O Brasil chegou ao título da Copa América, ao bater o Peru, com um importante legado. A campanha invicta, as boas partidas e as atuações convincentes deixam o importante recado de que é possível, sim, jogar um bom futebol sem contar com o principal jogador, o atacante Neymar, e ainda criar um forte espírito coletivo no time.

A grave lesão no tornozelo direito do jogador a pouco mais de uma semana para o início do torneio representou duro golpe. O Brasil viu se repetir o drama da Copa de 2014, quando também ficou sem o camisa 10, na época com um problema grave nas costas. Desta vez, as diferenças principais eram a chance de ter um tempo para se preparar para a perda e ajeitar o time até a estreia, fora uma estrutura coletiva mais sólida.

"Eu lembro que o Pelé se machucou na Copa de 1962, o Amarildo entrou e arrebentou. Não é desmerecimento. O Neymar é diferenciado, faz as coisas com uma criatividade e velocidade impressionantes, mas o conjunto está forte e isso é o mais importante", disse Tite.

O técnico Tite foi em busca de opções e não teve medo de repensar as escolhas. Primeiramente, apostou em David Neres na ponta esquerda, para depois mudar de ideia e optar por Everton, a principal descoberta desta Copa América. Como substituto para o corte, resolveu trazer o experiente Willian.

O impacto da ausência da Neymar não mexeu tanto com os adversários. Alguns até mesmo disseram ter ficado até mais difícil enfrentar o Brasil agora, como foi o caso do técnico boliviano Eduardo Villegas. "Defensivamente ele (Neymar) é um jogador que não volta a marcar com frequência. Para mim eu até fico mais preocupado, porque o Brasil se torna um adversário mais compacto e organizado no setor defensivo", disse.

Com uma defesa forte e uma base entrosada após os últimos três anos, o Brasil tinha bons alicerces para disputar a competição sem Neymar. Faltava ajeitar o ataque. O setor passou por algumas mudanças ao longo do torneio e os testes serviram principalmente para alguns jogadores aceitarem assumir um protagonismo a mais na seleção já que sem Neymar, esse papel teria de ser dividido.

O Brasil se redescobriu sem Neymar. Virou um time mais coletivo com o otimismo de saber que com a futura volta do camisa 10, terá ainda mais a ganhar. A Copa América revelou que a equipe não precisa mais temer quando ficar novamente sem o jogador em alguma outra ocasião.