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A febre agora, mais do que nunca, é discutir erros de arbitragem. A polêmica criada por causa do jogo Inter e Palmeiras não é nenhuma novidade para nós. Já havíamos comentado neste mesmo espaço, há dois meses, as trapalhadas acontecidas no jogo Atlético e Joinville, em Paranaguá, no início do segundo turno da Série B. Naquela noite a assistente Lilian Bruno fez o árbitro voltar atrás de uma marcação errada de pênalti contra o Atlético. O lance foi diferente mas o modus operandi, digamos, foi o mesmo. A fonte de informação da moça que bandeirava, valeu-se do mesmo recurso de agora: o tira-teima da tevê.

A verdade é que os árbitros estão acuados pelos recursos técnicos da televisão, e ao mesmo tempo impedidos legalmente de usar meios eletrônicos avançados. E as críticas incontestáveis de ex-colegas de profissão, cujos lances são analisados de cabines ou estúdios confortáveis, podem precisar detalhes que a olho nu jamais seria possível. Isso tudo está queimando a imagem do apitador. Há lances rápidos e simples de impedimentos, faltas, mão na bola, que se detecta em segundos. Outros nem tanto.

Vejo a dificuldade instantânea de se comentar pela televisão – e aí me incluo com o Dida e o Gil Rocha – determinados lances. Ao nosso lado temos a mesma imagem que chega ao telespectador. E nem sempre é possível tirar uma dúvida antes do replay. Foi o caso, por exemplo, do "gol" olímpico do Londrina contra o Coritiba no regional deste ano. Antes de entrar – Ayrton foi o cobrador e Vanderlei o goleiro – a dúvida ficou se a bola teria feito a curva por fora ou não. Foi um lance tão difícil de julgar que as imagens foram parar no laboratório de uma universidade de Londrina, e analisadas por professores de física.

Existe diferença entre erro de critério e visual. Penso que estamos perdendo muito tempo com a contundência nas gafes visuais, principalmente depois de constatar as imagens da televisão. E isso é uma questão cultural.

Na Copa do Chile, em 1962, a Espanha ganhava do Brasil por 1 a 0 e quem perdesse estaria eliminado. No segundo tempo, induzido pela personalidade de Nilton Santos, o árbitro não marcou um pênalti no atacante espanhol Collar. O Brasil virou o jogo e depois chegou ao bicampeonato mundial.

Agora, em 2012, 50 anos depois, perguntado sobre o episódio, Collar disse: "Eu passei por Nilton Santos e ele me derrubou. Pênalti. Mas o brasileiro deu dois passos para fora da área e o árbitro não viu. Nós reclamamos, falamos com o juiz. Mas no futebol, se o juiz não marca nada, a jogada não aconteceu. Não tenho queixa alguma", concluiu.

Seguindo este exemplo, é bom que cartolas e técnicos envolvidos nesta rodada e daqui para frente (só Dorival Júnior, do Flamengo, foi expulso cinco vezes), se prejudicados ou não pela arbitragem, procurem concertar os seus próprios erros. Melhor do que chorar como velhas carpideiras, contagiando a torcida, mas que não leva a lugar nenhum.

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