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Os times que encantaram através dos tempos podem servir de inspiração, mas não como modelo tático. Estão enganados aqueles que sonham conseguir implantar nas suas modestas equipes o maravilhoso estilo de jogo adotado pelo Barcelona. Exceção não serve como modelo.

Desde a seleção húngara de 1954, passando pela seleção brasileira em três momentos marcantes – 1958, 1970 e 1982 –, a seleção alemã e a holandesa na Copa de 1974 e algumas outras que jogaram com raro talento, muita gente tentou aproveitar as fórmulas para os mais diversos times do planeta. Só que, sem possuir os craques geniais dessas equipes, comprovou-se ser impossível a cópia ou a aproximação da mesma forma de jogar.

Os magiares tinham o seu método arrebatador, marcando dois gols nos primeiros 10 minutos de quase todas as partidas; os brasileiros conquistaram o mundo e os títulos graças às tramas executadas à perfeição por jogadores ricamente dotados no plano individual; os alemães, pela ortodoxia tática e a eficiência ofensiva, e os ho­­landeses, pela sintonia fina na troca de posições em velocidade, da simetria dos passes e a beleza do conjunto mostrado no carrossel que se celebrizou como a "Laranja Mecânica".

Hoje o futebol reverencia o campeão Barcelona, provavelmente a equipe que apresentou a mais bonita coleção de toques de primeira e o maior volume de posse de bola em todos os tempos. Mesmo diante do poderoso Manchester United, o Barcelona conseguiu cravar números impressionantes na estatística do jogo, deixando embasbacado Alex Ferguson, o respeitado técnico do time inglês.

O Real Madrid de Di Stefano e Puskás e o Santos de Pelé arrebataram as plateias e, efetivamente, foram equipes constituídas de craques formidáveis que deram verdadeiros recitais futebolísticos por onde passaram. Só vi o Real Madrid pentacampeão europeu por meio de documentários colhidos graças à moderna tecnologia, mas que serviram para ilustrar o que havia lido e ouvido do eleito pela Fifa como o time do século.

O Santos, que também só é visto pela atual geração de aficionados por retalhos cinematográficos, tive o privilégio de assistir ao vivo em diversas oportunidades.

O Real Madrid e o Santos, os times mais próximos dessa fantástica engrenagem do Barcelona atual, foram bem semelhantes dentro das características do futebol daquela época em que se jogava com dois meias armadores, dois ponteiros bem abertos e os laterais avançavam – porém sem a intensidade dos alas de hoje em dia.

O modelo do Barcelona é único, sem direcionar a bola para algum condutor especial – como acontecia com Di Stefano e Pelé – e com rigor técnico incomparável na incessante troca de passes certos, sempre em direção à meta adversária. Nunca houve nada igual a esse incrível Barcelona de Messi, Xavi, Iniesta e outros.

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