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Desde que os ingleses inventaram o futebol, ou melhor, acabaram com a brincadeira, e o futebol passou a ser um jogo organizado, para vencer e não apenas se divertir, treinadores e comentaristas tentam decifrar o enigma de como um time pode ser ofensivo, sem fragilizar a defesa.

Treinadores e analistas adoram repetir o chavão de que um time não precisa ter vários atacantes para ser ofensivo. Mas, para isso, é necessário que outros jogadores cheguem com frequên­cia ao ataque, com talento. São poucos os que fazem isso. A maioria corre muito e joga pouco. Alguns jogam muito e correm pouco. Raros são os que jogam e correm muito.

A estratégia mais utilizada hoje pelos técnicos, para ter vários jogadores defendendo e atacando, é esperar o outro time para contra-atacar.

São poucas as equipes que preferem pressionar, dar o contra-ataque para o adversário, em vez de contra-atacar. O risco é maior. O Barcelona faz isso bem. O time marca em bloco, por pressão, não deixa o adversário trocar passes no meio, além de ter zagueiros rápidos para receber o contra-ataque.

O Barcelona não é o time com maior posse de bola do mundo somente porque toca muito e bem a bola. É também porque recupera a bola com facilidade.

Hoje, em Londres, contra o Arsenal, um time leve, que troca muitos passes e que chega com vários jogadores ao ataque, como faz o Barcelona, o time catalão vai correr mais riscos. Um jogo imperdível.

Santos e Cruzeiro são também bastante ofensivos. Como o Santos ataca com muitos jogadores e marca pouco no meio, a equipe pode fazer e levar muitos gols.

O Cruzeiro, no Mineirão, costuma pressionar e colocar todos os volantes e laterais no campo do outro time. Corre também mais riscos. Hoje, contra o Vélez, outro grande jogo, um adversário do mesmo nível, o Cruzeiro deveria ter mais cuidado, como já fez contra o Deportivo Itália. Enquanto um lateral atacava, o outro marcava um atacante para sobrar um zagueiro.

Atingir o equilíbrio entre defesa e ataque é o sonho de todo treinador. Como o futebol transita entre a razão e a emoção, entre a organização e o imprevisto, e é jogado por atletas imperfeitos e emocionalmente instáveis, como todos os seres humanos, o perfeito equilíbrio é uma utopia.

A busca do equilíbrio, no futebol e na vida, é importante, mas, quando obsessiva, retira o prazer, a paixão e a beleza das coisas.

Mestre Armando

Na década de 60, Armando Nogueira foi o primeiro cronista fora de Minas Gerais a exaltar o jovem time do Cruzeiro. Depois, fomos companheiros na TV Bandeirantes. Aprendi muito com ele. Continuarei aprendendo, relendo seus textos criativos, apaixonados, elegantes e poéticos.

Um dia, Armando me perguntou se eu gostava de ler as crônicas de Rubem Braga. Disse que sim. Ele falou: "Não pare de ler".

A companhia de Armando era prazerosa e enriquecedora. Depois, passamos a conversar por telefone e, nos últimos anos, por meio de mensagens. Ele permanecia lúcido. Armando continuará presente no jornalismo, no futebol e em nossos textos. Para sempre.

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