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Os fundadores da Primeira Liga estão sendo testados pelas raposas felpudas da CBF e das federações, que se sentem pressionadas desde o desmoronamento da Fifa.

Para quem teve a oportunidade de conhecer os gabinetes dos presidentes das entidades que controlam o futebol no país nada disso é novidade.

Desde os tempos de José Milani no comando da nossa federação e de João Havelange na antiga CBD – Confederação Brasileira de Desportos – aprendi a conviver com essa gente. Houve dirigentes íntegros e poderia citar dois, como exceções à regra: Luiz Gonzaga da Motta Ribeiro na presidência da Federação Paranaense e Giulitte Coutinho, na CBF.

A maioria dos cartolas que se apega aos cargos, ao poder e às benesses que eles proporcionam são homens absolutamente comuns, banais, quase tristes, que se movimentam em um meio composto de políticos cansados, cinzentos, opacos, que só se manifestam por meio de lugares comuns dos mais vulgares, empregando linguajar de uma pobreza extrema, só igualado pela indigência de seus raciocínios.

Ricardo Teixeira, por exemplo, que deitou e rolou durante 20 anos e, segundo as denúncias publicadas, foi o criador dessa estrutura corrompida, mantinha trejeitos inalteráveis aqui ou fora do país. Sempre de cara amarrada para jornalistas. Tudo o que não fosse negócio da CBF passava léguas de seu interesse.

Sua quase indiferença a tudo atingia até os lugares em que estava por mais belos que fossem.

Certa feita, em Edimburgo, para onde fomos para a cobertura de uma excursão da seleção brasileira no Reino Unido – a antiga Copa Stanley Rous, que virou Copa Umbro, por interesses comerciais – com o comentarista Augusto Mafuz e o repórter Josias Lacour, nos tempos da velha Rádio Cidade, levamos um susto na subida para visita ao castelo da rainha Mary Stuart, que se impõe no alto da colina sobre o campo de batalha dos 100 Pipers.

Diz a lenda que ao beber um uísque escocês ouve-se tocar a gaita de foles dos cem gaiteiros que defenderam o reinado de Charles Stuart naquele platô.

Uma Mercedes Benz que subia em alta velocidade quase nos atropelou. Ela conduzia alegres cartolas da CBF hospedados em hotéis de luxo fazendo pose ao lado dos craques.

Marin e Del Nero, herdeiros de Teixeira, parecem manter o padrão. Assemelham-se a pequenos homens de negócio, fechados num estreito círculo igualmente pobre culturalmente, desconfiando uns dos outros, gastando todos seus momentos de vida defendendo-se de acusações reais ou imaginárias.

São pequenos por dentro e por fora.

Os clubes da Primeira Liga estão no limiar dos novos tempos e devem seguir em frente, por bem ou por mal.

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