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 | Ilustração: Felipe Mayerle
| Foto: Ilustração: Felipe Mayerle

A eliminação do Brasil para o Peru neste domingo (12), na Copa América dos EUA, foi apenas um tijolo na obra. Em momento de desinteresse geral pela seleção canarinho. Indiferença comprovada por levantamento do Instituto PróPesquisa, de São Paulo, divulgado pelo Diário Lance!. A sondagem realizada em maio, com mil pessoas na capital paulista, apontou que 91% dos entrevistados estavam “pouco interessado ou nada interessado” pelo time do técnico Dunga. Somente 8% afirmaram estar “interessado ou muito interessado” e 1% não respondeu. O fenômeno não é novo, mas só se agrava. Entenda os motivos.

Nível técnico

Arnd Wiegmann/Reuters

Os jogadores do Brasil não são mais os melhores do mundo. O último brasileiro eleito pela Fifa foi Kaká (foto), em 2007. Depois, Messi e Cristiano Ronaldo dividiram os troféus, com cinco para o argentino e três para o português. Em 2015 Neymar foi indicado pela primeira vez, mas ficou em terceiro. O futebol local também não empolga. Ano passado, o Corinthians venceu o Brasileiro com sobras amparado por Jádson e Renato Augusto, dois jogadores sem mercado na Europa que, ao término da disputa, optaram por atuar no irrelevante futebol da China.

Corrupção

Daniel Marenco/Gazeta

A entidade que comanda o futebol no Brasil e dirige a seleção é sinônimo de corrupção. Ricardo Teixeira, após 23 anos como presidente da CBF, renunciou ao cargo em 2012 acusado de corrupção. O sucessor, José Maria Marin (foto, à direita), está em prisão domiciliar, em Nova York, envolvido em corrupção. E o atual, Marco Polo Del Nero (foto, à esquerda), é investigado por corrupção. E enquanto o esporte no país continua subdesenvolvido, a organização lucra cada vez mais – fechou 2015 com R$ 227,2 milhões em caixa, de acordo com o balanço.

Oferta de atrações

A seleção brasileira não é mais a principal atração da televisão (exceto durante a Copa do Mundo). Há tempos a oferta de futebol ao vivo explodiu, com o pay-per-view do Brasileiro e os campeonatos internacionais, do Inglês (foto) ao Argentino. A Liga dos Campões, a mais prestigiada disputa de clubes, já alcançou a TV aberta. Mais recentemente, a internet apareceu como concorrente e, agora, a programação sob demanda. Sem contar a disponibilidade cada vez maior de outros esportes (como as ligas americanas).

Ídolos “locais”

Albari Rosa/Gazeta do Povo

A seleção brasileira é uma legião estrangeira. Na última Copa do Mundo, apenas quatro jogadores convocados atuavam no país – Jô e Victor, do Atlético-MG, Fred (froto), do Fluminense, e Jefferson, do Botafogo. Em 2010, foram três, o mesmo número de 2006. Em 2002, o cenário era o outro, com 13 atletas entre os 23 chamados. Além disso, atualmente os jogadores são negociados para o exterior antes mesmo de se tornarem ídolos nos clubes. O zagueiro David Luiz, queridinho da torcida no Mundial de 2014, deixou o Vitória com 19 anos.

Distanciamento

Rafael Ribeiro/CBF

A seleção é brasileira, mas não joga no Brasil. De 2014 até antes do início da Copa América, a equipe nacional principal disputou 15 amistosos. Destes, atuou mais nos Estados Unidos do que em seu país, cinco e quatro partidas, respectivamente. E os outros seis duelos foram disputados na África, Malásia, Turquia, Áustria, França e Inglaterra. Ou seja, o Brasil é “local” somente quando obrigatório, nas Eliminatórias para a Copa do Mundo. O distanciamento entre torcedor e seleção, naturalmente, esfria a relação entre os dois.

Resultados ruins

Albari Rosa/Gazeta do Povo

Já se vão 14 anos da conquista do pentacampeonato mundial, na Copa do Mundo do Japão e da Coreia do Sul, em 2002. Levantou a Copa América em 2004, 2007 e, desde então colecionou apenas títulos de pouca expressão, caso da Copa das Confederações, em 2005, 2009 e 2013 (foto), quando a vitória na final sobre a então campeã mundial Espanha criou uma ilusão para o Mundial em casa. Depois, o trauma foi imenso, deixando os fracassos nas Copas de 2006, na Alemanha, e em 2010, na África do Sul, na saudade.

7 a 1

Albari Rosa/Gazeta do Povo

O dia 8 de julho de 2014 é uma data que jamais será esquecida. 64 anos depois, o Brasil recebia outra vez o Mundial, com a chance de vingar a derrota para o Uruguai, em 1950. E naquela que estava sendo considerada a “Copa das Copas”, a seleção anfitriã protagonizou o maior vexame de sua história, ao ser humilhada pela futura campeã Alemanha, por 7 a 1 (foto), no Mineirão, pela semifinal. O massacre provocou um trauma proporcional e, desde então, modificou a relação de parte da torcida com a equipe canarinho.

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