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Entre os milhares de chistes que pipocaram na internet após a indicação do novo papa, um dos mais espirituosos (com trocadilho, por favor) foi feito pelo atacante argentino Ángel Vildozo, do All Boys: "Tenemos a D10s [Maradona], al Messias y ahora al papa. Grande Argentina!".

Em poucos minutos já se sabia que Francisco I é torcedor e sócio do San Lorenzo, cuja torcida imediatamente autodenominou-se #LaBarradelPapa. No Brasil, já se sabia que dom Odilo Scherer é gremista e atleticano – além de torcedor do Toledo e do São Paulo. Também que ele ajudou a fazer o campo de futebol do Seminário São José, em Curitiba, quando esteve na cidade como seminarista, e que sua família fundou o Santos Futebol Clube de Dois Irmãos, umas das potências futebolísticas da Liga Amadora de Toledo.

Houve quem imaginasse, em tom de brincadeira, o que seria um conclave narrado por Galvão Bueno. E quem tenha lamentado a "derrota" de dom Odilo para Jorge Bergoglio como se estivesse prevendo uma derrota do Brasil de Neymar para a Argentina de Messi na próxima Copa do Mundo, um Maracanazo 2.0.

Brasileiros amam futebol e tendem a transformar qualquer disputa internacional em Copa do Mundo. É assim anualmente com o Oscar de melhor filme estrangeiro – e olha que não temos um indicado há anos. Seria – e será – assim se tivermos um brasileiro cotado a secretário-geral da ONU, prêmio Nobel ou bailarino do Bolshoi.

Uma atitude nada saudável, pois imprime em tudo aquele espírito de "todos juntos, vamos, pra frente Brasil". Difícil enxergar como positivo qualquer sentimento que remeta às trevas de uma ditadura militar.

Um misto de ufanismo com boleiragem que não conseguimos quebrar – e inverter – nem mesmo nas questões referentes à Copa do Mundo que o Brasil organiza. Ali, o nacionalismo torto deu lugar ao clubismo cego, e tudo passa a ser visto sob essa ótica: se é "bom" para o meu clube, eu gosto; se é "ruim" para o clube, não gosto. E o pior é que nem temos um papa brasileiro que possa puxar uma corrente de orações capaz de mudar nossa cabeça.

A rodada

Estou em viagem a serviço da Gazeta do Povo – não da editoria de Esportes –, o que me impediu de ver a rodada do meio de semana. Às cegas, é possível concluir que o Atlético aprendeu a não desperdiçar mais pontos bestas, o Paraná segue sem encontrar um time, o Coritiba continua sem fazer seu futebol decolar – e os resultados pioraram –, J. Malucelli e Londrina ainda são os times mais certinhos. As três próximas rodadas serão decisivas, com o Tricolor enfrentando Atlético, Londrina e Coritiba. Após essa sequência, dificilmente teremos mais do que três times brigando de verdade pelo título do returno.

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