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Luís Fernando Veríssimo escreveu no jornal O Globo: "Os últimos sucessos da seleção criaram uma cisão entre os eclesiásticos com relação ao Dunga. Há os que os fatos obrigaram a aceitá-lo, e os que nada os fará aceitá-lo, muito menos os fatos".

Continuo o assunto. Não só a imprensa, mas também atletas, treinadores e profissionais de todas as áreas têm grandes dificuldades de aceitar os fatos, quando esses contrariam suas opiniões e desejos.

Para serem mais elogiados, alguns técnicos e jogadores costumam fazer ótimas tabelinhas com a imprensa oba-oba.

Quando os fatos mostram que as críticas estavam erradas, e que os técnicos estavam certos, esses costumam dizer: "vão ter que me engolir", "o que vale é o que acontece no campo", "calei a boca dos críticos" e tantas outras frases. Alguns não suportam nem as críticas da torcida, como o rancoroso Dunga, ao fazer gestos para os torcedores, durante a partida contra o Chile.

Em uma recente entrevista, Dunga, com raiva, disse que estava muito feliz. Dunga não quer ser feliz. Quer ser vencedor.

Poucos treinadores reconhecem seus erros. Diante do sucesso, nunca falam que aprenderam com as críticas.

Comentaristas torcem para suas opiniões darem certo. Ado­­ram dizer: "Como falei". Quanto os fatos os desmentem, dizem que as coisas mudaram. Poucos reconhecem seus equívocos. Alguns fazem isso só para mostrar que são humildes. Pou­­quíssimos aprendem com os erros.

Comentaristas e profissionais de todas as áreas costumam escutar ótimas opiniões diferentes e, em vez de entendê-las e in­­corporá-las, preferem ignorá-las, mesmo se as opiniões vierem de pessoas qualificadas, ainda mais quando são ditas por pessoas de outro grupo de trabalho. Não querem aprender nem evoluir. Querem competir.

Como há tantos fatores en­­volvidos no resultado de um jo­­go e na conquista de um título, opiniões e condutas que eram erradas passam a ser corretas, e outras corretas passam a ser erradas. Contra fatos, há argumentos.

A cada dia, mais gente fala de futebol, principalmente em programas esportivos. Opiniões brilhantes passam a ter o mesmo valor que as medíocres. E ainda dizem: "É a sua opinião contra a minha". Muitos telespectadores, ouvintes e leitores não querem saber de discussões, análises e dúvidas. Querem saber de opiniões definitivas, radicais, polêmicas ou quem vai ganhar o jogo. Dão mais audiência.

É também difícil ser um ob­­servador totalmente neutro. Car­­regamos com as análises nossos conceitos, pré-conceitos, preconceitos e emoções.

O fato, a verdade de hoje, po­­de ser uma mentira amanhã. As coisas vão e voltam. "A vida dá muitas voltas. A vida nem é da gente" (João Guimarães Rosa).

Quase iguais

Marcão, do Palmeiras, e o argentino Heinze são parecidos fisicamente, canhotos, jogam mal de zagueiro, pior ainda de lateral, e possuem a mesma e única virtude, são bons na jogada aérea. Deve ser por isso que os técnicos gostam tanto dos dois. Heinze teve mais sorte. Atua na seleção argentina e já jogou em grandes equipes da Europa.

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