Vira-casacas em Belo Horizonte
Um pedacinho de Belo Horizonte vestirá a camisa vermelha e verde no próximo dia 25, data em que o Brasil se encontra com Portugal na Copa do Mundo da África do Sul. Os vira-casacas em questão atendem pelo sobrenome Alves e são todos parentes do zagueiro Bruno, um dos destaques do time lusitano.
O defensor é filho do brasileiro Washington, ex-zagueiro do Flamengo na década 70, e sobrinho de Geraldo, meia criado no Rubro-Negro na mesma época que morreu aos 22 anos após uma cirurgia para a retirada das amígdalas. Por isso, o vínculo com a capital mineira, onde estão os "traidores da pátria". "Já falei com os meus parentes que moram no Brasil e todos vão torcer por Portugal, vão torcer por mim. O incentivo de todos que estão próximos é muito bom. Isso vai nos ajudar a ganhar os jogos neste Mundial", afirmou Bruno.
De acordo com as indicações recentes de Carlos Queiroz, ele deve formar a dupla de zaga titular com Ricardo Carvalho. "Nossa equipe tem qualidade. Trabalhamos para fazer uma grande Copa", emendou.
Queiroz defende o estilo Dunga
Dunga é tema recorrente para Carlos Queiroz (foto). Ontem, em sua primeira entrevista na África do Sul, o treinador da seleção portuguesa voltou a defender o estilo de jogo adotado pelo Brasil. "Jogar bonito significa ganhar", disse ele, antes de se retirar da sala de imprensa. Antes, durante a entrevista coletiva, havia falado sem muita convicção que o futebol é esporte "de plasticidade".
A relação dos dois é longa. Queiroz foi técnico de Dunga no futebol japonês, durante a passagem do ex-volante pelo Jubilo Iwata. Em 2008, o português presenteou o brasileiro com a camisa da seleção lusa com o nome de Dunga atrás. "Esta situação (de desconfiança) não é anormal nem para mim e nem para o Dunga. Quando há algo a provar nos tornamos mais fortes. Tenho orgulho das decisões que tomei e estou muito confiante nos jogadores que escolhi", disse ele, logo após o anúncio dos 23 convocados para o Mundial, repetindo o discurso usual do amigo.
O treinador confirmou a presença do brasileiro Pepe no amistoso de hoje, às 11h30 (de Brasília), contra Moçambique, o último antes da estreia de Portugal na Copa na próxima terça-feira, contra a Costa do Marfim, em Port Elizabeth.
Os olhos em Portugal estão voltados para Cristiano Ronaldo. É só o jogador pisar no belíssimo gramado da Bekker High School, um dos melhores e mais estruturados centros de treinamento de rúgbi da África do Sul, para um exército de fotógrafos, cinegrafistas e repórteres o acompanhar com lentes e microfones. É como se Nani, Deco, Liédson e os outros 19 convocados não existissem.
Estão todos ansiosos para ouvi-lo falar, mas o departamento de comunicação da Federação Portuguesa prefere preservar o atacante. Ainda mais se o pedido para entrevista vem de um repórter brasileiro. "Impossível", diz o assessor, saindo rapidamente do local.
Eleito pela Fifa o melhor jogador do mundo em 2008, Ronaldo voltou a ser manchete. Os portugueses perceberam "uma certa tristeza" no semblante do atacante do Real Madrid durante o embarque do time para a África do Sul.
Carlos Queiroz, técnico dos lusitanos, tratou de desmentir ontem o boato, em sua primeira entrevista em Magaliesburg, pequena de cidade agrícola a cerca de 70 quilômetros de Johannesburgo o bucólico lugar foi escolhido pelo treinador por causa da segurança e da tranquilidade para se trabalhar. "Ele deve ter perdido um jogo de pingue-pongue", afirmou Queiroz, abusando da ironia. "A linguagem corporal de um jogador não quer dizer nada. Apenas 32 equipes chegaram à Copa do Mundo, e temos de desfrutar de cada momento", emendou ele, conhecido por ser carrancudo nas respostas.
Aconselhado a ficar quieto, Ronaldo tratou de desmentir o boato com gestos. Permaneceu, os 15 minutos nos quais os repórteres tiveram acesso ao treino, próximo ao cercado destinado à imprensa. Sorriu à vontade. Brincou com o brasileiro Liédson, provocou Fábio Coentrão e debochou dos erros do amigo Danny na roda de bobinho. "Só você mesmo Danny", gritou, rindo, depois de o companheiro quebrar a sequência de 18 passes certos. Queria mostrar que tudo estava bem para pôr fim às desconfianças dos conterrâneos.
Os lusos andam ressabiados com a seleção, por isso a marcação cerrada em cima de Cristiano Ronaldo. Querem primeiro se classificar no equilibrado grupo G, mas sonham em bater o time de Dunga e ficar com a liderança da chave fugindo do clássico ibérico com a Espanha nas oitavas de final. "Os espanhóis são favoritos ao título, assim como o Brasil. Vocês têm condição de batê-los, nós não. Bem que poderiam fazer esse favor", pediu o moçambicano Nuno Barata, 30 anos, um fanático torcedor do Porto que já rodou o mundo por causa da paixão pelo futebol. "Vi Boca e Estudiantes em La Bombonera, Universidade de Chile e Colo-Colo em Santiago, Fla x Flu...".
Colocado para falar antes de Queiroz, o zagueiro Bruno Alves imitou Ronaldo na tentativa de acalmar a torcida. "Temos qualidade individual. Estamos concentrados no nosso trabalho e em estudar os adversários. Se não for possível (chegar classificado ao duelo com a seleção brasileira, dia 25, em Durban, faremos de tudo para vencê-los. Sabemos que se trata de uma potência mundial, mas nós também temos um potencial enorme", cravou o defensor.
-
Relatório americano expõe falta de transparência e escala da censura no Brasil
-
“A ditadura está escancarada”: nossos colunistas comentam relatório americano sobre TSE e Moraes
-
Jim Jordan: quem é campeão de luta livre que chamou Moraes para a briga
-
Aos poucos, imprensa alinhada ao regime percebe a fria em que se meteu; assista ao Em Alta
Deixe sua opinião