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Se a Fifa e o COI fossem entidades sem fins lucra­tivos e presididas por estadistas, não por oportunistas, seria generoso para o bem do esporte mundial a criação de um órgão paralelo, aos moldes do Instituto Nobel Norueguês, e um comitê para selecionar e premiar pessoas que de fato revolucionaram o esporte no planeta. Isso sem nenhum prejuízo ao glamour de megaeventos, como Jogos Olímpicos e Copa do Mundo.

Essas entidades, assim como a CBF e afins, têm por hábito premiar no final do ano os jogadores, gol mais bonito, artilheiro, e por aí vai. Nada contra a genialidade dos artistas da bola, mas, grotescamente comparando, seria como se o Instituto de Oslo premiasse o médico que salva o paciente da morte, mas deixa no anonimato o descobridor do remédio.

O Nobel da Paz, dividido entre o indiano Satyarthi e a jovem paquistanesa Malala, ela que sobreviveu a uma tentativa de assassinato por defender o direito das meninas em sua região de estudar, premia e impacta para o mundo uma causa de enorme benefício para a humanidade. Não é o ato festivo, o valor do prêmio ou a fama que está em jogo. Bem mais do que isso: é o exemplo humanitário que se propaga e sensibiliza.

No futebol feminino brasileiro existem muitas Malalas ainda não reconhecidas. Nas categorias de base de grandes clubes, inúmeros garotos precisam de Satyarthis para lutar por eles. O movimento Bom Senso, ou algo assim, desde que se consolide e alcance credibilidade internacional, pode ser um caminho para a criação do "Nobel do Esporte" (nome fantasia, é claro). É difícil selecionar causas nobres, desde que o esporte se tornou objeto de lucro incalculável, nós sabemos. Talvez o reconhecimento de pessoas que lá atrás trouxeram benefícios para o mundo do esporte, motivassem outras.

Lembro-me do Dr. Afonsinho, primeiro atleta do Brasil a ganhar o direito ao passe livre na Justiça; Muhammad Ali, que se negou a ir à Guerra do Vietnã; o belga Bosman, quebrando as normas internas da UEFA; aquele iluminado criador de cartões, que simplificou a linguagem universal entre juízes e atletas. Enfim, pessoas que poderiam se candidatar ao "Nobel do Esporte" são muitas.

A verdade é que alguma coisa deve ser feita. E não é pelo confronto, acusações e brigas. Premiar uma causa justa e relevante pode ser um bom caminho. Como a Noruega ensina.

Goleada de gratidão

O livro "80 anos de gol – A história do rádio esportivo do Paraná", escrito pelo jornalista e amigo Josias Lacour, é um resgate do imaginário mais precioso de nossa profissão: o rádio. Lacour teve o mérito de permitir, com simplicidade, que cada um dos personagens abrisse a página de sua vida profissional, dizendo em alto e bom som – estou aqui! Um golaço literário.

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