Relacionamento interpessoal e  tecnologia são elementos fundamentais para a nova fase da função de contador.  | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Relacionamento interpessoal e tecnologia são elementos fundamentais para a nova fase da função de contador. | Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, o Brasil tem mais de 530 mil contadores na ativa. Responsáveis pelos cálculos de tributos, declarações de imposto, contas a pagar e receber e tudo que envolve o universo contábil de uma empresa, os contadores estão prestes a passar por uma grande revolução. “Há 30 ou 40 anos os profissionais dessa área eram chamados de guarda livros e passavam quase todo o tempo escriturando e fazendo registros manualmente. Com o advento da tecnologia e as normas internacionais de contabilidade, a maneira de exercer a profissão mudou”, conta Marco Pitta, coordenador de pós-graduação nas áreas de contabilidade, controladoria, finanças e tributos da Universidade Positivo. 

Se antes, o contador interagia pouco com o negócio do cliente, hoje ele precisa atuar como um controller. “Esse termo, muito comum nos Estados Unidos, se refere aos profissionais que trabalham de forma consultiva e entendem o negócio do seu cliente para orientar estratégias e tomadas de decisão”, afirma Pitta, que enxerga nas mudanças novas oportunidades. Isso porque o contador é aquele que tem as informações mais importantes de uma empresa. E a gestão inteligente é algo que fará enorme diferença num negócio. “O contador é peça chave durante a elaboração de qualquer planejamento estratégico. Ele é o profissional mais indicado para determinar, por exemplo, a viabilidade de recursos, a sustentabilidade de projetos (no campo financeiro e econômico), além de definir quais são os possíveis encargos que o empreendedor terá que arcar caso assuma determinada posição”, avalia o especialista em contabilidade Silvinei Toffanin.

Mas que habilidades são essas requeridas para os contadores de hoje? De acordo com Marco Pitta, é necessário abrir a mente e desenvolver, principalmente, as seguintes competências:

Inglês: falar inglês é fundamental, principalmente por conta das normas internacionais, que estabelecem um padrão mundial de atuação.

Relacionamento Interpessoal: hoje é preciso sair da mesa, olhar o negócio do cliente, entender o que ele precisa e sugerir mudanças.

Gestão: conhecer os processos de gestão permite um olhar mais apurado e consultivo para as necessidades do cliente.

Tecnologia: com tantas possibilidades e novidades, é fundamental entender de sistemas, dashboards e business intelligence. A tecnologia é a chave para entregar mais produtividade à empresa contábil, possibilitando que o contador saia do operacional e pense estrategicamente no crescimento da sua empresa.

Liderança: o contador nunca trabalha só e precisa saber gerir sua equipe, extrair dela o melhor.

O papel do contador

De acordo com Serasa Experian, somente no primeiro mês de 2017 foram criadas mais de 194 mil novas empresas no país, o maior número para o período desde 2010. O resultado é 16,6% superior ao registrado no mesmo mês de 2016 e 61% maior se for comparado com dezembro do ano passado. Boa parte dessas empresas surgem da necessidade de empreender diante do desemprego e a dificuldade de recolocação. “Algumas pessoas optam por empreender a fim de garantir uma fonte de renda, ao menos”, aponta Toffanin.

Este novo público à frente de pequenas e médias empresas espera que o escritório de contabilidade atue de forma mais estratégica. “Fizemos uma pesquisa com pequenas empresas e concluímos que 79% dos pequenos empresários têm a expectativa de um contador proativo e com visão para auxiliar sua empresa a crescer”, conta Vinicius Roveda, CEO da ContaAzul. Mas a maioria dos contadores ainda está com boa parte do seu tempo comprometido com a coleta de dados e o preparo de relatórios. “Essa é uma mudança que precisa ocorrer por parte dos próprios escritórios contábeis. O pequeno empresário quer mesmo é alguém que sente com ele para gerar insights e melhorar o seu negócio. A relação deles com seu contador deve ser marcada pela parceria, para que as empresas aumentem as chances de vencer, ao enfrentar toda a complexidade que é ter uma empresa atualmente”, acrescenta Roveda.

Diante de tantos desafios, aliar as ferramentas contábeis à inteligência na gestão dos negócios permite ao empreendedor realizar correções de rota com agilidade e identificar oportunidades de crescimento. “Se pensarmos que o Brasil é um país com uma série de carências, que fazem com que as empresas precisem se manter competitivas e, mais do que isso, sobreviver no mercado, fazer bom uso das capacidades e informações que podem, e devem, ser entregues por um profissional de contabilidade torna-se estratégico” finaliza Toffanin.

Serviço

A ContaAzul realiza no próximo dia 17, em Curitiba, o Dia D ContaAzul, evento para contadores que buscam atualização por conta das mudanças de mercado. A programação inclui palestras com nomes como Nelson Boing, Luiz Corrêa e Anderson Hernandes, autor de 10 livros, como “Marketing Contábil 2.0” e “Estratégias de Marketing para Empresas Contábeis”. O evento discutirá temas como: transformação no mercado contábil; como melhorar a produtividade da empresa de contabilidade; satisfação do cliente e valorização do contador; aquisição de novos clientes; e programa de contadores parceiros. No dia 18 a ContaAzul abrirá três turmas destinadas a certificar os escritórios que tiveram representantes participando do evento no dia 17. A participação é gratuita. As inscrições podem ser feitas na página do evento