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O medo se transformou em realidade. A explosão da crise financeira no Paraná foi anunciada publicamente depois da ótima vitória contra o Boa, jogo de seis pontos. Uma noite de futebol impecável do Tricolor. No espaço reservado às entrevistas coletivas foi anunciada a ausência dos jogadores. Decisão dos próprios atletas. Somente o treinador Dado Cavalcanti falaria, sem previsão para o depoimento de qualquer dirigente.

Dado ignorou o jogo e o seu elevado significado. Deu ênfase às dificuldades financeiras e disparou: "Os salários estão todos atrasados". Funcionários, jogadores, comissão técnica, todos sem receber. Criou-se um clima de grande perturbação para os presentes ao estádio e aos ausentes, ouvindo os fatos pelo rádio.

Corajoso e sincero, o treinador mencionou os riscos previsíveis, o principal não voltar à Série A. Nada de errado. Para chegar ao ponto alcançado pelo cansaço mental com a situação, Dado e os seus jogadores já tinham advertido a diretoria. A exaustão foi atingida. Só faltava a torcida tomar conhecimento. Depois da entrevista não faltava mais nada. Errado. Ainda restava a posição oficial do clube. Ninguém queria falar. O clima era de rara expectativa. Enfim apareceu o vice-presidente Paulo César Silva. O tom do pronunciamento patético colocou mais lenha na fogueira. O dirigente disse com todas as letras que a continuar a inércia financeira o Paraná não terá condições de sair da Série B. Abriu a mangueira de água fria.

O Tricolor que nasceu gigante está ficando cada vez menor. Parece o herdeiro de família rica que torra o que recebera em farra, automóveis, viagens caras, os melhores restaurantes na ilusão cruel de pensar que o dinheiro herdado iria até o fim da vida. Avaliação grosseiramente errada. O dinheiro do nosso herdeiro acabou e ele teve de ir à luta. Mudou o padrão de vida. Caiu na realidade. Tinha de se virar.

Começou a vida, coisa que não tinha feito antes. No futebol o nosso simbólico herdeiro é o Tricolor que implora a presença de torcedores no Estádio Durival Britto. Sem nada melhor para fazer, aumenta o preço dos ingressos. Afasta da Vila Capanema torcedores que não são sócios. De tanto apanhar, esse contingente de torcedores prefere ficar ausente.

Não é a pressão exercida pela dura realidade que levará o paranista de volta aos jogos. Não adianta simplificar. É necessário pular espaços e atingir o estágio da razoabilidade. Aí a massa cinzenta cerebral terá que funcionar muito bem. Do jeito que a situação está o Paraná morre na praia. Há tempo não tem um time tão bom. Sem rumo, desgovernado, parece um avião perdido no ar, sem controle e perto de desabar. A tripulação está atônita, como ficaram os pobres franceses que comandavam o equipamento da Air France que decolou do Galeão e afundou em alto mar, afogando passageiros e tripulantes.

Os dirigentes tricolores estão assim. Diante do desastre iminente não sabem mais o que fazer. E não será com apelos emocionais que resolverão os sérios problemas, o principal deles não sair da Série B.

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