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| Foto: /Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O Atlético realiza nesta quarta-feira (29), na Arena da Baixada, uma entrevista coletiva para falar sobre a Assembleia Geral de Sócios, modelo de gestão, dentre outros assuntos. Estiveram presentes o presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia, o presidente do Conselho Administrativo, Luiz Sallim Emed, e o Diretor Jurídico do CAP, Rodrigo Gama Monteiro. O evento durou 1h27 e Petraglia falou sobre a dívida da Arena, o projeto do futebol, defendeu a política de sócios e atacou a imprensa e oposição.

Confira os principais temas abordados

1 Arena multiuso

Petraglia garantiu que o clube está atrás de um parceiro para construir a Arena Indoor, Areninha, mas sem sacrificar o futebol. Sobre a agenda de eventos, o dirigente revelou uma dificuldade mercadológica. “Não existe um calendário para eventos do tamanho da Arena. O dono desse artista [empresário] quer lucrar, usar, abusar e ir embora. Querem ganhar dinheiro. Nós não queremos que estraguem o nosso patrimônio e também queremos ganhar dinheiro. O Atlético não aluga o estádio, mas faz parceria. Quando veio o pessoal do UFC falamos: ‘nós montamos o circo e vocês trazem os palhaços’. A grande maioria não concorda com essa estratégia. O dirigente disse ainda que o clube está trabalhando para ter uma produtora própria. “Isso foi construído para ser autossuficiente e rende receita para o futebol”

2 Arena vs. Prefeitura

O mandatário atleticano falou também da dívida envolvendo o estádio e o problema com governo do estado e prefeitura. “Acabamos de entrar com uma ação de antecipação de provas, para mostrar e comprovar que o gasto feito para construir o estádio foi aquele – o menor entre todos os estádios, sem nenhum prejuízo ao erário. Temos um acordo tripartite, mas falta a prefeitura reconhecer a parte municipal dessa dívida para acabar com o imbróglio.” O advogado Rodrigo Gama Monteiro disse que o processo funciona como perícia para mostrar e explicar os gastos do estádio. “A partir daí esperamos convencer a prefeitura a assumir sua parte do ⅓ da dívida, com base no valor total da obra”.

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3 Cabeça para o futebol

Petraglia prometeu investimentos no time. “Qualquer planejamento, projeção, de crescimento do Atlético passa pelo futebol. Sacrificamos nos últimos anos o futebol. Quando vendemos o Jadson e Fernandinho, compramos a outra parte do estádio e reformas o CT. Agora há um crescimento e haverá em 18, 19. Nós estamos atrás de uma grande cabeça que garanta: ‘contrata esse, aquele’. Aprendi com o Evaristo de Macedo [técnico] que quem garante é mentiroso. Às vezes, o jogador encaixa, às vezes, não. Existe a velha forma de tentativa e erro”. E cravou: “Daqui pra frente será bola, bola, bola...”

4 Assembleia Geral

O Conselho Deliberativo do Atlético rejeitou nesta terça-feira (28) o pedido de convocação de Assembleia Geral Extraordinária de Sócios. De acordo com documento assinado por Mario Celso Petraglia, presidente do órgão rubro-negro, o abaixo assinado articulado pela oposição não preenchiam os requisitos legais para tal demanda entre os associados. O número de sócios não atingiu o limite estatutária. “Absolutamente inválido juridicamente. O conteúdo dos pedidos ridículos”, resumiu Petraglia.

O advogado Rodrigo Gama Monteiro disse que ocorreram erros graves na coleta de assinaturas, como crianças na relação de signatários. “Vários absurdos”, destacou.

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5 Oposição

O dirigente lembrou da oposição que enfrentou para trazer a Copa para Arena para explicar a situação. Também lembrou seu início de trabalho, também com forte trabalho, em 1995. “Ali começou a oposição doentia, maldosa. São 15 anos, a partir de 2002, com as mesmas figuras, os mesmos discursos e as mesmas mentiras”, desabafou. “A necessidade de mudança é inerente ao ser humano, mas nós fomos eleitos várias vezes. Mas a nossa noiva é bonita, tem um grande dote, sem pais, nem sogras, e todo mundo casar”.

6 Insatisfação da torcida

“Precismos tomar medidas antipáticas. Coisas que não são levadas a sério no futebol brasileiro. Estamos quebrando paradigmas. Estamos em Curitiba, no bairro Água Verde, não estamos no Rio, São Paulo, não fazemos parte da história do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Nós não temos nenhuma tradição, um estado recente, que era comarca de São Paulo. São três Paranás, o gaúcho, o paulista e o paranaense”, explicou, ao ser indagado sobre a insatisfação dos torcedores na temporada. “Temos agora uma pesquisa de todo futebol brasileiro e somos um dos três que mais cresceram. Trabalhamos não para quem vem ao estádio, mas sim para os dois milhões que moram longe de Curitiba.”

O presidente do administrativo, Luiz Sallim Emed, complementou. “Estão tentando antecipar as eleições de 2019. O nosso interesse é o bem do Atlético. Poderíamos estar aqui reduzindo preço de ingresso, mas o interesse coletivo tem de ser maior que o individual. E as pessoas confundem o benefício individual, vivemos numa sociedade individualista. Mesmo as medidas duras, antipáticas, são visando ao bem do clube. Não são oportunistas”.

7 Queda no número de sócios

Petraglia ainda complementou, ao ser questionado pela baixa no plano de sócios: “Nós temos mais de 100 mil sócios que passaram por aqui com CPF e CNPJ diferentes e não continuaram. O problema não é o engajamento de sócios, mas a fidelização”. Sallim endossou: “Tem aquele torcedor casulo que não sai de casa e vou respeitar isso. Tem torcedor que é igual regime que começa na segunda-feira, mas chega na sexta-feira e desiste...”

E Petraglia ainda destacou que a violência afasta a classe média, o público desejado pelo Atlético. “Pois a classe D não tem dinheiro para pegar ônibus, pagar ingresso...”, citou, para colocar a desigualdade social e racial como outro motivo preponderante para a baixa adesão no plano de sócios. “É um público elitista. O operário, trabalhador negro, assim como as mulheres, ganham menos. Lamentavelmente”. Para encerrar o raciocínio, lembrou a Copa. “Nós imaginávamos que depois da Copa do mundo, o público de show, de entretenimento, seria maior”.

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8 Paulo Autuori e Weverton

Sallim respondeu sobre a saída de Paulo Autuori, não quis confirmar, mas não desmentiu. “Vamos tratar disso na segunda-feira [após o Brasileirão]”. Ambos vão deixar o clube, embora ainda não estejam desligados oficialmente (até estiveram no treino desta quarta). O ex-técnico deve largar o futebol e o goleiro está fechado com o Palmeiras. “Esperamos que Autuori continue conosco”, soltou Petraglia.

9 Falta de resultado em campo

“Os resultados em campo estão diretamente ligados a estrutura. Só ver os exemplos que temos com o São Paulo, após o Morumbi, e Corinthians e Palmeiras, com estádios novos. Como chegamos aqui víamos que não tínhamos base, onde jogar e treinar”, reforça Petraglia. “Este ano investimos um pouco mais no futebol. 2018 será um pouco melhor e 2019 também”, seguiu. “O problema da troca constante de técnico é cultural: não tem condições de mudar os jogadores, então troca o técnico em busca de uma performance melhor”. Sobre o desempenho este ano, uma autocrítica: “Não foi legal”.

“O torcedor brasileiro não vem ao estádio para se divertir, vem para ganhar. Se sentir que vai perder, ele não vem”, segundo Petraglia.

10 Guerra com a imprensa

Em crítica a uma reportagem da Gazeta do Povo, sobre questionamentos que ele deveria responder, Petraglia disse que ‘aldeia’ não reconhece um dos maiores projetos do futebol brasileiro. “Vão estudar, pesquisar, tem o mister Google. É preguiça, incompetência ou maldade?”, atacou. “Transformamos um clube de bairro em um dos maiores do mundo. Vocês [jornalistas] estão se beneficiando com isso. A guerra só nos trouxe benefícios e a guerra que enfrentamos com a imprensa local...”, seguiu.

O dirigente também falou da falta de proteção ao clube na imprensa local. “Olha a história do drone do Grêmio. E se fosse o drone do Petraglia? Uma pobreza de espírito. Não é desabafo, estou aqui para dizer o que eu sinto: perplexidade, tristeza”.

Sallim reforçou dizendo que sente uma cobertura dos fatos políticos, com “mensagem subliminar” para atacar a gestão atleticana.

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11 Grama sintética

Petraglia garantiu que não está trabalhando nos bastidores para manter o piso sintético, uma batalha comercial, não esportiva. “Existe uma guerra entre as empresas de grama natural com as gramas de tecnologia. Não dá para comparar a qualidade dos estádios do Brasil com natural e sintético, pois a natural exige muito dinheiro, um dinheiro que ninguém quer pagar. E existe uma tendência natural para investir no gramado mais tecnológico. O Atlético Paranaense vai enfrentar essa situação no próximo arbitral, com os clubes da primeira divisão.” E ainda fez uma crítica aos clubes: “O arbitral determinava que esse ano, 2017, tínhamos que abrir o estádio para as equipes realizarem o reconhecimento do gramado. Abrimos. Poucas equipes fizeram”.

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