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O aposentado Osírio Jaques não assiste mais aos jogos do Atlético. Porém não pretende perder a Copa. “Acho que vai ser um jogo mais para dormir”, brinca | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
O aposentado Osírio Jaques não assiste mais aos jogos do Atlético. Porém não pretende perder a Copa. “Acho que vai ser um jogo mais para dormir”, brinca| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Recomendações

Para evitar que uma partida de Copa do Mundo provoque emoções indesejadas, é bom estar atento aos seguintes passos:

- Primeiramente, é importante que o torcedor conheça bem o seu organismo.

- Caso o torcedor seja hipertenso ou tenha histórico de problema de coração, manter a medicação atualizada e conversar com o cardiologista para, se for o caso, adiantar a ingestão dos remédios para antes dos jogos.

- Não abusar da bebida alcoólica.

- Evitar o consumo excessivo de sal (churrasco).

"É teste pra cardíaco, amigo!". Em tempo de Copa do Mundo, muita gente leva a sério o bordão do locutor oficial (e mais criticado) do Brasil. A tal ponto de, neste ano, a Socie­­­dade Brasileira de Car­­dio­logia promover um estudo du­­rante o Mun­­­dial da África do Sul para checar a influência das partidas na saúde do coração dos es­­pectadores.

A partir da estreia do Brasil em solo africano, nesta terça-feira, diante da Co­­reia do Norte, e enquanto durar a participação da equipe do técnico Dunga, 17 hospitais de diversas cidades brasileiras (Curitiba entre elas) serão monitorados – os no­­mes dos hospitais são mantidos em sigilo pela organização, para não prejudicar a verificação.

Serão registradas todas as ocorrências de derrame cerebral, crises de pressão, infarto ou angina e arrit­­mia de todos os tipos em torcedores. Desde que, naturalmente, tenham tido relação com os compromissos da seleção canarinho na competição. Devem ser colhidos re­­gistros de cinco mil pacientes.

A iniciativa surgiu em um bate-papo de bar do cardiologista Nabil Ghorayeb, 63 anos. "Estava conversando com um amigo meu e comentamos esse tipo de coisa. Que na Copa de 94 aumentou o número de ocorrências de problemas no coração, durante a Guerra do Golfo, o bombardeio no Líbano. Mas nada disso foi apurado cientificamente", diz o especialista em cardiologia de atletas.

Na última Copa, na Alemanha, em 2006, pesquisadores da Uni­­ver­­sidade de Ludwig-Maxi­­milians comprovaram em trabalho que o risco de um ataque cardíaco em homens foi três vezes maior nos dias de jogos da seleção local.

O motivo de toda a preocupação é o seguinte: "Com a adrenalina de uma boa disputa de futebol, os batimentos do coração aumentam e isso favorece a constrição dos vasos, elevando a pressão arterial e o risco de arritmia e infarto", afirma Ghorayeb.

Receio importante, mas que não pode ser encarado como alarmismo. "Não é uma preocupação para um indivíduo normal, saudável. Mas sim para quem já tem alguma pré-disposição. Estes de­­vem tomar precauções antes dos jogos, para não serem surpreendidos por uma crise", afirma o cardiologista Costantino Costan­­tini.

É o caso do aposentado Osírio Ja­­ques, 68 anos, um acidente vas­­cular cerebral, cinco infartos e a recomendação por parte de sua cardiologista de não assistir aos jogos de futebol. E que, apesar de todas as contraindicações, vai para a frente da telinha nesta tarde.

"Ela (a médica) me pediu para não acompanhar, principalmente, os jogos do Atlético. Isso eu não tenho feito mais. Mas na Copa eu vou assistir normalmente, e se sentir que estou ficando muito emocionado eu paro", declara Jaques, que sofreu o último infarto há 2 anos.

Boa notícia

Como alento para a turma do "haaaaja coração!", o fato de a equipe de Dunga estar, pelo menos até o mo­­mento, longe de empolgar. "Acho que vai ser um jogo mais para dormir do que qualquer ou­­tra coisa", aposta o torcedor. "Até agora essa seleção não causou na­­da. A depressão e a frustração é sem­­pre maior quando a expectativa é grande", conta Ghorayeb.

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