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Interditado pela Justiça desde 2007, o Pinheirão convive com o abandono, a sujeira e a depredação | Antônio More/ Gazeta do Povo
Interditado pela Justiça desde 2007, o Pinheirão convive com o abandono, a sujeira e a depredação| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

À primeira vista, uma rara oportunidade de negócio. Terreno amplo, em uma área valorizada da cidade, a um preço inferior ao de mercado. Antes de autorizar o início dos lances, porém, o leiloeiro público oficial Plínio Barroso de Castro Filho dará um aviso capaz de conter o ímpeto de potenciais investidores: duas ações judiciais podem, a qualquer momento, anular o leilão e, consequentemente, invalidar a compra.

Será com o inseparável asterisco que o terreno do Pinheirão estará à venda novamente hoje, a partir das 14 horas, em Curitiba. O pregão atende a uma determinação do juiz federal substituto Augusto César Pansini Gonçalves, da 3.ª Vara das Execuções Fiscais Penais de Curitiba. O valor arrecadado será usado para quitar uma dívida de R$ 2,5 milhões da Federação Paranaense de Futebol (FPF) com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Na primeira tentativa, há duas semanas, não apareceu ninguém disposto a adquirir a área de 124 mil metros quadrados. Agora, porém, a previsão é de pelo menos 50 interessados. A diferença é causada pela oferta mínima. No pregão inicial, o arremate seria feito por no mínimo R$ 69 milhões. Desta vez, conforme designa a legislação, qualquer valor superior a R$ 34,5 milhões pode ser aceito.

A previsão é de que três tipos de compradores se apresentem: interessados na compra direta, investidores e arrematadores. Nos dois últimos casos, a intenção é adquirir o terreno para revenda. O preço é atraente; os pré-requisitos, também. O lance mínimo põe em R$ 277 o valor do metro quadrado do terreno, bem abaixo da média da região. Segundo dado de agosto do ano passsado do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), o metro quadrado do terreno no Tarumã está avaliado em cerca de R$ 578. Neste ano, contudo, foi realizada uma venda a R$ 979/ metro quadrado. Por se tratar de um leilão judicial, não é exigida nenhuma certidão negativa do comprador.

"Muita gente tem nos telefonado perguntando sobre o leilão, pois todos sabem que é mais fácil vender agora do que na sessão anterior. Por outro lado, as ações judiciais espantam alguns investidores. Uma empresa muito grande de fora de Curitiba desistiu ao saber que a venda pode ser anulada", diz Castro Filho.

As duas ações são de autoria da Federação Paranaense de Futebol, que entrou com pedidos de agravo de instrumento para evitar o leilão. Conseguiu apenas que o desembargador Álvaro Junqueira, do Tribunal Regional Federal da 4.ª. Região, determinasse o aviso aos compradores de que o leilão está sendo contestado na Justiça. Assim, quem comprar a área depositará o valor em juízo até que haja uma sentença definitiva.

Sem conseguir o adiamento, a FPF estará presente no leilão, representada pelos advogados Juliano Tetto e Tales Macedo. Serão apenas ouvintes, sem se manifestar durante a sessão. Um silêncio determinado pelo presidente Hélio Cury. Procurado pela Gazeta do Povo, Tetto disse estar proibido de dar entrevistas. Cury confirmou o veto. "Só vamos nos pronunciar quando toda essa situação for definida", afirmou o dirigente. Com duas ações em andamento e um histórico de pendências fiscais não deve ser hoje o dia dessa definição.

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