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Marcos Juliano Ofenbock, criador do footsack, no meio das crocheteiras que produzem as bolinhas usadas no esporte:  projeto atende 168 profissionais | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Marcos Juliano Ofenbock, criador do footsack, no meio das crocheteiras que produzem as bolinhas usadas no esporte: projeto atende 168 profissionais| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Projeto social com crocheteiras abastece

Há quatro anos, um anúncio publicado nos classificados da Gazeta do Povo chamou a atenção da dona de casa Roseli Vaz. "Procura-se crocheteiras para o desenvolvimento de um novo produto." A curiosidade e a intenção de reforçar o orçamento a colocaram na fase embrionária do projeto do footsack.

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  • A versão competitiva do footsack, com uma rede separando a quadra e verdadeiros malabarismos para colocar a bola no chão

A partir de hoje, uma modalidade esportiva terá o selo de procedência made in Curitiba. A mistura entre a paixão pelo futebol, o domínio do vôlei e a agilidade do tênis fez surgir o footsack. Criado por um curitibano, o novo esporte terá seu lançamento mundial às 11h45, no Parque Barigüi.

O footsack, a pequena bola que também empresta o nome ao recém-criado esporte, lembra uma versão moderna, ecologicamente correta e com função social da tradicional bola de meia. Por dentro, no lugar das velhas meias, material reciclado de garrafas pet. Para cobrí-la, o trabalho de 168 crocheteiras de Curitiba.

Com tantos ingredientes inusitados, um representante do Ministério do Esporte confirmou presença no evento de hoje como parte do processo de formalização da novidade como o sexto esporte criado no Brasil –– peteca, frescobol, futebol de areia, futsal e futevôlei completam a lista.

É justamente o sucesso do futebol e desses outros "futes" verde-amarelos que inspirou o empresário de Curitiba Marcos Juliano Ofenbock. Quando morou na Austrália, ele conheceu e se encantou com o footbag, esporte no qual a pessoa faz malabarismo com uma pequena bola, usando apenas o pé. Ofenbock passou a estudar outras modalidades semelhantes e chegou a uma combinação com o chinlone, de Mianmar, onde um um grupo de seis pessoas passa a bola com os pés e joelhos enquanto caminha em círculos, e o sepak takraw, desenvolvido na Malásia, nos anos 40, e jogado sobre uma rede, como no futevôlei. "Achei a cara do brasileiro", conta.

Nos últimos quatro anos, ele contou com a ajuda de um grupo de amigos para elaborar as regras, desenvolver a bola e estruturar o esporte, com a criação da Associação Brasileira de Footsack (Abrafoots).

O "chute" seguinte foi apresentar o esporte ao público nos parques, escolas e em outros locais pouco prováveis. O footsack fez sucesso entre os jovens reclusos no Educandário São Francisco e em outra unidade da Fazendo Rio Grande. "É perfeito para eles se distraírem em um espaço pequeno. Serve como uma atividade ocupacional", comenta o idealizador.

A proliferação da modalidade não se concentrou apenas no Paraná. Ao todo são 200 atletas inscritos nas federações paranaense, catarinense e carioca. E foi no Rio que eles ganharam um apoio especial.

"Visitamos o Zico e ele foi como um padrinho para nós. Aceitou nossas quadras na sua escolinha (CFZ) e até jogou conosco. Depois disso, passamos a ficar mais conhecidos", comenta. Tanto que a prefeitura do Rio mostrou-se interessada em fazer o lançamento oficial lá, mas a Associação preferiu honrar a origem leite-quente.

O esporte despertou curiosidade fora do país. O jornal português O Público contou toda a história da invenção e veículos da França também querem reproduzir a novidade. Cartazes do lançamento em inglês, francês e espanhol foram enviados para cerca de 50 jornais no mundo.

Comércio

Licenciado por grandes equipes brasileiras como Flamengo, Corinthians, Botafogo, Vasco e, claro, pelo trio Coritiba, Atlético e Paraná, aos poucos o footsack começou a aparecer nas prateleiras das lojas de materiais esportivos, nos clubes, papelarias, lojas de presentes, sapatarias e até em uma confeitaria em Cabo Frio (RJ). As bolinhas chegaram, inclusive, ao Amazonas.

"Também sou economista e vi uma forma de criar um produto e também ganhar dinheiro. Por isso, o nome em inglês", explica Ofenbock. Por enquanto, ele ainda não recuperou os cerca de R$ 300 mil investidos.

O jogo

Apesar de o foco ser na formalização do esporte, a idéia é também incentivar o lado lúdico do footsack. "A diferença dele para o footbag é a possibilidade de se jogar com outras pessoas, de se divertir com os amigos", diz.

Nessa versão, conta o maior tempo da bolinha em jogo e o capricho nas jogadas para os companheiros. No esporte oficial, a partida pode ser realizada individualmente ou em duplas. Até o saque é feito com os pés e a intenção é derrubar o footsack na quadra adversária.

Os planos para o caçula dos esportes brasileiros vão longe. Com a criação da Confederação Brasileira de Footsack (CBFoots), será possível aumentar o número de campeonatos e expandir a prática. A intenção é incluir a modalidade como esporte exibição na Copa do Mundo de 2014.

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