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Há uma ilusão de que os brasileiros são mais apaixonados por futebol do que habitantes de outros países. Talvez nos outros países haja mais interesse por outros esportes além do futebol, mas não resta a menor dúvida de que a paixão por ele é muito grande, a começar pela Inglaterra, seu berço na organização e definição das regras do jogo.

Em minhas andanças pelo mundo para transmitir partidas de futebol ou simplesmente como turista tive a oportunidade de conhecer, conversar e conviver com apaixonados torcedores em praticamente todos os países. Recordo-me de uma passagem durante intervalo da Copa de 1982, na Espanha, quando estávamos baseados em Sevilha e aproveitei para conhecer o Marrocos em companhia do falecido companheiro Lombardi Júnior.

Em Tanger, porto marroquino de entrada após o embarque em Algeciras, na baia de Gibraltar, contratamos um guia que se apresentou vestido dentro das tradições mulçumanas e que se revelou ótima pessoa. Ao final do dia, depois de conhecer toda a redondeza com direito a fotografias montados em camelos, presenteei o guia com uma camisa da seleção brasileira. Ele chorou de alegria, contando que colecionava fotos dos principais craques brasileiros de todos os tempos.

Os italianos são tão fanáticos quanto os espanhóis e assim por diante. Ou perguntem ao Alex sobre a torcida turca. Se os argentinos respiram diariamente futebol com as suas rivalidades eternas entre dezenas de clubes da grande Buenos Aires, os portugueses mantêm a tradição do evento chamado "marchas populares", que se trata de um desfile de blocos que cantam em homenagem a Santo Antônio, mas, segundo a informação de um jornalista de Lisboa, é menos importante do que a comemoração de títulos do Benfica ou do Sporting.

A seleção brasileira vem perdendo prestígio internacional desde o fracasso na Copa de 2006, na Alemanha, quando muito dela se esperava e o fracasso retumbante confirmou que a vitoriosa equipe na conquista do penta demoraria a ser substituída à altura. Três mundiais se passaram e continuamos atrás do melhor futebol perdido.

Os jogadores que participaram do vexame nos 7 a 1 da Alemanha demonstram o desejo de que o público esqueça o quanto antes o desastre, algo muito difícil dada a magnitude do estrago. De nada adianta bater a Argentina ou golear o Japão em amistosos, mesmo reconhecendo o esforço de Dunga na remontagem do time. Só mesmo a conquista do hexa, em 2018, na Rússia fará a reconciliação da torcida com a seleção.

Antes, porém, aguardamos a reestruturação do futebol nacional, com um calendário inteligente, a redução do número de jogos e o fim da vergonheira representada pela péssima administração da maioria dos clubes que deve o dinheiro que não tem para pagar.

Por ser apaixonante, o futebol tem também o dom de iludir.

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