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Mesa Redonda: Fernando, Valmir, Hidalgo e Sicupira recordam em áudios o melhor do clássico da TV
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Entre 1991 e 2006 era algo obrigatório para quem gostava de futebol dar pelo menos uma olhada no canal CNT entre 22h e a meia noite de domingo. O Mesa Redonda, comandando por Fernando Gomes, fazia sucesso e tinha na mesa nomes conhecidos do esporte paranaense, como Sicupira, Capitão Hidalgo e Valmir Gomes, entre diversos outros integrantes.

Pedimos para os quatro contarem um pouco sobre o programa, o motivo do sucesso e do fim, os "merchans" e as histórias mais engraçadas. Chance para relembrar o programa que marcou época no futebol paranaense.

Confira abaixo as melhores histórias, com áudios dos participantes:

Eurico x Alvaro Dias

O ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, foi um dos convidados. Em certo momento, o ex-dirigente começou a falar, enfurecido, sobre o senador Alvaro Dias, por causa da CPI do Futebol. Em dado momento, o cartola fez, ao vivo, comentário pouco elogioso sobre o paranaense. Valmir Gomes não deixou por menos e defendeu Dias.

"Eu achei aquilo um desrespeito e disse pra ele que estava sendo tratado com todo o respeito que merecia, mas que não dava o direito de ofender um senador que representava o povo do Paraná", conta Valmir. Após o intervalo, Eurico pediu desculpas no ar e ele e o comentarista até chegaram na sequência a ter um pouco de amizade. Em outro programa, Alvaro Dias disse que o então presidente do Vasco era um "notório corrupto".

"Muita gente me para até hoje no supermercado, na rua, no restaurante, pra relembrar esse fato. A gente tem que tomar atitude na hora precisa. Fiz o que achei que devia ser feito", conta Valmir.

Escute o áudio com o próprio Valmir Gomes falando dessa história:

"Esse é meu governador"

O apresentador Fernando Gomes conta ainda que certa vez um dos comentaristas convidados, Carlos Alberto Pessoa, já falecido, tinha tomado algumas taças de vinho a mais antes do programa. Calhou que no mesmo dia estava presente o então governador do Paraná, Jaime Lerner, que sentou justamente ao lado de Pessoa.

"Cada vez que o Jaime Lerner falava, ele recebia um tapa nas costas com as palavras: esse é o meu governador", conta Fernando Gomes. No intervalo foi necessário trocar o comentarista mais exaltado de lugar.

Escute Fernando Gomes falando sobre esse caso e o do Eurico Miranda:

>> Mesa Redonda: 11 momentos inesquecíveis de um clássico da televisão

Regulamento rasgado

Em certa noite, revoltado com alguma situação daquele final de semana, Capitão Hidalgo simplesmente rasgou ao vivo o regulamento da Federação Paranaense de Futebol. "Eu falei, isso que não estava valendo mais nada. Isso foi comentado muito tempo", conta o ex-jogador do Coritiba.

Ele lembra, inclusive, que em 1995, diante da disputa entre Coritiba e Athletico pelo acesso para a Série A do Brasileirão, os debates eram quentes. "Uma pena que não temos mais isso aqui em nossa programação. Os canais de fora só falam do Corinthians e do Flamengo. Eu culpo os empresários de não dar esse espaço para os profissionais fazerem a devida defesa do futebol paranaense", ressalta.

Escute capitão Hidalgo falando sobre o regulamento rasgado, a disputa de 1995 e a falta que faz o Mesa Redonda:

Faltou combinar com os russos

Outra história que tanto o Fernando como Valmir lembram com muito saudosismo é quando um grupo de crianças foi visitar o programa. Na época, uma das propagandas feitas ao vivo era do restaurante Cortina D'Ampezzo e o apresentador resolveu aproveitar a criançada para promover o restaurante. Não deu muito certo.

"Era pra molecada responder qual era o melhor restaurante de Curitiba. E eles disseram em coro: Madalosso. Tive que dar uma floreada ao vivo para consertar a situação", admite Fernando Gomes. "Todo mundo caiu na risada e ficou marcado para todo o sempre. Foi o mais engraçado dos comerciais", recorda Valmir Gomes.

Escute Fernando Gomes falando sobre as crianças "sinceras":

Pelé e o Indiozinho Boliviano

Engatando com as história das crianças, Valmir Gomes ainda lembra de outra passagem engraçada que inclui "apenas" o rei do futebol. Em um dos programas, em cadeia nacional, o comentarista defendeu Pelé. Um tempo depois, acabou encontrando com o maior jogador de todos os tempos.

"Ele me disse que de vez em quando via o programa e achava engraçado o pessoal me chamar de Indiozinho Boliviano. Até uma vez me mandou uma camisa pelo Alvaro Dias", revela.

Escute Valmir Gomes contar a história das crianças e o encontro com Pelé e Gilberto Gil:

Óculos de mulher para o bigode

As propagandas durante o programa frequentemente geravam histórias engraçadas. Uma delas ocorreu com Sicupira, o maior artilheiro da história do Athletico. Ele lembra que o então apresentador Fernando Gomes pedia para ele experimentar um produto que não lhe caiu muito bem...

"Tinha as propagandas e a gente engatava uma piada. O Fernando me fazia experimentar os óculos. Um dia ele me deu um, e eu disse: esse óculos é de mulher, não tenho eu que experimentar", relata o hoje comentarista da rádio Banda B.

"Quando tinha um prêmio bom até a gente queria concorrer", admite o ex-atacante. "Eu faria outro programa desse, mas como não tenho nem idade para pensar nisso, vou esperar que surja um e me convidem", acrescenta.

Escute Sicupira falando sobre a propaganda do óculos e a amplitude que o Mesa Redonda ganhou na época:

Os "merchans"

Uma das críticas mais recorrentes na época era para o excesso de propaganda. Os famosos "merchans" eram feitos principalmente pelo apresentador Fernando Gomes. Após quase 15 anos do fim do Mesa Redonda, o hoje comentarista da rádio Transamérica defende que aquilo era absolutamente necessário para manter a qualidade do programa.

"O kit de Café Damasco fui eu que criei inclusive, era o maior contrato que tínhamos. Tinha a propaganda dos intervalos, mas o merchan era o grande faturamento do programa. Era feito no Rio, em São Paulo. Era extremamente necessário, estão voltando a fazer e vai acontecer, pode ter certeza", garante.

Escute Fernando Gomes falando sobre os merchans do Mesa Redonda:

O papel de Fernando Gomes

O papel do apresentador foi um tema constante que apareceu nas entrevistas para justificar o sucesso do Mesa Redonda. Todos são unânimes ao falar que Fernando Gomes foi fundamental para que o programa marcasse época.

"Eu vejo que às vezes o Fernando Gomes é um cara combatido pelas atitudes dele. Ele é um cara de personalidade e tem a sua forma de viver. Muita gente achava que o Fernando era um carrasco, que interrompia a gente. Nunca, jamais, foi pedido pra falar isso, de um time, clube, de qualquer coisa. Nunca. Nós tínhamos total liberdade para falar, para fazer uma piada quando surgisse a oportunidade", conta Sicupira

Escute Sicupira falando do Mesa Redonda e da importância do apresentador:

"Eu destaco o Fernando Gomes. Ele dava a vida dele por esse programa, gostava demais. Conseguiu integrar grandes profissionais da cidade, inclusive na produção. Quando chegava na televisão, era só colocar a gravata e nós tínhamos que fazer o teatro", conta Capitão Hidalgo.

Escute Capitão Hidalgo comentando sobre Fernando Gomes:

"Nós tínhamos um apresentador, o Fernando Gomes, que como poucos sabia conduzir o programa de maneira a despertar nos ouvintes a curiosidade. Diria que o Fernando é um dos melhores homens de televisão do Brasil", acrescenta Valmir Gomes.

Escute Valmir Gomes comentando a importância da qualidade dos profissionais do Mesa Redonda:

A falta e por que acabou

Todos as entrevistas para esse especial sobre o Mesa Redonda lembram com carinho do programa e admitem que ele faz falta no cenário paranaense hoje em dia. Capitão Hidalgo, por exemplo, faz questão de lembrar do apoio do comando da CNT na época.

"Nada poderia ser traduzido em um valor maior de audiência se não tivéssemos o apoio da família Martinez. Não se tem mas empresários do meio televisivo na área esportiva que deem espaço para os grandes profissionais que temos na nossa cidade principalmente”, critica Hidalgo.

Escute o Capitão Hidalgo:

"Faz muita falta. Não que os programas que estejam por aí não sejam bons, mas talvez não tenha grana para colocar um monte de gente na mesa. Naquele tempo a gente tinha", recorda Sicupira

Escute Sicupira:

"Faz falta um programa de esporte com horário que tínhamos e tempo. Qualidade os profissionais daqui têm. E o futebol paranaense só melhorou, com o Athletico grande campeão ano passado", destaca Valmir Gomes.

"O espaço ficou um pouco prejudicado, as igrejas tomaram conta dos melhores horários e parte da comunicação. Se melhorou para muita gente, isso atrapalhou muito para nós ligado ao esporte", acrescenta.

Escute Valmir Gomes (no início da pergunta ele responde se lembra de uma história que esqueceu para quem era o boa noite):

Por fim, o comandante daquele grupo, Fernando Gomes, lembra que o programa fez sucesso porque tinha "muito contraditório", o que ajudava para que os debates fossem mais intensos. Quanto ao fim, ele resumiu assim:

"Quando a CNT foi vendida, eles queriam fazer um acordo comigo, eu não aceitei, e com a minha saída acabou o programa. Eles até tentaram continuar, mas saiu quase todo mundo. Acabou em 2006. Em 2001 tínhamos completado dez anos de programa".

Escute Fernando Gomes:

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