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O técnico Dunga tenta orientar o time no frio de Johannesburgo: comandante minimizou a má atuação na entrevista coletiva pós-jogo e valorizou o esforço dos norte-coreanos para tirar os espaços da seleção brasileira | Valterci Santos/Gazeta do Povo – enviado especial
O técnico Dunga tenta orientar o time no frio de Johannesburgo: comandante minimizou a má atuação na entrevista coletiva pós-jogo e valorizou o esforço dos norte-coreanos para tirar os espaços da seleção brasileira| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo – enviado especial
  • Veja a ficha técnica do jogo Brasil x Coreia do Norte

A vibração foi com os dois punhos cerrados e o abraço imediato do fiel escudeiro Jorginho. Dunga conseguiu extravasar à beira do campo no Ellis Park só aos 10 mi­­nutos da segunda etapa, com o gol de Maicon. Voltou a explodir aos 27 com a bola na rede de Elano. Mas parou por aí.

Até o Brasil abrir o placar e em quase todo o tempo restante, a tensão estava estampada no rosto do treinador. A cada chegada da Co­­reia do Norte, os olhos do comandante esbugalhavam e transmitiam o temor de uma má estreia na Copa do Mundo.

Receio que acabou não se confirmando. Pelo menos o resultado veio. A vitória por 2 a 1 garante à seleção a liderança do grupo G – Portugal e Costa do Marfim ficaram no 0 a 0. Por outro lado, o triunfo não assegura nenhum indício de que o futebol vá melhorar de agora em diante.

Nem mesmo Dunga, elegante com um sobretudo preto por cima de uma blusa de lã bege, foi capaz de discordar sobre a atuação irregular do Brasil. As dificuldades perante um adversário marcador, mas quase inofensivo, preocupam.

Tomar um gol de um rival assim, então, faz o torcedor ver a pulga atrás da orelha contra o pragmático esquema do capitão do tetra crescer. Há seis partidas, a sólida defesa canarinho não era vazada. Ontem, aos 44 da etapa final, Ji Yun Nam bateu Júlio César.

"Da mesma forma como tomamos um gol, poderíamos ter feito mais. Acontece", justifica o técnico. "Espírito de seleção é isso. Sem­­pre queremos mais e mais. Quan­­do encontramos adversários fe­­chados é difícil, queremos acelerar, erramos passes, tem de ter persistência no passe", reconhece.

A ansiedade da estreia estava estampada na cara sempre amarrada do chefe desde que ele pisou no Ellis Park. Na hora do hino na­­cional, cantou com o mesmo amor à pátria que prega aos jogadores.

No entanto, diante dos norte-coreanos, comprometimento, obe­­­­diência, persistência e união, qualidades que Dunga tanto gosta, foram praticamente tudo o que a equipe apresentou. Pouco para quem briga pelo hexacampeonato mundial e escondeu suas armas com três treinos secretos nos cinco dias que antecederam à partida.

"Se vocês [jornalistas] notaram, a equipe da Coreia do Norte tinha uma movimentação quase perfeita para fechar os espaços", afirma, tentando explicar mais sobre as dificuldades encontradas.

O treinador viu evolução do primeiro para o segundo tempo de seu time. "Acelerar o passe" e "encontrar o mecanismo do jogo" foram as receitas que fizeram os canarinhos serem mais efetivos após o intervalo.

Antes disso, o frio na barriga da rodada inicial e o gelo da temperatura entre 3 e 1 grau pareciam inibir os principais jogadores brasileiros. Falhas que diante de marfinenses e portugueses obrigatoriamente não poderão ser repetidas. "Eles também vão ter de jogar [contra a Coreia]. Não podemos prever o que vai acontecer", pondera Dun­­ga, no fundo, sabendo que seu time precisa jo­­gar mais.

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