O segundo debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo ocorreu nesta quarta-feira (14), promovido por Estadão, portal Terra e Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). O encontro foi novamente marcado por ataques pessoais e propostas vazias dos candidatos. Foram convidados pela organização do evento, pelo critério de "mais bem colocados em pesquisas recentes", os candidatos Ricardo Nunes (MDB), Marina Helena (Novo), Guilherme Boulos (Psol), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB).
O debate em São Paulo foi marcado por ofensas pessoais e acusações. As propostas para a cidade ficaram em segundo plano, assim como no primeiro debate.
Marina Helena: "a prefeitura está cheia dessas loucuras da esquerda"
O primeiro tema sorteado para o debate foi Educação. Marina Helena, candidata do Novo, iniciou o debate questionando o prefeito Ricardo Nunes sobre um canal da prefeitura de São Paulo no YouTube que, segundo ela, aborda bloqueio hormonal para crianças. “Prefeito, gostaria de saber sobre o canal da prefeitura chamado ‘Saúde para todes’, que fala de ideologia de gênero, gênero neutro, e pior, menciona bloqueio hormonal na puberdade para meninos e meninas trans a partir dos 8, 9 anos”, afirmou.
Nunes evitou comentar diretamente sobre ideologia de gênero na educação. Quando a palavra voltou para Marina, a candidata criticou: “a prefeitura está cheia dessas loucuras da esquerda. Vamos dar uma segunda chance para esse prefeito?”, completou ela.
Na participação seguinte, após consultar sua assessoria, Nunes negou a existência do conteúdo mencionado por Marina e a acusou de mentir. O prefeito aproveitou para relembrar que, como vereador, foi autor do pedido para retirar a ideologia de gênero do Plano Municipal da Educação. “O que existe é uma ação para o tratamento dessas pessoas”, disse, fora do contexto da pergunta que então deveria responder.
Em meio ao debate, a Secretaria Municipal da Saúde emitiu uma nota refutando as alegações de Marina. “É inteiramente falsa a afirmação irresponsável de que a Secretaria Municipal da Saúde promove o bloqueio puberal em crianças. A afirmação ignora que tal tratamento é proibido por resolução do Conselho Federal de Medicina”.
No terceiro bloco do debate de São Paulo, Marina Helena insistiu na veracidade das acusações sobre o bloqueio hormonal durante um confronto com o candidato Guilherme Boulos.
Marçal: "sou o professor mais bem pago do país"
Ainda no debate sobre a área da Educação, Marçal afirmou que, apesar de não ser pedagogo, considera-se professor. “Sou o professor mais bem pago do país e tenho orgulho disso", disse o candidato, acrescentando que é dono de uma rede de escolas. Tabata ironizou: "Acho muito bonito que todo mundo virou professor nesse debate sem nunca ter sido."
Ainda no tema da Educação, Marçal questionou Tabata sobre a questão racial. "Você, que estudou em Harvard: eles conseguiram resolver a questão racial?", indagou. Tabata, sem responder diretamente, criticou Marçal por se confundir nas regras do debate e passou a expor suas propostas educacionais.
Marçal também perguntou a Tabata por que a chapa dela não tem uma vice negra. Surpresa, a candidata riu e respondeu que tem orgulho da vice, Lúcia França (PSB), professora e esposa do ministro Marcio França. “A questão racial não deve ser tratada de forma específica, mas no coletivo”, afirmou Tabata.
Boulos: "você é o padre Kelmon dessa eleição"
Durante o trecho do debate com tema livre, Boulos acusou Marçal de estar ali apenas para tumultuar. "Você é o padre Kelmon dessa eleição, está aqui só para tumultuar, você é uma caricatura", disparou o candidato do Psol.
Marçal respondeu mostrando uma carteira de trabalho. “Sou o padre Kelmon e vou exorcizar o demônio", disse então. "Você nunca trabalhou, é um grande vagabundo. Enquanto tiver homem nessa cidade, você não vai governar São Paulo", completou Marçal.
Boulos rebateu mencionando os locais onde lecionou. Marçal retrucou afirmando que Boulos foi preso três vezes e o chamou de "maior aspirador de pó da cidade de São Paulo". Boulos respondeu chamando Marçal de "ladrão de banco".
Datena: "Nunes tem medo de tirar o PCC, eu não tenho"
O candidato Datena, do PSDB, abordou o tema das investigações sobre a infiltração da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no transporte coletivo de São Paulo, por meio de contratos com empresas ligadas que seriam ligadas ao crime organizado. O tucano já havia levantado o assunto no primeiro debate. "Se Ricardo [Nunes] tem medo de tirar o PCC do sistema, eu não tenho", declarou.
Em seguida, Marina Helena e Boulos entraram em confronto. Marina apontou: "O coordenador da sua pré-campanha é acusado de receber dinheiro do tráfico." Boulos rebateu dizendo que Marina havia se confundido de candidato.
Nunes: "não sou comentarista político"
Boulos questionou Nunes sobre declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoia a reeleição do atual prefeito. Nunes optou por não comentar as falas de Bolsonaro. "Não sou comentarista político. Eu cuido de uma cidade de 12 milhões de habitantes", esquivou-se o prefeito.
Ainda no confronto entre Boulos e Nunes, quando a apresentadora anunciou que o próximo tema seria Saúde, a assessoria de Nunes tentou intervir para mudar o tema, o que gerou indignação nos adversários.
Tabata: "Nunes lembrou que tinha eleição e saiu fazendo - e mal feito"
Tabata criticou a gestão de São Paulo no debate, afirmando que a cidade ficou sem prefeito nos últimos anos. "Ficamos dois anos sem prefeito. Nunes lembrou que tinha eleição e saiu fazendo, mas mal feito." Nunes rebateu, dizendo que a deputada deveria reconhecer as obras realizadas por sua administração.
Em outro momento do debate, Tabata atacou o prefeito, acusando-o de ser "recordista em obras sem licitação", com quase R$ 5 bilhões investidos de forma que a candidata considerou "sem planejamento e sob suspeita de superfaturamento".
Candidatos se perdem nas regras do debate de São Paulo
Embora o formato do debate tenha sido previamente acordado com as campanhas, os candidatos demonstraram confusão em diversos momentos, especialmente sobre quando responder ou perguntar. Além disso, assessores interromperam a apresentadora ao vivo para esclarecer dúvidas sobre o formato.
O debate de São Paulo desta quarta-feira, apresentado por Roseann Kennedy, foi dividido em cinco blocos, com temas sorteados no início de cada um. Jornalistas e convidados fizeram perguntas aos candidatos. Os seis participantes foram organizados em três duplas, que mudavam a cada bloco para garantir o confronto entre todos. A mediadora fez a primeira pergunta de cada bloco, seguida pelos questionamentos dos convidados.
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