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Marcos Malucelli, presidente do Atlético: “Quero ficar marcado como o presidente que não endividou o clube” | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Marcos Malucelli, presidente do Atlético: “Quero ficar marcado como o presidente que não endividou o clube”| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Apelo

Políticos pediram "por favor" à CBF para evitar exclusão

O temor de exclusão da Copa do Mundo por parte da comitiva paranaense não é novo. A falta de soluções eficazes para financiar a reformulação e conclusão da Arena já havia levado os representantes do estado a pedir paciência ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, no fim da Copa do Mundo, em julho.

"Já na África do Sul, quando o Morumbi foi excluído, fomos até ele [Ricardo Teixeira] e pedimos por favor para não tomar nenhuma medida contra a Arena, porque estávamos atrás da solução. Pedimos um pouco de paciência", contou o secretário especial para a Copa do Mundo 2014, Algaci Túlio.

Como os problemas com relação ao financiamento do estádio atleticano continuaram, e o desinteresse do clube ficou ainda mais evidente, a reunião de quarta-feira acabou servindo como um novo pedido de confiança. Teixeira teria sido complacente, mas logo depois a CBF se posicionou oficialmente dando um ultimato ao estado.

"Terminou a Copa e não solucionamos o problema. Então fomos lá [na CBF] ontem [quarta-feira] e pedimos: ‘Por favor mais uma vez, nos segure, não mande nenhum documento de que a Arena está fora porque estamos tentando achar a solução. E ele garantiu que está tendo a maior paciência pelo trabalho da prefeitura e do governo’", completou Túlio.

Ontem, no entanto, fontes na CBF mantinham o posicionamento de que Curitiba deve apresentar uma solução imediata ou será cortada. A decisão radical só não teria sido tomada ainda pois a solução paranaense é considerada mais fácil e rápida do que a paulista. A entidade também não descartaria a construção de uma nova arena em um local que não seria o do Pinheirão. Contudo, a realização da Copa da Confederações na cidade já estaria comprometida.

Contra o tempo

O prazo de Curitiba está se esgotando. Mesmo ainda sem existir uma iniciativa concreta de plano B, o presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, foi avisado de que caso a Arena não vingue, outra solução será apresentada.

A pressa para definir o impasse não ocorre apenas pelo alerta dado por Teixeira. Como é ano eleitoral, por exigência da Caixa Econômica Federal o governo paranaense tem até o dia 2 de setembro para assinar os financiamentos de obras que serão realizadas pela cidade.

O dinheiro virá do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado para a Copa. Mas, para boa parte das melhorias, é preciso saber com exatidão onde será a praça esportiva que será utilizada.

O comitê paranaense para a Copa de 2014 repassará o ultimato que recebeu da CBF ao Atlético. Ou o clube se posiciona, participa e aceita efetivamente uma nova proposta para viabilizar financeiramente o término da Arena da Baixada ou está fora do Mundial.Duas reuniões, uma hoje e ou­­tra na segunda-feira, definirão se as autoridades precisarão partir pa­­ra um plano B. O primeiro en­­contro servirá para o governador Orlando Pessuti e o prefeito Lu­­ciano Ducci chegarem a uma nova fórmula para conseguir a verba ne­­cessária para o término da Arena. O segundo, para saber se o Rubro-Negro aceitará a proposta.

A alternativa que deverá ser apresentada ao presidente atleticano Marcos Malucelli pelo poder público ainda não está definida. A mais provável é a utilização do Fundo de Desen­­volvimento Eco­­nô­mico (FDE) do estado.

A verba estatal seria emprestada ao Atlético. Como garantia de pagamento, o clube daria títulos de potencial construtivo no mesmo valor. Esses, por sua vez, seriam cedidos pela prefeitura. A operação complexa ne­­cessitaria aprovação da As­­sembleia Legislativa e Câ­­mara dos Vereadores.

Nos mesmos moldes, na quarta-feira, esse tipo de garantia foi ne­­­­gado pelo BNDES. O banco es­­ta­­tal afirmou que só financiaria os 2/3 das reformas (o restante o Fu­­­­racão aceita pagar) se uma cons­­trutora topasse emprestar o dinheiro e empenhasse seus próprios bens.

"Tem de levar uma proposta de forma mais conclusiva [ao Atlé­­tico]. E daí, se não der, tem de discutir um outro plano [leia-se novo estádio]", avisa Luciano Ducci."O FDE é uma das principais opções que estão sendo discutidas. E usa o potencial construtivo. Essa é uma saída boa, uma das principais", completa.

O eco foi ainda mais forte no governo estadual. "Vamos sentar com o Atlético e procurar uma solução definitiva. Quer, quer. Não quer, vamos para outra alternativa", alerta Algaci Túlio, secretário especial para a Copa.

Um dos motivos da irritação é que – de acordo com o poder público – em nenhum momento a diretoria da Baixada afirmou de forma clara que realmente aceitaria os títulos do potencial como con­­trapartida para tomar os em­­préstimos. Mesmo antes da negativa do BNDES. E o discurso de Ma­­lu­­celli não deve mudar.

"Que venha essa reunião e va­­mos aguardar o que eles [comitê da Copa] têm para nos dizer", afirma o dirigente, alegando não ter sido avisado oficialmente de nada dos últimos acontecimentos referentes ao Mundial. "Quero ficar marcado como o presidente que não endividou o clube", reitera.

Apesar da pressão, as autoridades garantem que vão esgotar to­­das as tratativas para manter o es­­tádio atleticano no torneio da Fifa. Qualquer nova praça esportiva custará bem mais caro do que os cerca de R$ 150 mi­­lhões necessários na adequação da casa ru­­bro-negra.

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