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Se Deus aumentasse o dia para que certas pessoas encontrassem tempo para rezar é o mote do conto do religioso Andreas Laun. Só que muitos acabariam usando para outras atividades essa hora suplementar.

No início do conto os anjos comunicaram a Deus que os homens já quase não rezavam. E uma legião deles, vindo à terra fazer uma pesquisa, concluiu que os homens estavam conscientes disso e se preocupavam com o fato, mas alegavam que era por falta de tempo.

Houve certo alívio no céu, pois não se tratava propriamente de uma recusa. Alguns membros do Conselho Celeste propuseram alguma punição como um dilúvio universal, um grande terremoto, guerra, peste. Mas o ovo de Colombo foi descoberto por um jovem anjo: Deus poderia ser compreensivo e aumentar o dia. A proposta foi apresentada e aprovada.

Foi criada uma 25.ª hora.

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Quando os homens perceberam que o dia durava mais uma hora, houve grande contentamento. Depois de certo tempo de prudente reserva, os bispos anunciaram que a 25.ª hora devia ser “a hora de Deus”. Mas logo o céu se desiludiu, pois não viam chegar lá em cima mais orações do que antes.

Mandaram dois mensageiros à Terra. Estes voltaram relatando que os governantes e homens de negócios alegavam que a hora suplementar provocara mais despesas e que era preciso compensá-las com mais trabalho. Outro anjo causou grande espanto num sindicato, mas foi ouvido com cortesia; explicaram-lhe, porém, que a nova hora correspondia a uma antiga reivindicação dos trabalhadores, devendo ser usada para lazer e repouso.

Nos meios intelectuais discutiu-se à exaustão o assunto. Em mesa-redonda transmitida pela televisão, que atingiu grande índice de audiência, afirmou-se que não se podia determinar a uma pessoa adulta e vacinada o que deveria fazer na hora suplementar.

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A ideia dos bispos de apresentá-la como “a hora de Deus” devia ser repelida como um ato de autoritarismo. Mesmo porque os estudos sobre a origem dessa nova hora ainda não tinham sido concluídos, não podendo, portanto, ingênuas interpretações religiosas pretenderem influenciar o homem moderno.

Nos círculos eclesiásticos foi dito aos anjos que de certo modo ainda se rezava e a intervenção do céu devia ser considerada uma oferta, uma simples contribuição que cada um devia usar segundo a própria consciência.

Os anjos concluíram que os que não querem rezar, nunca encontrarão tempo para fazê-lo, mesmo que se prolongue o dia.

Nem foi preciso recorrer ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva do futebol brasileiro, pois daí a confusão seria maior.

E Deus cancelou a 25.ª hora da memória dos homens.

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