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É bem provável que os dirigentes que tinham a obrigação de não deixar Paraná e Atlético jogar na Vila Capanema tenham dito para si mesmo, no calor do ar-condicionado na fria segunda-feira curitibana, que haviam acertado mais uma em suas trajetórias repletas de sucessos ao sustentar a realização da partida. Até porque da cartolagem não pode se esperar mais nada. De quem eu esperava – e ainda espero mais – é dos jogadores.

Os boleiros são o grande motor do futebol. Dinheiro circula em transferências, estádios são erguidos a orçamentos milionários, clubes constroem histórias gloriosas, empresas investem e faturam milhões com transmissão e marketing, torcedores se apaixonam pelo jogo e gastam muitas vezes o que não têm em seus times, dirigentes alimentam seus egos com títulos... Tudo isso acontece graças àquilo que os jogadores fazem dentro de campo.

Se os jogadores tivessem consciência plena desse papel – e no Brasil, definitivamente não têm –, não se sujeitariam a jogar em um terreno quase baldio como é hoje o "gramado" da Vila Capanema. Atletas experientes deveriam bater no peito e dizer: "Eu sou profissional, me recuso a jogar nesse campo. Se virem". Na pior das hipóteses, suas entidades de classe não permitiriam que esse absurdo acontecesse. Mas o sindicato local é tão inexpressivo e omisso que nem mais entra na pauta da imprensa, pois ouví-lo virou sinônimo de perda de tempo.

O futebol brasileiro só irá melhorar de verdade a partir de uma mobilização de todos os setores ligados a ele. Os jogadores são parte indispensável nesse processo para, no mínimo, garantir condições mínimas para o exercício da profissão – salário em dia, gramados decentes, relações de trabalho honestas.

Nacionalmente, um dos poucos nomes a fazer alguma movimentação contínua nesse sentido é Paulo André. Por aqui, há várias cabeças que deveriam se unir para uma evolução a partir dos gramados, gente como Alex, Lincoln, Paulo Baier, Lúcio Flávio e Anderson. Já passou da hora de alguma atitude.

Salvador

Sozinho, Alex está fazendo o Campeonato Paranaense valer a pena. A oportunidade de vê-lo em ação é a única coisa que salva o torneio da mediocridade natural de todos os estaduais. Confesso que – como escrevi aqui há duas semanas – esperava um Alex menos participativo, de poucos, porém geniais lances. O que tem se visto nos últimos jogos, porém, é um Alex jogando um futebol intenso, repleto de precisão, arte e imprevisibilidade. O Coritiba deve aproveitar para se construir como time em torno do talento do seu camisa 10, e não aceitar o cômodo papel de depender apenas de lampejos do seu craque.

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