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Na premiada série cinematográfica The Crown, que conta a história da atual família real do Reino Unido, há um curioso episódio envolvendo o mais célebre personagem do século XX: Winston Churchill.

Há 65 anos, ocorreu em Londres o que os ingleses chamaram de Big Smoke, o Grande Nevoeiro, que levou à morte perto de 12 mil pessoas. O denso nevoeiro durou uma semana e reduziu a visibilidade para apenas um metro, recriando os cenários sombrios das histórias de Sherlock Holmes e Jack Estripador.

O nevoeiro foi uma mistura de névoa natural, que cobre a “Loura e pérfida Álbion” – termo usado pelos anglófobos – nesta época do ano, e muita fumaça advinda da queima de carvão mineral. Tentando sair da grave crise econômica causada pelos custos exorbitantes da Segunda Guerra, os britânicos exportavam o carvão de melhor qualidade e usavam o pior, com maior quantidade de enxofre e outros poluentes.

Envelhecido e provavelmente se achando, como todo político vaidoso que se preza, Churchill não deu bola ao Big Smoke.

Quando os hospitais ficaram cheios e os carroções passaram a carregar os mortos pelas ruas, o grande líder despertou. Procurou a imprensa, fez declarações emocionadas sobre as vítimas, visitou hospitais, recuperou a popularidade perdida por sua omissão inicial e, politicamente, deu a volta por cima.

Ficou a lição de que, com sabedoria e talento, de um limão pode-se fazer uma limonada.

Governantes e dirigentes não podem se omitir nem titubear em situações limites de graves crises. Correndo o risco de completa desmoralização, pela quantidade de denúncias de corrupção, escândalos e cartolas presos ou respondendo processos criminais pelo mundo afora, a Fifa reagiu do jeito que melhor sabe fazer: a politicagem.

O aumento do número de países, a partir da Copa do Mundo de 2026, nada mais é do que uma jogada política.

Depois de a Conmebol ampliar o número de participantes na Libertadores, por motivos eleitoreiros, a Fifa seguiu o mesmo caminho sem se importar com a queda do padrão técnico da sua maior competição. Tudo é política e, obviamente, interesses econômicos, afinal os cartolas não são de ferro: o caviar e a champanhe estão custando os olhos da cara.

Com 48 seleções divididas em 16 grupos de 3 times lutando por vagas nos mata-matas, teremos uma overdose de futebol na primeira fase do Mundial.

Com isso, um Grande Nevoeiro encobrirá o futebol com consequências imprevisíveis para a qualidade técnica dos espetáculos.

Tudo porque é simplesmente impossível extrair boa técnica de torneios inchados como a nova Libertadores e a Copa do Mundo do futuro.

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