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Futebol brasileiro está paralisado por causa de coronavírus
Futebol brasileiro está paralisado por causa de coronavírus| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

A pandemia do coronavírus paralisou o esporte mundial. No futebol, da Liga dos Campeões ao Campeonato Paranaense, do Real Madrid, na capital espanhola, ao PSTC, em Cornélio Procópio, as equipes suspenderam atividades por tempo indeterminado.

No Brasil, a quarentena durará pelo menos 30 dias. Cenário que traz impactos financeiros drásticos: contratos de TV, patrocinadores, programas de sócios-torcedores, vínculos de atletas, bilheteria e premiações ficam sob suspense enquanto a bola não volta a rolar.

Segundo especialistas, neste momento, os abalos no futebol brasileiro ainda são imensuráveis. E o panorama é de absoluta imprevisibilidade.

“Nem atentados terroristas foram tão impactantes para o desenvolvimento do esporte como o coronavírus”, opina o consultor de marketing esportivo, Erich Betting.

“Como ficar dois meses sem receitas, mas com as mesmas despesas?”, reforça.

O Rio Branco, de Paranaguá, é exemplo de como os clubes menores inevitavelmente sofrerão sem a receita de bilheteria e a problemática dos contratos curtos, geralmente até o fim dos Estaduais. A equipe dispensou o técnico Tcheco e a maior parte do elenco profissional enquanto o Paranaense não retorna.

Nos clubes maiores, com salários elevados e estruturas mais caras, a paralisação afeta programas de sócio-torcedor e até mesmo futuras negociações de cotas de TV e patrocinadores.

“O patrocinador está pagando uma conta, pensando que tudo vai funcionar. Neste momento, ele não pode refazer o acordo já assinado. Mas, lá na frente, pode repensar o tamanho do investimento”, argumenta o também especialista do setor, Amir Somoggi.

“Sem a ida ao estádio, o modelo de negócio deixa de existir. Para piorar, você tem um cenário nos clubes grandes de salários em alta, cuja conta se paga justamente com estádio, cotas de TV, patrocínio”, explica.

Calendário esportivo

A solução para o calendário ainda está sendo discutida. Os Estaduais serão encurtados e o Brasileirão começará na data programada? Será mantido o sistema de pontos corridos? Haverá uma Série A com menos datas e a volta do mata-mata? Alinhamento ao calendário europeu?

“Acredito que o Brasileirão não mude datas, a tendência é espremer os estaduais”, opina Betting. “Há 17 anos, com os pontos corridos, os clubes deixaram de ter essa imprevisilidade, com garantia de jogos e receitas até novembro”, continua.

Já para Somoggi, a paralisação de diversos campeonatos, tanto de clubes, como seleções, pode gerar um efeito cascata. “Paulistão, Brasileirão, Copa América, Eurocopa, Jogos Olímpicos. Cada mudança impacta em novas mudanças. Todo o calendário esportivo é afetado. Vai além da questão econômica”, reforça.

Relação clube/torcedor

“Neste momento ninguém está preparado. Nem o Barcelona”, explica Somoggi. Entretanto, tanto ele, como Betting, concordam que a paralisação é momento dos clubes repensarem estratégias e buscarem soluções. Assim como uma oportunidade para reforçarem os laços com seus torcedores.

“Se sou sócio de um clube e, nele, além da mensalidade, pago ginástica, academia, escolinha dos meus filhos, o pensamento é de cancelar este custo”, exemplifica Betting. “É neste momento que entra também a conscientização do torcedor de que todos devem ajudar”, complementa.

O Coritiba, por exemplo, já estuda alternativas para compensar seus 25 mil associados no período sem jogos. Já Somoggi cita o exemplo do Athletico, que recentemente lançou um serviço de streaming com conteúdos exclusivos para sócios, com iniciativa positiva.

“O caso do Athletico é único. Em um momento em que as pessoas estão enclausuradas, ele pode até gerar receita e estreitar a relação com o torcedor”, explica. “Você pode gerar receita na crise. É o que o clube fez, lançou o serviço na hora certa. Mas o Athletico é exceção”, finaliza.

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