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109 decibéis é quanto chega a medição da pressão sonora de uma vuvuzelada, com o aparelho de captação do som a dois metros de distância. O tolerável para o ouvido é 80 decibéis. Pior: a frequência do ruído chega a 4.000 hertz, pelo menos cinco vezes mais do que o recomendável pelos médicos | Maxi Faila/AFP
109 decibéis é quanto chega a medição da pressão sonora de uma vuvuzelada, com o aparelho de captação do som a dois metros de distância. O tolerável para o ouvido é 80 decibéis. Pior: a frequência do ruído chega a 4.000 hertz, pelo menos cinco vezes mais do que o recomendável pelos médicos| Foto: Maxi Faila/AFP
  • Compare o barulho da vuvuzela com outros barulhos

Ainda sem o grande craque ou seleção imbatível, o Mundial da África do Sul até agora entra para a história como a Copa da vuvuzela. À primeira vista, uma inofensiva corneta plástica com cara de brinquedo infantil, mas na prática uma barulhenta tormenta deste Mundial.

Até os defensores "da legitimidade e alegre manifestação cultural dos anfitriões", quando expostos a seu ataque, precisam de poucos minutos para perder a simpatia pelas cornetas e por seus respectivos "operadores".

Se na televisão o barulho lembra um enfurecido enxame de abelhas, para quem torce nas ruas, lares e bares, a vuvuzela aborrece e sempre deixa "um zumbido" no ouvido.

Segundo o médico otorrinolaringologista Rogério Ham­merschi­­midt, o zumbido é o primeiro sintoma de um trauma acústico que pode desaparecer em minutos ou virar permanente, dependendo da predisposição da "vítima".

O médico passa aos torcedores a mesma receita que prescreve a Djs e baladeiros, seus clientes mais frequentes. "Deve-se evitar a exposição a ruídos intensos e intermitentes", alerta.

Para ele, o pior de todos os golpes é aquele dado à traição, bem perto do ouvido do torcedor. "Aque­­la cornetada perto do ouvido, de surpresa, é a mais perigosa. Pode evoluir até para perda de audição se a pessoa tiver pré-disposição", adverte.

Diante da gravidade das possíveis sequelas, a reportagem da Gazeta do Povo foi até o Labora­­tó­­rio de Acústica Ambiental do De­­partamento de Engenharia Me­­cânica da UFPR testar o potencial ofensivo das vuvuzelas.

Distante dois metros de um medidor do nível de pressão sonora de última geração, o repórter alcançou críticos 109 decibéis, o equi­­valente a uma batedeira. (ver gráfico ao lado).

Para o professor Paulo Zannin, coordenador do laboratório, além do nível sonoro superior aos 80 decibéis, limite que o ouvido hu­­mano suporta sem sentir dor, ou­­tro problema é a alta frequência que o instrumento produz.

"Geralmente quando há perda auditiva induzida por ruído ela é causada pelo som de alta frequência", explica (nota do redator: mi­­nha vuvuzelada campeã alcançou os 4.000 Hz, pelo menos cinco ve­­zes mais do que o recomendável pelos médicos).

Além dos limites da urbanidade, o som da corneta reiterada po­­de dar causa a um boletim de ocorrência por perturbação de sossego na Policia Civil. Ou ainda uma denúncia por crime ambiental de poluição sonora. Algo que ainda não aconteceu segundo Evandro Pi­­nheiro, fiscal da Secretaria Esta­­dual do Meio Ambiente. Pinheiro, que adora futebol, espera que a moda passe rápido. "O barulho é chato e desconcentra o torcedor. Tomara que não venha para os nossos estádios".

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