Em clima de civilidade, o debate com os candidatos à prefeitura de São Paulo, promovido pelo SBT, portal Terra e Rádio Nova Brasil, nesta sexta-feira (20), foi marcado pela discussão de propostas para a cidade. O cenário difere dos últimos encontros com troca de acusações graves, insultos e a cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) contra Pablo Marçal.
Na abertura do programa, o jornalista e apresentador César Filho pediu a colaboração dos participantes após a escalada de agressões na campanha à prefeitura de São Paulo. "Levando em consideração os episódios ocorridos nos últimos debates, tais como: agressões físicas e verbais, a utilização de palavras de baixo calão e acusações desrespeitosas. Faz-se necessário lembrar que este é um espaço para a democracia e para uma discussão civilizada", advertiu.
Os seguranças da emissora e também dos candidatos estavam presentes no estúdio para o debate, que permitiu plateia com a presença apenas de convidados. Participaram do encontro os seis candidatos mais bem colocados nas pesquisas: Guilherme Boulos (Psol), Datena, Marina Helena (Novo), Marçal, Nunes e Tabata Amaral (PSB). O próximo debate será no dia 23 de setembro, às 19h, e será promovido pelo Flow Podcast.
Debate tem dobradinhas entre candidatos
No primeiro bloco, Boulos escolheu Datena e ambos apresentaram propostas para combater a violência doméstica. Se eleito, Datena disse que vai aumentar as patrulhas e apresentar um proposta ao governo estadual para implantar as Delegacias da Mulher em cada uma das 32 subprefeituras de São Paulo.
Em seguida, Marina Helena escolheu Ricardo Nunes para fazer críticas direcionadas a Boulos e ao Psol pela gestão de Edmilson Rodrigues, prefeito da cidade de Belém (PA), única capital do país sob a administração do partido.
Marina usou a alta rejeição de Rodrigues e o acusou de promover um “cabide de empregos” na gestão de Belém, questionando o que Nunes faria para melhorar a zeladoria da cidade. Em reposta, o candidato à reeleição defendeu o mandato à frente de São Paulo, destacando o programa de recapeamento, as concessões dos terminais de ônibus e parcerias público privadas.
Marçal pede desculpas e promete mudança de postura
Ao ser questionado por Tabata Amaral sobre o programa "Pé-de-meia", Marçal adotou um tom menos agressivo deu os “parabéns” para a oponente pelo programa e citou cinco propostas para “revolucionar a educação”, entre elas, transformar a escola pública em “escola olímpica”, oferecendo mais de 60 modalidades.
Em seguida, Tabata acusou o empresário de enganar as pessoas durante cursos e mentorias. "Quero dar os parabéns para Tabata, que começou a baixar o nível do debate. E, aproveitando essa oportunidade, eu quero pedir perdão pra todo eleitor paulistano, que a minha tentativa até o último debate foi expor o caráter de cada um, de alguém que precisa de internação psiquiátrica, de outro que tem um perfil ditatorial, de alguém que tem boletim de ocorrência em relação à violência doméstica. Não adianta ouvir propostas de 10 candidatos sendo que eles não são viáveis emocionalmente, espiritualmente, fisicamente", rebateu Marçal.
Ele pediu desculpas à população de São Paulo e prometeu uma mudança de postura nos próximos encontros para a discussão de propostas. "Em todos os debates, eu nunca fui o palhaço, eu sempre respondi os palhaços. Alguém escrever uma proposta ou chamar um marqueteiro pra fazer isso, fica parecendo "Lulinha paz e amor" e não vai convencer ninguém. As pessoas querem conhecer a sua pior versão e a sua melhor. A minha pior eu já mostrei nos debates. A partir de agora, você vai ver alguém que tem postura de governante, que de fato gerou riqueza, gerou mais empregos".
Boulos diz que irá respeitar Guarda Civil, se eleito
No segundo bloco, Boulos foi indagado sobre como agiria, se eleito, caso houver resistência às ordens da Guarda Civil Metropolitana (GCM), atitude que o candidato teve durante a liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Boulos chegou a ser detido durante protestos e ocupações quando fazia parte do movimento social.
Em resposta, Boulos disse que a relação com a GCM será “muito tranquila e de muito respeito”, sem responder especificamente à questão. Responsável por comentar o assunto, Marina Helena atacou o psolista pelas ações da legenda no Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à segurança.
"O partido dele entrou no Supremo Tribunal Federal para garantir a saidinha dos presos, também foi contrário a retirar as barracas dentro da cracolândia que vendem drogas, é apoiado por Lula que é um bandido. Ele foi num desfile de escola de samba que vestiu os policiais de demônios, é assim que ele vê a polícia. Boulos, por que você gosta tanto de defender bandido?", retrucou a candidata do Novo.
Nunes volta ser questionado sobre vacinação obrigatória durante pandemia
Ainda no segundo bloco, Boulos voltou a alfinetar Nunes acerca da obrigatoriedade da vacinação durante a pandemia de Covid-19. Recentemente, o prefeito afirmou ter se equivocado em defender vacinação obrigatória. "Ou seja, [Nunes] fica mudando de posição na eleição", provocou Boulos.
O chefe do Executivo paulistano rebateu dizendo que Boulos estava "baixando o nível do debate". No entanto, ele afirmou que a obrigatoriedade do passaporte sanitário foi um erro da prefeitura. "A gente precisa corrigir aquilo que erra, que foi a questão do passaporte. Para ir numa igreja, não precisa apresentar um passaporte, para ir num bar, para ir num restaurante", admitiu.
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