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O Brasileirão acaba de entrar na sua décima edição por pontos corridos, o que já permite olhar para o formato e concluir se serve para o futebol brasileiro. Sempre fui defensor do turno e returno. Montava meus campeonatos de futebol de botão (se você não sabe o que é, dê um google) neste sistema e esperava pelo dia de ver as competições reais seguirem estes moldes.

Desde 2003 o Campeonato Brasileiro adota esta fórmula e hoje, sem nenhuma hesitação, digo: foi bom enquanto durou, mas por favor, nos tragam de volta os mata-matas. A principal argumentação para defender os pontos corridos é a justiça que se impõe à disputa. O melhor faz mais pontos e ergue a taça. No mata-mata, o melhor em 38 jogos pode ser batido por um time capenga que se arrumou para duas partidas. O planejamento fica a todo momento sujeito a levar uma rasteira do jeitinho.

A questão, porém, é que o pontos corridos como é jogado no Brasil – e em boa parte do mundo – é injusto por princípio. Não há justiça se você tem no mesmo campeonato times recebendo R$ 115 milhões por ano e outros R$ 15 milhões. E me refiro apenas a cotas de TV, sem entrar em patrocínio, bilheteria e outras receitas. É muito mais fácil para Corinthians e Flamengo serem os melhores do que para a dupla Atletiba, o Figueirense ou o Sport.

Neste formato, sinto informar, mas o futebol paranaense nunca mais voltará a ter um campeão brasileiro e suas classificações à Libertadores via Brasileirão serão mais esporádicas do que já são. O mesmo vale para baianos, pernambucanos, catarinenses, goianos e mesmo mineiros, deixados para trás pela dupla Grenal. E como a Copa do Brasil no ano que vem volta a abrigar os times da Libertadores (com dinheiro suficiente para aguentar duas competições sem tirar o pé), a tendência é de o filé mignon ficar restrito a pouquíssimos clubes.

Assim, a injustiça do mata-mata ameniza um pouco da injustiça imposta pelo abismo financeiro. É o princípio do menos com menos dá mais. Há o problema do ano terminando mais cedo para alguns clubes? Há. Mas será mesmo um problema? Com pré-temporadas cada vez mais curtas, ganhar um mês ajuda a ter um ano novo melhor. E um ajuste no calendário é capaz de reduzir esse período de inatividade.

Do que não se pode abrir mão é de ter um regulamento duradouro, de fácil entendimento, benefício incontestável dos pontos corridos. Afinal, se os últimos dez anos dão base para escolher a melhor fórmula para o Brasileirão, os 30 anteriores oferecem vários exemplos do que não fazer.

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