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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pode deixar a pasta em abril para se lançar como candidato| Foto: Myke Sena/MS

Com os planos do presidente Jair Bolsonaro (PL) de reforçar sua base no Senado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem atuado para disputar a eleição para senador na Paraíba. Para isso, Queiroga intensificou suas agendas no estado e tem usado a vacinação contra a Covid-19 para tentar ampliar sua viabilidade eleitoral. Pessoas próximas de Queiroga admitem que o ministro já sinalizou suas pretensões eleitorais e que ele quer assumir a "missão que for dada por Bolsonaro". 

No intuito de se aproximar do eleitorado do presidente, Queiroga vem alinhando seu discurso ao de Bolsonaro. Também vem ampliando sua visibilidade na Paraíba por meio visitas ao estado. No começo de janeiro, por exemplo, o ministro da Saúde aproveitou uma agenda no Hospital Universitário da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) para criticar a exigência do passaporte da vacina e também se posicionou contra à obrigatoriedade da imunização de crianças.

“Por que a vacinação no Brasil dá certo? É por conta desse passaporte da discórdia? Que aliás, foram desmoralizados pela ocasião agora dos cruzeiros ou porque as pessoas buscam livremente as campanhas de vacinação? Então, pra mim, o sucesso dessa campanha é pela liberdade que as pessoas têm de buscar a vacina”, disse o ministro na ocasião.

Ainda durante sua passagem pelo estado, Queiroga aproveitou para visitar cidades do interior e acompanhar a testagem contra a Covid-19 em crianças de escolas públicas. Na agenda, o ministro aproveitou para anunciar o repasse de R$ 2,5 milhões em recursos para apoiar ações de vigilância em saúde.

Candidatura está sendo construída por aliados de Bolsonaro na Paraíba 

Além do alinhamento do discurso com o do presidente Bolsonaro, Marcelo Queiroga pretende usar sua gestão à frente do Ministério da Saúde para impulsionar sua candidatura. Entre os motes da campanha, o ministro quer usar a distribuição de vacinas e de testes da Covid-19 como uma forma de se contrapor aos seus adversários.

Ainda sem um partido, Queiroga aguarda uma sinalização do presidente Bolsonaro para definir seu futuro político. Apesar da filiação de Bolsonaro ao PL, a entrada do ministro da Saúde no PTB vem sendo cogitada nos bastidores.

Até o momento, Bolsonaro trabalha com os nomes de dois aliados para a disputa pelo governo estadual: o radialista Nilvan Ferreira (PTB) ou policial militar Cabo Gilberto (PL). Pelo acordo, caso Ferreira seja escolhido, Queiroga se lançaria pelo PL. Se a definição for pelo nome de Gilberto para o governo, o ministro da Saúde se filiaria ao PTB.

Integrantes do Planalto admitem que o presidente está focado em resolver os acordos regionais e que as definições de todos os palanques devem ocorrer até o começo de março. A lei eleitoral exige que integrantes do Poder Executivo deixem seus cargos pelo menos seis meses antes do pleito eleitoral.  Portanto, Queiroga tem de deixar o ministério até o começo de abril se quiser ser candidato.

Câmara também é alternativa para Marcelo Queiroga 

Apesar do esforço de Marcelo Queiroga para lançar sua candidatura ao Senado, o entorno do ministro não descarta que ele se lance na disputa para a Câmara dos Deputados. Aliados de Queiroga temem que os recentes desgastes com a classe médica, por exemplo, inviabilizem seu nome numa eleição majoritária.

Nos últimos dias, Queiroga virou alvo de críticas de associações médicas por causa de uma nota técnica do Ministério da Saúde. No texto – assinado pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto – a pasta afirmava que as vacinas anti-Covid não são eficazes e apontava a eficácia da hidroxicloroquina. A nota acabou provocando reações da Associação Médica Brasileira (AMB), que criticou publicamente o ministro.

“Se o ministro de Estado da Saúde é um médico, como ocorre com o dr. Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, os brasileiros aspiram que respeite o Código de Ética da Medicina. Hoje, entretanto, o ministro da Saúde age à margem das mais simples normas de conduta e preceitos éticos esperados para a função. Esta é a avaliação do Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19 da Associação Médica Brasileira”, disse a entidade em nota.

A associação listou alguns atos do ministro, que está comandando o ministério desde março de 2021. Entre eles: se opor ao uso obrigatório de máscaras; recomendar a paralisação da vacinação de jovens entre 12 e 17 anos sem comorbidades; defender o uso de medicamentos que a AMB considera ineficazes contra a Covid-19, o chamado kit Covid; postergar o início da vacinação de crianças de 5 a 11 anos; e desqualificar as recomendações aprovadas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) contra o uso do kit Covid.

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