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No final dos anos 1950 um tigre foi lançado como símbolo da gasolina Esso e a publicidade falava em dar mais força ao motor do carro com a sugestão: "Ponha um tigre no seu carro". O Coritiba ao contratar o atacante Ademar Pantera, do Palmeiras, lançou a campanha para chamar o torcedor ao Alto da Glória: "Ponha uma pantera no seu time". Naquela época os clubes viviam apenas dos recursos conseguidos nas bilheterias dos jogos. Mais tarde a propaganda da gasolina Esso, nos anos 1970, falava que ela tinha "O poder do algo mais". E o cantor Wilson Simonal deitava e rolava até cair em desgraça política.

Pois bem, eram outros tempos e os jogadores de futebol não ganhavam os milhões pagos ultimamente. Obdulio Varela, por exemplo, capitão da Celeste na conquista do bicampeonato mundial em 1950, mesmo ídolo maior do futebol uruguaio, viveu modestamente até os últimos dias de vida. Com ele em campo, a seleção do Uruguai jamais perdeu um jogo em Copa do Mundo, pois em 1954 ele lesionou-se antes da semifinal perdida para a Hungria por 4 a 2.

O brasileiro Garrincha morreu praticamente na miséria, vítima de alcoolismo. Logo ele, que desequilibrou a favor do Brasil na conquista do bicampeonato mundial de 1962. Garrincha foi um jogador tão bom que, com ele atuando ao lado de Pelé – de 1958 a 1966 –, a seleção brasileira nunca perdeu. Foram 40 jogos: 35 vitórias e 5 empates.

Pelé só conseguiu ganhar um bom dinheiro ao se transferir para o Cosmos, de Nova York e virar garoto-propaganda do grupo Time-Warner.

Hoje em dia, um jogador como Beckham, que não engraxaria as chuteiras de nenhum dos citados e de tantos outros que jogaram muita bola e não ganharam milhões em suas carreiras, fatura mais pelo marketing pessoal do que pelo futebol que apresenta. Mesmo sendo reserva no Paris Saint-Germain, lidera a lista dos jogadores mais bem pagos do momento com cerca de R$ 92 milhões por ano. Ele recebe mais pelo rosto bonito do que pela habilidade com os pés. Isto, sim, é o poder do algo mais.

Messi, craque com técnica e eficiência à altura dos maiores gênios do futebol em todos os tempos, recebe 2 milhões de reais a menos, aparecendo o brasileiro Neymar na quinta posição com merecidos R$ 55 milhões. Tudo isso graças à mercadologia do esporte de alto nível praticado no mundo. Ou, por outra, a maioria das modalidades deixou de ser mera competição esportiva, transformando-se em um negócio altamente rentável graças à propagação dos eventos por meio da televisão, do rádio, da imprensa, da internet e de outras plataformas que surgem a cada momento.

Há muito o jogador deixou de ser apenas um atleta, tornando-se veículo de publicidade para os mais diversos produtos e agente de divulgação dos clubes e das seleções que defendem. Além, é claro, da idolatria pelos quatro cantos do planeta.

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