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Rodolpho Toski, de 25 anos, é a aposta da arbitragem no estado | Pedro Serapio/ Gazeta do Povo
Rodolpho Toski, de 25 anos, é a aposta da arbitragem no estado| Foto: Pedro Serapio/ Gazeta do Povo

Entrevista

"Não gosto do estilo brasileiro"

Rodolpho Toski Marques, árbitro de futebol

A precocidade é a principal marca da grande aposta da arbitragem paranaense. Concluindo o curso de Administração de Empresas e responsável pelo RH de uma construtora em Campina Grande do Sul, Rodolpho Toski Marques apita desde os 15 anos e agora, aos 25, é o mais jovem integrante do quadro nacional.

O que explica essa carreira tão precoce na arbitragem?

Meu pai sempre mexeu com futebol. Foi empresário e fotógrafo. Tentei ser jogador, mas não me encantou. O que me encantou mesmo foi mandar no jogo [risos].

Como reage às críticas de que a arbitragem paranaense é ruim e só se restringe a Roman e Héber?

Temos um elenco que atua na Primeira Divisão estadual que é muito bom, mas ainda sem muita idade, pois o Afonso se obrigou a apostar nos mais jovens. Pela idade, o principal nome para substituí-los sou eu. Vou trabalhar jogo após jogo pelos próximos 5, 6 anos para não deixar o Paraná perder o escudo da Fifa quando eles pararem.

Em quem você se espelha?

Héber Roberto Lopes e Paulo César Oliveira. A postura, a maneira como eles conduzem a parte disciplinar é excelente.

Vê muita distinção entre a arbitragem feita no Brasil e na Europa?

Muita. Eu mesmo sofri com isso. Eu deixava os jogos correr, marcava 17, 20 faltas por partida. Dava certo no interior. Vim apitar Coritiba x Arapongas pelo Paranaense do ano passado e a mídia caiu de pau em cima de mim, então fui obrigado a retroceder. Era para eu entrar no quadro nacional já ano passado, mas, por causa desse jogo, em que eu realmente deixei correr além da conta, perdi a oportunidade. Não gosto do estilo brasileiro, mas aqui você é obrigado a fazer o feijão com arroz.

Uma contagem regressiva silenciosa pressiona a arbitragem paranaense. Orgulhoso por contar com dois juízes no quadro da Fifa, o estado tem seis anos para não ficar sem ninguém na lista. Evandro Ro­­gério Roman estoura o limite de idade da elite mundial em 2018. Para Héber Roberto Lopes, a aposentadoria internacional chega à temporada anterior. Somente uma trajetória exemplar de apitadores que ainda engatinham no cenário nacional evitará uma lacuna na linha sucessória.

Desde 2002, ano da entrada de Héber, o Paraná tem ao menos um árbitro Fifa. Roman juntou-se ao londrinense em 2009. Substituí-los sem hiato algum é o grande desafio da renovação conduzida por Afon­­so Victor de Oliveira, chefe do apito local desde 2006.

"É um trabalho de formiguinha. Para um árbitro que está entrando agora no quadro nacional são necessários dois ou três bons anos de Série A para tornar-se aspirante à Fifa. Depois disso, vai o mesmo tempo para se tornar um árbitro Fifa. E não é certeza de que o árbitro suba esse degrau a mais", diz Afonso. "Só se surgir um fenômeno você consegue cumprir esse trajeto em menos de seis anos", acrescenta.

Os números ajudam a dimensionar esse caminho. Até esta semana, a CBF sorteou a arbitragem para 296 partidas de competições nacionais em 2012. A dupla da Fifa concentra as mais nobres das 19 aparições dos apitadores locais. Neste fim de semana, ambos completam o quarto jogo da Série A. Héber ainda tem uma atuação das oitavas e outra nas quartas de final da Copa do Brasil, torneio em que Roman não trabalha por causa da agenda de secretário estadual de Esporte. Para os demais, divisões menores do Brasileiro e fases iniciais do mata-mata nacional.

Na teoria, Edivaldo Elias da Silva é quem está mais próximo de Héber e Roman. Foi o único paranaense a apitar na Série B deste ano e deve ganhar espaço na A. Porém, há dois anos ele estourou o limite para integrar o quadro da Fifa (37 anos). Por isso, as apostas de Afonso se voltam para os jo­­vens Fábio Filipus (32 anos), Leandro Hermes (32), Paulo Ro­­berto Alves Jr. (29 anos) e, principalmente, Rodolpho Tos­­ki (25, leia ao lado).

Todos foram formados de 2006 para cá, na gestão de Afon­­so. Segundo o dirigente, dentro do prazo de desenvolvimento. "Árbitro é um produto que você planta em uma década para colher na outra", filosofa Roman, que garante ter a intenção de conciliar política e arbitragem até os limítrofes 45 anos.

O auxiliar Roberto Braatz cruza esta linha no fim do ano. Seu substituto deverá ser Bruno Boschilia. "Ele tem trabalhado em todas as rodadas do Brasileiro. Não tenho dúvida de que será o substitu­to do Braatz", comemora Afonso, com a devida ressalva de que Boschilia é de uma turma anterior à sua gestão. Para comprovar a teo­ria de Roman, será necessário esperar até 2018.

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