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Para o grande filosofo e político brasileiro Roberto Campos, a inveja é o mau hálito da alma. Mas quem nunca sentiu aquele sabor amargo ao saber que um colega foi promovido? Perdoa-se tudo, menos o sucesso.

Como um pântano pestilento, as empresas provêm um ecossistema favorável para o aparecimento da inveja. Como a umidade e o mofo, as estruturas hierárquicas, o personalismo, o culto ao poder e a ideologia do sucesso fornecem as condições necessárias para o surgimento e a propagação da inveja.

Ela não grassa apenas nas empresas, mas em todos os agrupamentos humanos com sentido publico ou privado. Clubes, universidades, repartições publicas, escritórios, sindicatos e grupos de intelectuais também não lhe escapam. Mais sofisticado o meio, mais sofisticada é o surgimento da inveja. Muda a forma, mas o conteúdo permanece o mesmo.

A inveja é uma sensação democrática e onipresente. Atinge a todos, todo o tempo. Ela bate de forma diferenciada nas pessoas e cada uma reage à sua maneira. A circulação é a sua marca: o vendedor inveja o gerente, que inveja o diretor, que inveja o presidente, que, muitas vezes, gostaria de ser apenas um jovem vendedor.

As vitimas da inveja podem ter diferentes comportamentos. Alguns simplesmente ignoram o incômodo sentimento, esforçando-se para convencer a si próprios que não padecem da vil sensação. Outros desvalorizam-se idealizando o invejado, colocando-o acima de suas possibilidades. Outros trocam a inveja pela raiva e tentam vingar-se do invejado. Sofrem muito mais.

Entremos no futebol e seu fabuloso ninho de inveja saudável. Sim, saudável, pois ao admirar a contratação de um bom jogador do time adversário o torcedor idealiza a possibilidade de o seu time também ser reforçado por um bom jogador. Ou, quando o adversário conquista o título, você passa a sonhar com o dia em que o seu time de coração tornar-se campeão.

Vejam só a concorrência da dupla Atletiba, marcada por razoável quantidade de inveja, mas por dose cavalar de admiração.

Enquanto apenas o Coritiba possuía o grande estádio, o Atlético alimentava a esperança de um dia ter o seu. Tentou o Pinheirão, quebrou a cara e voltou para casa. Fez e refez o estádio Joaquim Américo, transformando-o na moderna Arena da Baixada, um dos palcos da Copa do Mundo de 2014. Daí foi a vez de o Coritiba alimentar a sua inveja com o anúncio do novo Alto da Glória e o ritmo da história segue sem fim.

Dentro de campo não é diferente, pois se os coxas invejaram o Atlético nas finais da Libertadores, agora os atleticanos invejam o Coritiba nas semifinais da Copa do Brasil. Isso é o que chamo de inveja saudável, pois todos crescem no processo.

É a marcha inexorável da história. É o livro dos fatos escrito com profundos sentimentos de amor e ódio, bem de acordo com as paixões arrebatadoras do futebol.

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