Impulsionado por uma onda conservadora renovada, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, somou 15,7 milhões de votos nas eleições para prefeito em todo o país, o maior número registrado no primeiro turno das eleições de 2024. O resultado levou a legenda a conquistar cerca de 500 prefeituras no primeiro turno, além de colocar seus candidatos para disputar o segundo turno em nove capitais e outras grandes cidades. Por outro lado, partidos do Centrão, como PSD, MDB, PP e União, acabaram levando mais prefeituras que o PL, mesmo com um total de votos menor.
A soma de votos do PL nestas eleições para prefeito é mais de três vezes maior do que o alcançado pela legenda em 2020 (4,5 milhões de votos). O PSD conquistou 14,5 milhões de votos para prefeito em 2024, ficando em segundo lugar. Já o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, obteve 8,9 milhões de votos para prefeito.
O PL também está comemorando a eleição de dez prefeitos entre as maiores cidades do país, com mais de 200 mil eleitores, sendo a legenda com melhor desempenho nesse recorte. Das 50 disputas definidas já no primeiro turno, o PL ficou com 10: Rio Branco, Maceió, Cascavel, Foz do Iguaçu, Jaboatão dos Guararapes, São Gonçalo, Blumenau, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Suzano. A sigla também conseguiu levar mais 23 candidatos para o segundo turno em outras grandes cidades, ficou à frente do PT na maioria das capitais.
O analista político e advogado Manuel Furriela acredita que o grande número de votos mostra que o PL deverá sair do processo eleitoral de 2024 fortalecendo-se como a grande força de oposição a Lula, dando o tom de como será o processo eleitoral em 2026. “É uma consolidação da direita conservadora. O PL sai fortalecido, liderando a oposição e dando sinal que a direita conservadora conquistou novas regiões, com nova influência”.
Apesar do avanço do PL, partidos do Centrão lideram em número de prefeituras conquistadas nas eleições deste domingo (6).
Partidos do Centrão conquistam mais prefeituras
O PSD, comandado nacionalmente por Gilberto Kassab, saiu na frente elegendo prefeitos em 882 cidades até o momento. O número representa um crescimento de cerca de 35% em relação ao pleito de 2020, quando o partido teve 654 eleitos. Nas capitais, o PSD reelegeu três prefeitos ainda no primeiro turno: Eduardo Paes, no Rio de Janeiro; Eduardo Braide, em São Luís, e Topázio Neto, de Florianópolis - este último teve o apoio de Bolsonaro.
A principal força do partido se mostrou no estado de São Paulo, onde conseguiu eleger 204 candidatos. Além disso, a sigla comandada por Kassab vai disputar o segundo turno em outras três cidades importantes do estado. Em São José dos Campos (SP), Anderson (PSD) e Eduardo Cury (PL) disputarão o segundo turno. Em Ribeirão Preto (SP), a eleição será decidida entre Ricardo Silva (PSD) e Marco Aurelio (Novo). Em Piracicaba (SP), Barjas Negri (PSDB) e Helinho Zanatta (PSD) disputarão a prefeitura.
O partido teve um impulso de candidaturas depois que conseguiu atrair nomes do PSDB, quando os tucanos perderam o governo estadual para Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 2022. Com a debandada do ninho tucano, a agremiação comandada por Kassab foi a que mais recebeu filiações em São Paulo.
Além disso, o PSD ganhou força no Paraná, estado do governador Ratinho Júnior, e onde vai disputar o segundo turno da capital Curitiba com a candidatura do atual vice-prefeito Eduardo Pimentel. Ele vai concorrer contra a jornalista Cristina Graeml (PMB), que cresceu na reta final da disputa após receber apoios do ex-presidente Jair Bolsonaro e de Pablo Marçal (PRTB), candidato que disputou a prefeitura de São Paulo e ficou em terceiro lugar.
Outra cidade paranaense em que o PSD estará no segundo turno será em Londrina, onde Tiago Amaral vai concorrer contra Professora Maria Tereza (PP). Ao todo, o PSD conseguiu eleger 162 prefeitos no Paraná.
A sigla ainda teve destaque em Minas Gerais, com 139 eleitos e com candidatos no segundo turno na capital Belo Horizonte, com o prefeito Fuad Noman disputando contra Bruno Engler (PL); e em Uberaba (MG), onde Elisa Araújo (PSD) concorre com Tony Carlos (MDB).
Republicanos dobra prefeitos e União Brasil faz estreia
Outros partidos do Centrão que tiveram destaque neste primeiro turno foram o MDB (857 candidatos) e o PP (748 candidatos). Ambos tiveram crescimento de cerca de 9% de nomes eleitos ou que estarão no segundo turno em relação ao pleito municipal anterior. O Republicanos elegeu 436 prefeitos, mas o número representa um crescimento de mais de 100% em relação à eleição de 2020.
No MDB, o destaque também fica em São Paulo, onde o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes vai disputar o segundo turno contra Guilherme Boulos (Psol). O emedebista conta com o apoio de Bolsonaro e Boulos é apadrinhado pelo presidente Lula.
O partido de Nunes também estará no segundo turno em outras quatro importantes cidades paulistas: São José do Rio Preto, com Itamar (MDB) e Cel. Fabio Candido (PL); em Diadema (SP), com Taka Yamauchi (MDB) e Filippi (PT); em Franca, com Alexandre Ferreira (MDB) e João Rocha (PL); e Limeira, com Betinho Neves (MDB) e Murilo Félix (Podemos).
Já o PP, do senador e ex-ministro Ciro Nogueira, ganhou força principalmente no Rio Grande do Sul, onde elegeu pelo menos 164 candidatos. A sigla fez ainda 29 prefeitos no Maranhão, onde estará no segundo turno em Imperatriz com Rildo Amaral (PP) contra Mariana Carvalho (Republicanos). O PP elegeu outros 14 prefeitos no Acre e sete em Roraima.
O Republicanos levou a segunda cidade mais importante do estado de São Paulo: Campinas, onde Dário Saadi venceu com 66% dos votos.
Disputando sua primeira eleição municipal desde a fusão do DEM com o PSL em 2021, o União Brasil conseguiu eleger ou colocar no segundo turno ao menos 590 candidatos. O destaque foi o prefeito de Salvador, Bruno Reis, que se reelegeu com mais de 78% dos votos.
Ainda nas capitais, o prefeito Silvio Mendes também se reelegeu em Teresina, com 52,19% dos votos. Já em Goiás, Sandro Mabel, apadrinhado pelo governador Ronaldo Caiado, vai ao segundo turno contra Fred Rodrigues (PL), na capital Goiânia.
PL de Bolsonaro fica à frente do PT de Lula na maioria das capitais
Em quarto lugar no ranking geral, o PL de Bolsonaro conquistou ou terá candidatos no segundo turno em pelo menos 523 municípios. O número representa um crescimento de 52% em relação ao pleito de 2020, quando a sigla administrou 345 cidades.
Além disso, a sigla está à frente do PT, do presidente Lula, que neste ano teve 252 candidatos eleitos ou que estarão no segundo turno. O número representa um crescimento de 37% em relação à eleição passada, quando os petistas fizeram apenas 183 prefeituras.
Além disso, o PL conseguiu um desempenho superior ao PT também na maioria das capitais do país. A sigla de Bolsonaro reelegeu os prefeitos de Alagoas, João Henrique Caldas, o JHC, e o de Rio Branco (AC), Tião Bocalom, enquanto Lula não conseguiu garantir nenhuma vitória no primeiro turno.
Das 15 capitais que terão segundo turno, o PL terá candidatos em 10. Enquanto o partido do presidente Lula vai disputar apenas quatro. Os dois concorrem diretamente em duas delas: Fortaleza e Cuiabá.
André Fernandes obteve 40,20% dos votos, ante 34,33% de Evandro Leitão, na capital do Ceará. Já em Cuiabá, Abílio Brunini somou 39,61% dos votos e o petista Lúdio Cabral ficou com 28,31% após 100% da apuração.
Além dessas duas capitais onde vai disputar contra do PL, o PT de Lula também ficou atrás nas outras duas capitais onde conseguiu chegar ao segundo turno. Em Porto Alegre, Sebastião Melo, do MDB, recebeu 49,72% dos votos, contra 26,28% de Maria do Rosário. Já em Natal, Paulinho Freire (União) recebeu 44,13% dos votos, ante 28,50% de Natália Bonavides.
O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro também estará no segundo turno de Aracaju com Emília Corrêa, que somou 41,26% dos votos e vai concorrer contra Luiz Roberto (PDT), que teve 23,86%. Já em Palmas, no Tocantins, a disputa será entre Janad Valcari (39,22%) e Eduardo Siqueira Campos (32,42%), do Podemos.
O PL também vai disputar o segundo turno em Belo Horizonte, onde Bruno Engler concorre contra o atual prefeito Fuad Noman (PSD). Em Belém, a disputa será entre Igor Normando (MDB), que teve 44,89% dos votos, e Delegado Éder Mauro (PL), 31,48%.
Já em João Pessoa, na Paraíba, o atual prefeito Cícero Lucena (49%), do PP, vai concorrer contra Marcelo Queiroga, ex-ministro de Bolsonaro, que somou 21%.
Uma das surpresas do PL aconteceu em Goiânia, onde Fred Rodrigues terminou em primeiro lugar ao somar mais de 31,14% dos votos. O candidato do partido de Bolsonaro cresceu ao longo da disputa e vai ao segundo turno contra Sandro Mabel (27,66%), do União Brasil, apoiado pelo governador Ronaldo Caiado.
A dupla goiana desbancou a candidata petista, Adriana Accorsi (24,44%). Além do PL, o PT de Lula ficou atrás neste primeiro turno de outros partidos como Republicanos (439); PSB (311) e PSDB (273).
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