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Como a credibilidade da CBF e do STJD anda profundamente abalada, é bom o torcedor, especialmente aquele que ingênua e apaixonadamente sofre e vibra com os acontecimentos do futebol, prestar atenção no que vai rolar no tapetão a partir de hoje. A CBF ficou completamente desmoralizada após o episódio da queda de Ricardo Teixeira e ainda não se recuperou, tanto que o atual presidente corre atrás de Dilma Rousseff e Joseph Blatter de maneira humilhante, sem que eles lhe deem a mínima atenção.

O STJD, como tribunal administrativo, portanto sem a envergadura jurídica que os seus membros tentam lhe oferecer, desgastou-se através dos tempos com julgamentos políticos, clubísticos – quase sempre favorecendo os clubes cariocas porque a maioria absoluta dos auditores é do Rio de Janeiro – e, como disse um deles, em antológico julgamento que transmiti para o rádio há mais de trinta anos na antiga sede da CBF na Rua da Alfândega: "Consigno o meu voto mesmo ao arrepio da lei...".

Diante da gravidade do momento e das circunstâncias que envolvem o futebol brasileiro as vésperas da Copa do Mundo, considero inócuo continuar discutindo a instalação de delegacias nos estádios, identificação de torcedores ou outras alternativas paliativas. O pau come solto nos estádios e as imagens têm sido mostradas diariamente pelas redes de televisão com situações dramáticas e conflitos entre as violentas torcidas organizadas no Morumbi, na Arena de Brasília, no Independência de Belo Horizonte, na Arena Joinville e até mesmo em Oruro, na Bolívia, onde um jovem foi assassinado e ninguém foi condenado até agora.

Pretender punir Atlético e Vasco com 20 jogos sem mando soa estranho diante da pequena pena que o STJD aplicou ao São Paulo, quando a sua principal torcida organizada enfrentou com óbvia violência os policiais que faziam a segurança no clássico contra o Corinthians, tentando ultrapassar a área desocupada que a separava dos torcedores rivais com o objetivo de provocá-los e agredi-los. A transmissão do jogo pela televisão permitiu que a cena fosse acompanhada ao vivo e os vândalos pudessem ser identificados com facilidade. Algum deles foi preso? Não sei, mas Joinville apenas reprisou o conflito do Morumbi.

Parece que o Estatuto do Torcedor, cantado em prosa e verso pelas autoridades do governo federal, não serve para nada. E o Ministério do Esporte continua sem tomar uma atitude firme para acabar de uma vez por todas com as torcidas organizadas, que são a única fonte da agressividade. Também preocupantes são as relações perigosas entre as organizadas e as diretorias dos clubes, que as utilizam como massa de manobra e cabos eleitorais.

A imprensa gaúcha denunciou ontem que o Grêmio repassou R$ 1,1 milhão para a torcida organizada no ano passado. Verba para torcer é deprimente.

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