Bolsonaro vê a campanha "convencional" com mais simpatia do que via em 2018. Os estrategistas do presidente acreditam que a população tenderá a prestar mais atenção, agora, ao horário eleitoral e aos debates, na comparação com o último ciclo presidencial.

Para tanto, a campanha de Bolsonaro contará com uma estruturada equipe para produção de seus programas políticos e também com forte respaldo jurídico. O líder da equipe jurídica do candidato à reeleição é o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Propaganda eleitoral começa no próximo dia 26

A propaganda eleitoral gratuita do primeiro turno terá início em 26 de agosto e será veiculada até 29 de setembro, três dias antes da primeira rodada de votação. A do segundo turno, se houver, ocorrerá entre 7 e 28 de outubro, sendo interrompida a dois dias da eleição propriamente dita.

O ex-presidente Lula é o candidato ao Planalto que terá mais tempo de TV e rádio à sua disposição. Embalado por uma coligação que une 10 partidos​​ (PT, PSB, Solidariedade, Psol, Rede, Avante, Agir, Pros, PCdoB e PV), Lula contará com 3 minutos e 20 segundos por dia. Bolsonaro, candidato por três partidos (PL, PP e Republicanos), terá 2 minutos e 40 segundos.

O tempo de TV é definido com base na bancada de deputados federais de cada partido. Isso explica o contraste entre o quase inexistente tempo que Bolsonaro tinha em 2018 e o grande tempo dos dias atuais.

Lula e Bolsonaro ocupam a primeira e a segunda colocações, respectivamente, nas pesquisas mais recentes de Poderdata e Datafolha. Lula soma 43% das intenções de voto no primeiro turno segundo o Poderdata e 47% no Datafolha. Já Bolsonaro tem 35% no Poderdata e 29% no Datafolha.

Metodologia das pesquisas citadas

O levantamento do PoderData, que contratou a própria pesquisa, ouviu 3,5 mil eleitores em 322 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 31 de julho e 2 de agosto de 2022. As entrevistas foram feitas por telefone, para fixos e celulares. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Foi registrado no TSE sob o número BR-08398/2022.

O Datafolha entrevistou 2.556 eleitores entre os dias 27 e 28 de julho em 183 cidades. O levantamento foi contratado pelo jornal Folha de S. Paulo e está registrado no TSE com o protocolo BR-01192/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

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