Sobre madeixas e malvadezas: as histórias da primeira rodada da Copa

O Velho faz um passeio pelos 6 dias de Mundial até aqui e conta o que viu de mais fino no torneio

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Pois bem, companheiros de copo e de luta, camaradas do prélio, entusiastas da folia. Larguem a bebida, desçam dos alambrados e acalmem a loucura: a primeira volta da Copa do Mundo já foi e é preciso sossegar e ver o que houve de mais abrasivo e cruel na terra de Putin.

O Velho faz aqui um balanço daquilo que foi estridente, para o bem e para o mal, nesse torneiozinho mixuruca que não tem nem segundo turno, como teria dito Garrincha de vencer a taça de 1958.

Ora pois, vamos pôr ordem nessa coisa. Vou separar tudo por miúdos capítulos, num bate-bola ligeiro e febril. Assim, você não perde nenhum lance da segunda rodada enquanto lê esse texto – não quero eu carregar essa culpa.

 

A Copa tecnológica

Ainda estamos aprendendo a viver com a ajuda da televisão nas decisões mais difíceis do jogo. Mas já pra concluir algumas coisas. Primeiro, que o vídeo ajuda, mas não afasta a polêmica. Vide o jogo Canarinho, com o empurrão no Miranda. Segundo, já estamos entendendo que esse mise-en-cène todo está nos custando caro: com ele em cena, não temos mais o grito de gol estourando assim que as redes balançam. É preciso parar, esperar os apitadores todos revisarem o lance para, só então, explodirmos em êxtase. O VAR é bom, é justo, mas é o anticlímax da celebração.

 

Fogo amigo

Jogamos só 26,5% do torneio e já estamos há um só gol de igualar o recorde lúgubre de mais gols contra numa única edição, que pertence à Copa do Mundo de 1998: foram 6 gols lá contra os 5 de agora.

Destes marcados na Rússia, nenhum foi mais triste e curioso do que o anotado por Bouhaddouz, do Marrocos. O cidadão fez tudo direitinho: mergulhou num peixinho incrível, fez o movimento com a cabeça e, como se estivesse em plena consciência, projetou a bola contra o próprio gol no apagar das luzes. Ficou quedado na grama, escondendo o rosto. Uma das cenas da Copa até aqui.

 

Dois debutes

Das 32 Seleções, 30 já haviam experimentado as canchas de uma Copa. Mas Islândia e Panamá, 300 mil e 3.5 milhões de habitantes, respectivamente, a Rússia é o batismo no campeonato. E batismo, como a gente sabe, é coisa séria. Vale ver a comoção dos panamenhos no hino nacional tocado pela primeira vez. E vale também pensar em como foi a estreia dos islandeses quando 99,6% da população parou para ver o primeiro jogo do escrete.

 

A malvadeza

O futebol é uma maquininha de triturar corações. O do Dzagoev foi para o torno logo aos 21 minutos de Copa do Mundo quando o músculo da coxa expirou. Ele não só saiu do jogo e deixou a competição como, para completar o desalento, ainda viu o seu substituto, Cheryshev, virar herói nacional com dois golaços na estreia contra a Arábia Saudita. Contei aqui essa dura história.

 

O personagem central

Eu apelava aqui, neste blogue da Gazeta do Povo, que os três maiores craques da atualidade usassem a Copa do Mundo para tatuar definitivamente seus nomes na história: não adianta brilhar no Espanholão e definhar aqui, no palco nobre do mundo. Pois Cristiano Ronaldo foi imenso. Exército de um homem só. Carregou todo o escrete português nos ombros e levou os gajos a um empate heróico contra uma seleção de conjunto fortíssimo. O time português deu, ao todo, três chutes a gol. Todos de Cristiano. E todos dentro do quadrado. Uma atuação definitiva, dessas que viram fábula.

 

O gol

Não foram poucos os golaços até aqui. O chute febril de Coutinho, a rosca do espanhol Nacho, o chicote de Mertens. Mas nenhum deles foi mais plástico do que a trivela do russo Cheryshev logo no jogo inaugural. Um gol em câmera lenta, uma bola sem qualquer peso. Se aumentar bem o volume da televisão, dizem que dá até pra ouvir a bola pedindo desculpa pro goleirão por ser tão bonita, por entrar assim, sem avisar.

 

O paladino

Ergam uma estátua para Hannes Halldórsson em Reiquiavique. O homem patrocinou aquela que é, até aqui, a cena mais inverossímil da Copa do Mundo. Provocou o furor na Islândia, colocou fogo no Brasil e fez levantar meio mundo. Inverteu os polos e foi herói diante do maior dos jogadores de hoje. Pode ser que a Argentina se levante, recobre os pontos perdidos, se classifique; e que a Islândia fracasse, morra ainda na primeira fase. Nada disso vai mudar a cena fatal: o goleiro semi-amador, cineasta, guardando um tiro livre de Messi dentro das luvas.

 

As madeixas do Neymar

“Se o juiz chama mais atenção que o jogo, tem coisa errada; mas se o cabelo do jogador chama mais atenção do que ele, aí tem algo de absurdo.” Ouvi essa frase dias desses, no balcão de um bar enquanto alternava entre um café e um rolmops. Ora, o falante disse tudo. Nada de muito errado com os cabelos, mas é mais ajuizado manter o foco no que realmente interessa quando se joga o torneio mais importante do mundo.

Veja, nessa Copa até que não estamos expostos a tantos absurdos assim – sem Vidal, do Chile, as perucas perderam muita força –, mas um ou outro boleiro ainda insiste num barbeiro mais afoito que o do Trump, como foi o caso do Neymar.

 

O terremoto

Não é só futebol, diz o clichê.  Às vezes, é até um abalo sísmico. Com o gol do México contra a Alemanha foi assim. O Instituto de Investigações Geológicas e Atmosféricas A.C. anunciou que os pulos massivos de boa parte dos quase 130 milhões de mexicanos causaram uma espécie de terremoto artificial no país. É o que acontece quando um time comum bate o atual campeão da Copa do Mundo e dono da marca mais expressiva do futebol atual.

 

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