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Em um Mineirão barulhento, com direito a sete mil cornetas distribuídas pela diretoria, o Cruzeiro pressionou o Vélez Sarsfield do início ao fim e afastou o trauma do retrospecto negativo contra o time argentino. Na história, ainda há desvantagem - agora, em dez confrontos, são cinco vitórias do Vélez contra quatro do time mineiro. Mas a incontestável vitória azul por 3 a 0 na noite desta quarta-feira garantiu a superioridade do Cruzeiro no Grupo 7 da Libertadores. A equipe de Adilson Batista tem os mesmos 10 pontos do Vélez, mas leva vantagem no saldo de gols: 6 a 1.

Na próxima rodada, o Cruzeiro enfrenta o Colo Colo, dia 15, no Chile. O Vélez pega o Deportivo Italia, na mesma data, em casa.

Pressão desde os primeiros minutos

Antes de a bola rolar, os jogadores do Cruzeiro se reuniram no gramado para uma última conversa. A palavra de ordem era pressionar o Vélez desde o início. E de fato o time começou em cima do adversário, que quase não respirava. Quando o Vélez conseguiu sua primeira troca de passes além da linha do meio de campo, já passava dos seis minutos.

O time argentino só chegou perto de ameaçar Fábio uma única vez em toda a primeira etapa, quando o auxiliar marcou equivocadamente um impedimento de Santiago Silva.

A pressão cruzeirense, no entanto, demorou a significar jogadas de perigo. O primeiro chute só surgiu aos nove, quando Diego Renan arrematou de longe, para fora, sem assustar Montoya. Na jogada seguinte, Kléber fez bom passe para Jonathan, que tentou cavar pênalti. O juiz, corretamente, mandou a jogada seguir.

Pouco depois, porém, começou a brilhar aquele que seria o destaque do time mineiro. Grande parte do sufoco sofrido pelo Vélez teve nome e sobrenome: Thiago Ribeiro. Aos 14, o atacante driblou um marcador e rolou com perfeição para Kléber pegar de primeira. Mas o chute saiu fraco, nas mãos de Montoya. Aos 17, Kléber recebeu mais uma de Thiago Ribeiro, só que fora da área. Mesmo assim, o atacante decidiu arriscar e levou perigo. A bola, com efeito, passou rente à trave, levantando a torcida. Dois minutos depois, o caminho se repetia. De Thiago Ribeiro para Kléber, que se esticou todo para completar para o gol. O Gladiador não alcançou a bola e ainda foi acertado no braço direito por Montoya, que saia para fazer a defesa.

Depois de três lances pela direta, Thiago Ribeiro decidiu que era o momento de mudar. Trocou de lado e de roteiro. Pela esquerda, em vez de procurar Kléber, preferiu a jogada individual. Cortou dois marcadores e chutou firme, no canto. Um golaço: 1 a 0, aos 32.

Um dos raros momentos de perigo sem bola nos pés de Thiago surgiu aos 23, quando Jonathan tabelou com Henrique na área e soltou a bomba. Montoya salvou o Vélez de descer para o intervalo já liquidado.

No minuto seguinte, Gilberto foi lançado e, ao receber carrinho de Sebá, pulou e rolou. O auxiliar imediatamente levantou a bandeira. Os jogadores do Cruzeiro e a torcida imaginavam que o juiz corria para marcar pênalti. Mas o colombiano Wilmar Roldán mostrou o amarelo a Gilberto por simulação. O camisa 10 foi tocado pelo adversário, mas o choque ocorreu fora da área. A distância percorrida por Gilberto, além de uma sutil olhada para o juiz depois da queda, indicam que houve um pouco de exagero do cruzeirense no lance.

Jogo decidido no início do segundo tempo

Com a vantagem, talvez o Cruzeiro não voltasse com o mesmo ímpeto para o segundo tempo. Engano. Aos três minutos, Thiago Ribeiro, sempre ele, recebeu bom passe de Henrique e cruzou de primeira para Kléber, que desta vez não perdoou: 2 a 0.

Cinco minutos mais tarde, jogo decidido. Kléber entrou livre na área e tocou rasteiro, na saída de Montoya. O passe para o Gladiador? Thiago Ribeiro, desta vez pelo meio, mostrando versatilidade em todo o setor ofensivo.

O gol foi o sétimo de Kléber na Libertadores. O cruzeirense passa a ser o artilheiro da competição, ultrapassando Tejada, que tem seis pelo Juan Alrich.

O Vélez parecia não acreditar no que via. Depois do terceiro gol, o Cruzeiro reduziu o ritmo e o time argentino passou a tocar a bola como se procurasse fôlego. Fábio só foi fazer uma defesa aos 14 minutos, em chute fraco de Santiago Silva.

No minuto seguinte, o retrato da noite iluminada para os mineiros e tenebrosa para os argentinos. Com um toque sutil, Kléber rolou a bola entre as pernas de Somoza. Atordoado, o jogador correu atrás do atacante cruzeirense para descontar o vexame com uma falta por trás, levando o amarelo. Thiago Ribeiro cobrou a falta e por pouco não fez o quarto. Aos 37, o mesmo Somoza deu pontapé em Fabinho e foi expulso.

Fabrício ainda passou perto de acertar um bonito chute de fora da área aos 41, e Fábio evitou que Santiago Silva cabeceasse para o gol vazio aos 42. Àquela altura, no entanto, a festa já estava garantida. Até mesmo o cartão amarelo a Kléber por simulação, aos 46, passou a ser mero detalhe. Era o último ato da noite em que o Cruzeiro exorcizou seus fantasmas em grande estilo.

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