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O mundo esportivo comemorou, sexta-feira (23), os 75 anos de Pelé, o maior gênio do futebol em todos os tempos. Projetei em Pelé uma espécie de seguro de vida, pois ele surgiu como craque excepcional na mesma época em que comecei a entender os jogos de futebol. Ouvindo as transmissões pelo rádio, lendo jornais e revistas, encantando-se com os telejornais no cinema a minha geração foi arrebatada pela conquista do primeiro título mundial, em 1958, na Suécia. Bolas e chuteiras sempre foram os presentes mais esperados no Natal.

Acompanhando a sua brilhante trajetória, os torcedores sentiam-se seguros, protegidos contra qualquer tipo de surpresa desagradável. Pelé disputou quatro copas e ganhou três. A que não ganhou, não poderia ter outro desfecho. Os cartolas e os treinadores se empolgam com os títulos e derrapam, como aconteceu no mundial de 1966. O fenômeno repetiu-se em 2006, quatro anos depois da conquista do penta.

O quarteto Kaká, Ronaldo, Ronaldinho e Adriano tinha tudo, tudinho, para ser tão luminoso quanto o cintilante quarteto Gerson, Tostão, Pelé e Rivellino na Copa de 1970. A falta de comando e a indisciplina foram fatais nos fracassos na Inglaterra e na Alemanha.

Pelé comandou a festa do tri no mesmo período em que pelo Santos deixou a sensação de que foi capaz de vencer tantos campeonatos quantos disputou. Ídolo capaz de provocar a suspensão de uma guerra para que a população pudesse vê-lo em ação. Ou de causar a troca do árbitro que o havia expulsado de campo para que ele continuasse jogando.

Atleta exemplar, disciplinado, cumpridor das obrigações profissionais, dedicado tanto como jogador quanto garoto propaganda famoso e conhecido em todos os países. Não houve outro atleta como o Rei. Vencedor e humilde, ele jamais recusou um autógrafo ou uma fotografia ao lado do fã. Ao contrário de jogadores que desperdiçam o talento como Adriano e Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, Pelé foi sempre dedicado a profissão.

Os mais de mil gols marcados o colocaram no patamar mais elevado da rica galeria de gênios do futebol. Ficou acima de todos no topo do mundo das celebridades esportivas. A magia do gol foi a sua marca maior. E o encantamento que o gol causa no torcedor é muito especial. Conta-se que nos países árabes os príncipes do petróleo, que dominam o futebol como se fosse um brinquedinho particular, gostavam tanto de ver gols que impediam até pouco tempo que os goleiros fossem adequadamente treinados.

Bonita síntese de uma crônica que Carlos Drummond de Andrade escreveu: “O difícil não é fazer mil gols como Pelé. O difícil é fazer um gol como Pelé”.

Longa vida ao Rei.

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