Aos 38 anos, Gabriel Azevedo (MDB) concorre pela primeira vez à prefeitura de Belo Horizonte. Presidente da Câmara Municipal na capital mineira, o candidato tem defendido que a cidade precisa de liberdade econômica para se desenvolver.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Gabriel Azevedo falou sobre as ideias liberais para a cidade de Belo Horizonte. Muito atuante nas redes sociais, o candidato a prefeito defende parcerias com a iniciativa privada para melhorar a saúde e zerar a fila de espera por cirurgias. Todos os candidatos à prefeitura de Belo Horizonte foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.
Leia a entrevista com o candidato Gabriel Azevedo
Por que o senhor quer ser prefeito de Belo Horizonte?
Eu sou apaixonado pela cidade onde nasci, vereador nos últimos oito anos e sei da oportunidade histórica e única que nós teremos nos próximos quatro anos. Algo raro na vida de um prefeito conduzir o processo de um plano diretor e a confecção de outro contrato de ônibus para a cidade. Esses são os principais problemas de Belo Horizonte e o próximo prefeito vai ter nas mãos a oportunidade de mudar os rumos da nossa história. Enquanto alguém que tem muita paixão pelo lugar onde eu vivo, eu quero participar desse processo liderando com um olhar completamente conectado ao que tem acontecido de melhor no planeta.
Como que o senhor acha que dá pra resolver o problema da população de rua em BH?
É o primeiro item do nosso plano de governo e são duas frentes. A primeira é econômica. Muitas pessoas que foram para a rua estavam em condições de trabalho numa cidade em que a economia praticamente parou, sobretudo na construção civil. Então, precisa destravar as burocracias e as amarras de uma cidade que está expulsando a construção civil para a região metropolitana e para outros lugares do Brasil para garantir maior empregabilidade.
Enquanto isso, eu preciso ampliar as vagas nas casas de passagem. Hoje, a pessoa que está na rua e procura esses lugares não encontra vaga. A nossa meta são 5 mil vagas escolhendo imóveis abandonados no Centro, que serão requalificados por obras da construção civil que terão contrapartida imediata, inclusive podendo agregar essas pessoas que estão na rua e locais pra dormir, já trabalhando em canteiros de obras, em espaços que estão ociosos na localidade próxima.
No seu plano de governo, o senhor fala em zerar fila das cirurgias eletivas e em parcerias com a rede privada. Como isso seria feito na prática?
Eu desejo ser amigo da iniciativa das empresas, amigo do mercado, amigo da livre iniciativa. E isso significa parceria. São Paulo conseguiu, com mutirão na madrugada, zerar as cirurgias. E eu pretendo, além dos mutirões na madrugada, parceria com redes hospitalares que são muito conceituadas aqui na cidade, como o hospital Mater Dei do dr. Salvador (José Henrique Salvador), que já mostrou que, se você faz uma parceria com esses espaços, a prefeitura arca com alguns custos mínimos e os próprios hospitais topam serem parceiros, para zerar esse déficit na nossa cidade.
E como melhorar a segurança pública? Como seria o papel da Guarda Municipal em sua gestão?
O papel de prefeito é, sobretudo, conduzir o plano diretor que acabe com ruas escuras. Isso tem a ver com estilo do comércio, estilo do empreendedor. Você não pode ter ruas repletas de muros, você precisa ter fachadas. Ou seja, estimular as construções para que tenham no seu primeiro pavimento o ambiente pra comércio e ainda ir pra cima a residência. A lógica de muros com conjuntos habitacionais dentro é praticamente a estética soviética que eu não quero em Belo Horizonte. O que eu quero são ruas repletas de gente, como bem ensinava Jane Jacobs [escritora e ativista política], os olhares para as calçadas.
E eu quero integrar as câmeras de segurança que existem na cidade, nos estabelecimentos privados, ao centro de operações da prefeitura pra que a cidade seja completamente monitorada. Já tramita na Câmara a transformação da Guarda Municipal para a Polícia Municipal de Belo Horizonte, o que eu defendo, 100% armada, compartilhando dados de inteligência com a Polícia Militar e com uma mesa permanente de integração e segurança entre a prefeitura e o governo do estado.
A lógica de muros com conjuntos habitacionais dentro é praticamente a estética soviética que eu não quero em Belo Horizonte.
Gabriel Azevedo, candidato do MDB à prefeitura de Belo Horizonte
O senhor falou sobre o plano diretor, que deve ser revisado ano que vem. O que o senhor acha que precisa para dar uma melhorada na cidade?
Eu participei profundamente das discussões do último plano diretor e eu fui um dos poucos vereadores que votaram contra, dizendo que iria acontecer exatamente o que aconteceu. O plano diretor ia fazer a cidade travar, a construção civil ia embora para a região metropolitana e o resultado prático disso é o aumento no preço dos aluguéis e dos imóveis. Eu quero fazer o contrário, quero estimular a construção civil em Belo Horizonte, que é uma cidade baixinha. Vamos pegar os três prédios mais altos de Belo Horizonte: dois são dos anos 1940 e 1950. Se você for tentar fazer o edifício Acaiaca e o Conjunto JK (ambos no centro de BH) hoje, você não consegue. No Conjunto JK vivem quase 6 mil pessoas, e todas passam muito bem. Uma lógica de residência por cima, comércio embaixo, fachadas ativas. Eu quero estimular isso.
O nome da nossa coligação, o mote do nosso plano de governo é "Teto, trabalho e transporte". No plano diretor que eu quero construir com a cidade, eu quero mais gente trabalhando perto de onde mora, mais gente morando perto de onde trabalha, porque aí a gente consegue enfrentar o maior problema da cidade, que é o trânsito. É só assim que a gente vai ampliar a mobilidade e a qualidade dela.
Caso o senhor seja eleito, como pretende melhorar os índices de aprendizagem da educação básica?
Em primeiro lugar, parando de tratar a educação como moeda de negociação. O atual prefeito teve cinco secretários diferentes em dois anos. Isso é terrível, porque você não cria continuidade no processo de trabalho. Na educação, vou te dar alguns pontos práticos. Vou oferecer horário flexível de entrada e saída da escola, o que garante maior segurança aos pais, com monitores em tempo extra. Tem muita família que tira a criança da escola, não consegue levar (para a escola), porque a mãe ou o pai vão trabalhar em horários diferentes e não conseguem ir buscar e nem deixar a criança na escola. Então, a gente quer ampliar essa flexibilidade na chegada e na saída. Investir muito na questão do contraturno, que prepara para a vida. Eu sou autor da lei que colocou a educação financeira nas escolas. É muito importante num país repleto de endividados.
Coloquei também noções de empreendedorismo. Tem escola aqui em Belo Horizonte que começou a ter aula sobre como criar o próprio negócio. Ou seja, eu acredito em uma escola que ensina para a vida. Infelizmente, essas leis minhas funcionam em poucas escolas. Então, eu quero muito tratar a nossa educação de modo a criar na escola um ambiente que prepara para o mercado, para a vida, retomando a subida do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) porque, desde que esse prefeito e o anterior assumiram, o índice vem despencando.
Sou autor da lei que colocou a educação financeira nas escolas, muito importante num país repleto de endividados.
Gabriel Azevedo, candidato do MDB à prefeitura de BH
O senhor reitera a necessidade de retomar a construção civil para Belo Horizonte. Como pode ser feito isso, na prática, para atrair investimentos de volta para a capital mineira?
Implementar, de imediato, a lei da liberdade econômica, que é algo que ainda não aconteceu. Reformar completamente o código de posturas e o código de edificações (de BH). Eu aprovei na Câmara Municipal de BH uma lei do retrofit e profundas emendas para garantir maior liberdade de quem está com prédios vazios. Eu sou um recém mestre em Cidades pela London School of Economics and Political Science, estou muito conectado com diversas inciativas que fazem a cidade prosperar.
Então, o que eu quero é seguir o plano de desenvolvimento socioeconômico a longo prazo, sobretudo por causa da atração de investimentos de empresas de setor de economia verde. Sou autor de uma lei sobre o crédito verde, que faz com que as edificações que coloquem painel pós-montagem, captação de água de chuva e coletas seletivas recebam crédito, de maneira a diminuir a dívida ativa com a cidade. E eu quero muito criar uma agência aqui que permita o fomento de investimentos no escritório de negócios para atração de investimentos, que fica funcionando como um departamento comercial da cidade para divulgar oportunidades aqui para Belo Horizonte.
Em relação ao trânsito, como fazer para a população sentir ações de melhoria na mobilidade urbana?
Nós precisamos de novo contrato de ônibus - o que será feita na próxima gestão - no caráter liberal. Nós não podemos beneficiar o cartel, não podemos usar o governo para beneficiar os amigos do prefeito, que é o que acontece hoje. Nós precisamos de uma concessão para as empresas, mas particionarmos o serviço: quem cuide da garagem, quem cuide dos veículos, quem cuide dos profissionais. A bilhetagem não pode ficar por conta das mesmas pessoas que fazem o serviço. O pagamento tem que ser todo digitalizado, tem que haver uma integração com a região metropolitana para que haja um bilhete único, para que a gente trate a região metropolitana como um tecido urbano só.
Não dá para ter 18 cartões diferentes. E você tem que ter inteligência de linha a perceber onde a pessoa entra, onde ela sai, e você tem que compartilhar os dados de mobilidade com as principais ferramentas tecnológicas, como o Google, para que cada cidadão, pelo celular, saiba onde está cada veículo, quantas pessoas têm dentro, que horas tem que ir no ponto, e facilitar o processo de pagamento sem dinheiro.
Belo Horizonte já teve título de cidade-jardim. O pode ser feito para aliar a sustentabilidade com o desenvolvimento?
Eu quero criar a cidade-pomar, ou seja, estimular o plantio de árvores frutíferas por Belo Horizonte. Sevilha (Espanha), por exemplo, é uma cidade única e tem um conjunto de laranjeiras plantadas por todas as ruas. Hoje o cidadão de Belo Horizonte enfrenta uma burocracia para plantar uma árvore. A prefeitura é burra quando o aspecto é arborização, uma empresa corta, a outra planta, isso às vezes leva mais de anos. O cidadão que resolver plantar uma árvore por conta própria está cometendo infração administrativa. A gente tem que estimular as pessoas a plantarem, eu mesmo plantei centenas de árvores na cidade e encontro cidadãos estimulados para esse tipo de plantio.
Tenho como meta pessoal fazer com que não haja nenhum túmulo de árvore da cidade, sobretudo nas partes mais urbanizadas, e garantir, além de tudo, a criação do Parque Metropolitano da Serra do Rural, integrando os municípios de Nova Lima, Sabará e Belo Horizonte. Também fazer na área do aeroporto do Carlos Prates um parque.
Caso o senhor seja eleito, qual será a sua primeira ação à frente da prefeitura?
Contratar aquelas pessoas que fizeram concurso, sobretudo de fiscalização e da Guarda Municipal, e demitir a infinidade de cargos comissionados que o prefeito tem distribuído para garantir apoio político para a eleição. As pessoas não fazem o que a população precisa e é preciso colocar na rua, com urgência, fiscal que vá garantir menos dengue. [No início do próximo ano] não posso ter uma crise de dengue como teve esse ano. Precisamos ter fiscal em excesso, garantindo que não haja nenhum lote com acúmulo de água, nem uma casa com foco [do mosquito], nem um espaço da cidade que vai permitir uma epidemia que não deveria existir na nossa cidade.
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