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A Espanha passou a semana reclamando do calor, mas foi a Itália que a deixou sem oxigênio. Cesare Prandelli abriu mão de reduzir a posse de bola da Roja. Apenas a tornou inútil, com um meio-campo compacto, povoado e avançado, que manteve os espanhóis trocando passe da intermediária para trás. Algo parecido, por sinal, com o que o Chelsea havia feito com o Barcelona no ano passado. Mas a Itália não tem um ataque poderoso como o do Bayern, que destroçou o Barça este ano. No segundo tempo, a Espanha tocou melhor a bola, mas teve de recorrer ao chuveirinho, com direito a volante jogando de centroavante. Está na final depois de deixar uma disputa de pênaltis e o fôlego para trás. Uma final esperada e na qual o Brasil tem um exemplo e tanto do que fazer para asfixiar os favoritos campeões mundiais.

O novo 8

Médio-volante, meia-armador e ponta-de-lança. Era assim que a Placar dividia, nos anos 80, as posições de meio-campo na Bola de Prata. Uma nomenclatura que caiu em desuso na década seguinte, especialmente após a conquista do tetra, em 94. O setor ganhou mais uma peça e acabou dividido em primeiro volante, segundo volante, meia-direita e meia-esquerda. Uma simplicidade reforçada pelo rústico jogo dos volantes.

Pois a Copa das Confederações trouxe ao Brasil uma amostra daquilo que já é claro há tempos no futebol internacional e será visto amplamente no Mundial do ano que vem. O meia-armador voltou à sua posição de origem, a de segundo volante, a do 8.

Xavi, Pirlo e Obi Mikel armam o jogo em suas seleções a partir da segunda posição do meio. São os jogadores com maior liberdade de movimentação das suas equipes, com obrigações mínimas de marcação. Xavi tanto vem buscar o jogo nos zagueiros como aparece colado nos atacantes. Obi Mikel desarmou como volante; fez e perdeu gol como artilheiro. Pirlo é menos móvel, mas tem o respaldo de uma linha de meio-campo que se posiciona atrás dele quando a Itália é atacada. Roubou a bola, é Pirlo quem recua para criar.

O Brasil tem um 8 com potencial para essa função. Paulinho joga como um europeu no Corinthians, mas Felipão quer ele como um volantão bem brasileiro. Paulinho começou a Copa das Confederações jogando como Ralf, mas termina mais próximo daquilo que é no Timão e será no Tottenham. A ninguém foi imposto um desafio tático tão grande na seleção e Paulinho conseguiu aliar a exigência do treinador com a essência do seu futebol.

Não sei o quanto os treinadores de clubes adaptaram a agenda das equipes para poderem ver a disputa de seleções – embora seja fácil imaginar quem parou para ver os jogos e quem apenas deu uma zapeada pelos melhores momentos. Mas ficou claro, acima de qualquer outra situação tática, que não dá para admitir no futebol de hoje um segundo volante que só marque e dê passes de dois metros. Aliás, nem mesmo um primeiro volante. Vide Busquets, o fantástico 5 da Espanha, que joga com a classe de um meia-armador.

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