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Câmera da transmissão do Atlético-PR que foi barrada pela Globo. | /Albari Rosa/Gazeta do Povo
Câmera da transmissão do Atlético-PR que foi barrada pela Globo.| Foto: /Albari Rosa/Gazeta do Povo

O presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mário Celso Petraglia, defendeu a transmissão própria do clube, defendeu o boicote na cessão das imagens do jogo e criticou a postura da Rede Globo, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e até mesmo Coritiba.

O Furacão foi campeão paranaense neste domingo (8) após vencer o Coritiba por 2 a 0, mas criou polêmica ao transmitir o jogo em seu canal oficial do Youtube. Porém, o sinal saiu do ar aos 44 minutos do primeiro tempo com a seguinte mensagem: ‘Esse vídeo não está mais disponível devido à reivindicação de direitos autorais da organização Globo’. O Coritiba também não autorizou a transmissão. Os minutos finais, no entanto, foram passados em tempo real no canal atleticano do Facebook.

O confronto não poderia ter sinal ao vivo, nem mesmo pela internet, porque o Rubro-Negro não vendeu os direitos para a Globo, enquanto Coxa fechou contrato com a televisão. No Brasil, o direito de um jogo pertence aos dois times que disputam a partida.

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“Entendemos que era um direito nosso. Sem criar prejuízo a ninguém, resolvemos passar nosso jogo pela internet. O Atlético não vendeu seus direitos e mesmo assim teve interferência do poder e nos tiraram do ar. O protesto é da forma que fomos tratados hoje pelo monopólio da televisão brasileira”, disparou Petraglia contra a Rede Globo.

“Estávamos juntos com o Coritiba sem vendermos os direitos do Paranaense. Lamentavelmente, para nós do Atlético, houve uma sucessão de poderes na eleição do Coritiba. A oposição foi vitoriosa e eles desde o primeiro momento foram cordiais e disseram que não compartilhariam do nosso desconforto com o sistema - o inconformismo com Federação, CBF, com o cartel que domina o futebol brasileiro e o monopólio da rede de televisão da empresa que transmite os jogos que define quanto cada clube vai ganhar”, seguiu.

Com a atitude, o mandatário atleticano firmou de vez sua luta contra a principal detentora dos direitos de transmissão do país. No final de março, na semifinal contra o Maringá – quando o Rubro-Negro goleou por 5 a 0 - o clube não enviou os gols da partida. A atitude foi lamentada pelo apresentador do Fantástico, Tadeu Schimdt.

Sem gols e o apoio da torcida

Petraglia ainda garantiu que a maior emissora de televisão do país também não receberá as imagens da final do Estadual deste ano. O presidente reafirmou a luta contra as rádios, que dura mais de uma década. De acordo com o dirigente, os veículos de comunicação faturam com a publicidade por conta da transmissão dos jogos, mas não retornam nenhum percentual, do que foi obtido, ao clube.

“Há 11 anos nós estamos brigando contra as rádios. Elas faturam e não nos pagam absolutamente nada. Exploram o nosso conteúdo e espetáculo para vender publicidade e nenhum tostão de reciprocidade. As televisões hoje, no Paranaense, agem da mesma forma. O Atlético não tem um retorno de nem um real. E querem os melhores lances de graça? Ah, tenham piedade. Não receberão [os gols]. Mandaremos os piores. A Lei Pelé não diz que são os principais e os gols. A lei determina os três minutos”, completou.

O homem forte do Atlético ainda ressaltou a postura do clube, inédita no país. Para Petraglia, o Furacão é o único que se opõe à quem comanda o futebol brasileiro. Apesar disso, reconhece que os torcedores rubro-negros e os patrocinadores são prejudicados pela postura adotada pelo clube.

“ Os torcedores devem entender e participar. É pedir nosso torcedor que nos ajude na batalha contra quem nos pressionou a vender o Paranaense por R$ 600 mil, enquanto o Boavista recebe R$ 5 milhões pelo Carioca. A nossa visão é defender aquilo do que é melhor para o coletivo. Eu vou lutar e serei o último a cair na luta”, finalizou.

O parágrafo 2 do artigo 42 da Lei nº 9.615/1998 (a Lei Pelé) autoriza não detentores dos direitos de transmissão a exibir até 3% do tempo total do evento, mesmo que esse seja privado, para fins exclusivamente jornalísticos, desportivos ou educativos: o chamado flagrante.

Atlético erra ao confundir direito de transmissão com flagrante jornalístico

Ainda conforme a norma legal, o clube até poderia ser o fornecedor, porém uma recente jurisprudência brasileira, indica que não se trata do caminho mais adequado, justamente por ser um obstáculo ao trabalho da imprensa.

Em 2012, a Folha de S. Paulo conseguiu uma liminar contra a Rede Record para fazer a edição que achasse à época mais conveniente da Olimpíada de Londres, mesmo sendo a emissora paulista a detentora com exclusividade em TV aberta da competição no Brasil. Pagar ou não vender um espetáculo não gera o combo de ter o monopólio da informação.

O Atlético tem contrato com a Rede Globo até o final de 2018. A partir de 2019, o Rubro-Negro fechou um acordo com o Esporte Interativo para a transmissão de seus jogos na TV fechada até 2024. Por enquanto, apenas a Globo tem proposta para TV aberta.

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