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Volta e meia nos deparamos com dúvidas quanto as mais variadas questões, desde a chatice de carregar o guarda-chuva – com o clima de Curitiba chega a ser cruel tomar uma decisão –, até um simples palpite sobre o futebol.

O futebol se torna mais cômodo de opinar, desde que seja no ambiente de trabalho ou no bar da esquina. Quando a opinião é pública, a posologia indica que três gotas de reflexão ajudam bastante. O que não devemos é ficar em cima do muro. Nunca.

O Coritiba se livra do rebaixamento? O Atlético chega à Libertadores? O Paraná volta para à Série A? Peguemos como referência o Paraná Clube. Depois de um ótimo primeiro turno, evaporou energias perdendo três jogos seguidos e a gordura acumulada. Soube, porém, fortalecer a alma e retomar a ambição naquele jogo contra o Ceará. Deu ares de perseverança contra Bragantino e Atlético-GO, quando tomou um golpe duro de assimilar. Acredito que tenha assimilado, e por isso vai subir.

Busquei ontem em DVD a luta de Muhammad Ali contra George Foreman, no Zaire, que há quarenta anos havia assistido pela televisão. Época de Miriam Makeba e James Brown. Agora fica mais claro perceber porque Ali foi de fato o melhor de todos os tempos, e como ganhou aquele combate histórico. Além de competente e determinado, a autoconfiança era tamanha que soava para muitos como soberba. Ou deboche. Não era não. Ali sempre foi inteligente. Sabia assimilar duros golpes sem que nenhum abalo psicológico o perturbasse. O adversário, no caso Foreman, cansava de tanto bater. Ali caminhava soberano pelo ringue. Nocauteou o campeão no oitavo assalto.

Bater sim, mas também saber apanhar. O que é a vida senão isso? Sinto que o Coritiba e o Paraná assimilaram bem o golpe nesta reta final. O Atlético percebeu isso lá atrás quando esteve encurralado nas cordas. Os adversários são duros e muitos também usam dessa sabedoria. Mas aí pesa também (e muito) o lado técnico. Não há nenhum time superior ao Paraná, exceto o Palmeiras. O Coritiba tem suas limitações, mas Alex está acima da média de quaisquer adversários. Não cai. E o Atlético tem dois caminhos para a Libertadores. Por um deles chega.

Penso que todo jogador de futebol deveria ter pelo menos uma noção prática de artes marciais – caratê, tae kwon do, capoeira, enfim... A importância prioritária do talento específico para o futebol, não se discute. Mas a integridade, a perseverança, o autodomínio e o desenvolvimento físico, mental e espiritual, faz a diferença. Vale mais do que motivadores de última hora.

Ninguém nasceu sabendo. Aliás, Muhammad Ali só procurou o boxe aos 12 anos quando roubaram sua bicicleta. Ele jurou que jamais ladrão algum faria isso outra vez. O gol do Atlético-GO que "roubou" dois pontos, terça-feira, deve servir de exemplo ao Paraná, como a bicicleta foi para Ali.

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