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Sou francesa, falo inglês e português e aceitei o desafio de buscar informações sobre como assistir ao jogo entre Atlético e Corinthians, o primeiro teste da Arena da Baixada para a Copa do Mundo. Usei apenas a minha língua, o francês, para testar a hospitalidade e antecipar eventuais dificuldades dos turistas durante o evento da Fifa em Curitiba.

Na minha investida, queria somente ajuda para comprar ingresso e entrar no estádio. Comecei a perguntar para policiais, alguns falavam um inglês ‘mais ou menos’. Conseguiram compreender o que eu queria e me indicaram a entrada principal da Arena. O único problema foi que um me indicou a entrada errada.

Fui à frente do portão principal, consegui rapidamente falar com um voluntário – também em inglês. Em geral, garanto facilidade para quem fala inglês, mesmo o básico. Turista vai conseguir as informações que quiser se possuir um conhecimento mínimo da língua. Muita gente tentou me ajudar com palavras-chaves.

Diante dessa constatação, decidi fingir que não sabia nem sequer o verbo to be. Puxei papo com bombeiros. Um deles desceu do caminhão e tentou durante mais de 10 minutos me entender. Não conseguiu. Atencioso, ligou até para a irmã que tinha feito um curso de francês. Batalhou para me ajudar. "Como se fala em francês a palavra ingresso?", perguntou ele à irmã. Ele saiu do seu posto para me levar para o local adequado e perguntou para os voluntários: "Alguém fala francês?". E seguiu: "Ela é francesa e tem ingresso, eu acho, só que não sabe como entrar", disse. Ele não tinha entendido nada, afinal, eu não tinha ingresso, queria comprar.

Muita gente chegou me cercando e tentou me ajudar... Em inglês. Torcedores pararam para tentar, seguranças também. Mas nada em francês, o que eu precisava no meu teste. Depois de 15 minutos chegaram duas meninas voluntárias que tinham estudado na França. Em dois minutos, tudo o que os outros tentaram fazer em meia hora, elas me explicaram.

Acho que Curitiba ainda tem de trabalhar sobre a organização dos voluntários. Demorou muito para as pessoas que me ajudaram encontrarem alguém capacitado para me auxiliar. Porém, ficou uma imagem positiva. O pessoal fez tudo para me ajudar. O bombeiro até quis chamar um táxi dizendo que era perigoso eu ficar sozinha na rua.

Uma pessoa até flertou comigo. Falou: ‘Se ela quiser informação, eu posso ajudar’, ou algo assim, não entendi direito. As voluntárias até riram, eu também.

A força de vontade ficou clara em todos. A comunicação precisa ser melhorada para receber os turistas. Para resumir, fiquei feliz com a maneira como fui tratada. Dou nota oito. Vi que fariam de tudo para me ajudar. Muito simpáticos. Agradeço a todos.

Tatiana Marotta, 23 anos, estudante francesa de jornalismo na Université des Lumières, Lyon, faz intercâmbio na Universidade Federal do Paraná e estágio na Gazeta do Povo.

Depoimento ao repórter Fernando Rudnick

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