A suspeita de coação de servidores da prefeitura de Curitiba para doação à campanha eleitoral do candidato Eduardo Pimentel (PSD), vice-prefeito da capital paranaense, levou à exoneração do superintendente de Tecnologia da Informação, Antonio Carlos Pires Rebello, denunciado por forçar a venda de ingressos de um evento partidário com jantar no valor de R$ 3 mil.
Em nota, a prefeitura de Curitiba informou que um procedimento interno foi aberto para apurar a denúncia após o vazamento de áudios com os pedidos do superintendente. “A Prefeitura de Curitiba repudia toda e qualquer atitude que possa configurar ameaça ou constrangimento a servidores públicos no exercício de suas funções. O prefeito Rafael Greca decidiu exonerar o superintendente de Tecnologia da Informação, Antonio Carlos Pires Rebello. De todo modo, os fatos serão apurados com o rigor necessário, respeitando o devido processo legal”, afirma a administração pública municipal.
No áudio, o superintendente afirma que “vai ter um jantar” e diz que “todo mundo que pode colaborar vai precisar fazer”, o que de acordo com o servidor denunciante, seria uma referência à compra de convites. “Não é pouco, não é baixo, mas já veio determinado como vai ser. É um convite de R$ 3 mil”, completa Rebello, que ainda alerta que o Pix não pode ser feito diretamente pelo servidor, mas por “uma outra pessoa, a esposa”.
No entanto, a prefeitura alega que “a atitude do servidor em questão teve como base seu julgamento pessoal”, sem orientação ou anuência da Secretaria de Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação. “Desde o início do ano, todos os servidores municipais foram amplamente orientados sobre a legislação eleitoral vigente, conforme a Lei Federal 9.504/1997 e o Decreto Municipal 2.448/2023. Tais orientações foram detalhadas por meio de uma cartilha enviada por e-mail em fevereiro, abril e agosto, alertando para as regras claras que devem ser cumpridas durante o período eleitoral, assegurando o atendimento à população e evitando o favorecimento a candidatos”, declara a gestão do prefeito Greca.
Procurada pela Gazeta do Povo sobre a denúncia, a coligação “Curitiba Amor e Inovação”, do candidato Eduardo Pimentel, respondeu, em nota, que “trata-se de uma situação isolada e que o servidor agiu com base em seu julgamento pessoal, sem nenhum direcionamento da campanha” e que o evento foi promovido pelo PSD estadual, e não pelo candidato.
A coligação também argumenta que trabalha com os recursos do fundo eleitoral e com captação de recursos de pessoas físicas, conforme a legislação. Em nota, o PSD Paraná também reforçou que a atitude foi isolada e culminou na exoneração do servidor. "O fato ocorrido foi uma atitude isolada e eminentemente pessoal do servidor, que gerou a sua exoneração, sem qualquer relação com a direção partidária. O PSD reafirma seu compromisso com a ética na condução das atividades político-partidárias, e o estrito cumprimento das normas legais", comenta a sigla.
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com a Superintendência de Tecnologia da Informação e foi informada que Rebello estaria em uma reunião. Até a publicação deste texto, não houve retorno ao pedido de entrevista feito ao superintendente exonerado sobre a solicitação de doação eleitoral por parte dos servidores de Curitiba.
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